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Publicado em: 24/11/2005
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Pesquisa feita em Cabo Frio ajuda a entender o clima do Sudeste

Vinícius Zepeda

Equipe no navio oceanográficoUm dos destinos preferidos dos veranistas fluminenses, a região de Cabo Frio, com seu clima ensolarado, suas dunas de areia, ventos constantes e água fria – esta, aliás, a razão de seu nome – também atrai freqüentadores que não buscam apenas lazer e diversão naquele balneário. Este é o caso de Ana Luiza Spadano Albuquerque. Nos últimos anos, a bióloga tem se dedicado ao estudo de temas relacionados às mudanças climáticas e visitado a região com freqüência.

 

Professora do Departamento de Geoquímica da UFF (Universidade Federal Fluminense), Ana Luiza coordena uma pesquisa que pode ajudar a esclarecer, ao menos em parte, as indagações de pesquisadores e especialistas sobre as variações climáticas que afetam a região Sudeste do país. O projeto Paleoceanografia da Região de Cabo Frio (RJ): intensidade da ressurgência durante os últimos 10 mil anos (Holoceno) e suas implicações climáticas foi contemplado no edital Primeiros Projetos da FAPERJ.


De acordo com Ana Luiza, a variação do clima no Brasil pode ser explicada por processos relacionados ao Oceano Atlântico. Ela explica que a região de Cabo Frio é marcada pelo fenômeno da ressurgência – processo oceanográfico de afloramento de águas frias oriundas das Correntes das Malvinas, e que é, em grande parte, controlado pela intensidade e direção dos ventos na região. Além da água fria, essas correntes seriam também responsáveis por mudanças importantes no que toca, por exemplo, a presença de nutrientes e a produtividade marinha nessa faixa do litoral brasileiro.

 

O estudo mostra que a ressurgência tem uma característica sazonal, ocorrendo com regularidade entre setembro e março. “Nesse período, os ventos alíseos do Nordeste provocam o deslocamento das águas superficiais da Corrente do Brasil (quente e pobre em nutrientes) para longe da costa, fazendo emergir as Águas Centrais do Atlântico Sul – ACAS (águas frias e ricas em nutrientes)”, explica a pesquisadora. “Já de abril a agosto, ocorre o inverso: com o aumento da freqüência de frentes-frias, os ventos mudam para a direção Sudoeste, mantendo a água quente e pobre de nutrientes próximas à costa – impedindo que ocorra o fenômeno”, resume. Segundo Albuquerque, o estudo desse fenômeno deve ajudar a entender melhor as variações climáticas tanto no litoral como no interior das terras na região Sudeste.


O projeto Paleoceanografia da Região de Cabo Frio é parte de um trabalho mais amplo que vem sendo desenvolvido pelo grupo de pesquisa em Paleoambiente e Mudanças Climáticas do Programa de Pós-Graduação em Geoquímica da UFF. Em 2002, testemunhos de sedimentos foram obtidos na região da plataforma continental de Cabo Frio com apoio do navio oceanográfico AstroGaropa (Petrobrás). As amostras dos sedimentos recolhidos indicaram que a região apresenta uma rica produtividade primária, e uma marcada variabilidade da ressurgência ao longo dos últimos 10 mil anos.

 

De uma maneira geral, a circulação atmosférica na região é influenciada pelo Anticiclone Tropical Marítimo do Atlântico Sul (ASMAS) – responsável pelo surgimento dos ventos que sopram de Nordeste e pelos Sistemas Frontais – que criam as frentes-frias. “Os dois fenômenos, somados, controlam, além da ressurgência, também a produtividade primária na região. Isto porque, dependendo das correntes marítimas, há o transporte ou não de nutrientes essenciais para a fotossíntese das algas marinhas”, diz a bióloga.

Ao longo dos próximos meses, Ana Luiza espera encontrar novas pistas para responder a algumas das perguntas para as quais seu grupo de pesquisa ainda não tem resposta. “Esperamos relacionar os resultados obtidos com a reconstituição da variabilidade da ressurgência de Cabo Frio, com fenômenos climáticos de grande importância para o país e o mundo, como, por exemplo, a freqüência e variabilidade dos eventos relacionados ao El Niño”. O estudo da pesquisadora, que obteve o título de doutor na UFF, deve certamente contribuir para o avanço de pesquisas feitas por outros cientistas sobre as mudanças climáticas recentes registradas no país – e que incluem, entre outros, o registro do primeiro furacão brasileiro, o Catarina, em março de 2004.
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