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Publicado em: 18/11/2021
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Estudo identifica coinfecção de Sars-CoV-2 e o vírus da herpes

Claudia Jurberg

A coinfecção por SARS-CoV-2 e Herpes Simples Vírus 1 já
havia sido descrita na literatura mundial. O estudo brasileiro
mostra a produção de partículas infecciosas do vírus em uma
infecção ativa, diferenciando-a da infecção latente 

Um grupo de pesquisadores da UFRJ, da UFMG, do Hospital dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro, do Laboratório Nacional de Computação Científica, em Petrópolis, e do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto (IPESQ), de Campina Grande, identificou e caracterizou uma coinfeção de SARS-CoV-2 e Alfaherpesvírus Humano 1, conhecido anteriormente como vírus da herpes simplex 1, e que se transformou em um caso fatal.

Segundo os autores do estudo, embora não seja possível estabelecer a relação causal entre a coinfecção e a gravidade do caso clínico, o trabalho tem sua importância como alerta para estudos futuros focados na interação entre a coinfecção entre o SARSCoV-2 e o Alfaherpesvírus Humano 1.

A paciente tinha 62 anos de idade e estava internada no Hospital Federal dos Servidores do Estado no Rio de Janeiro. Segundo uma das autoras, a pesquisadora da UFRJ, Luiza Higa, não se sabe ao certo quanto tempo a paciente tinha herpes (ativa ou latente), mas havia histórico de estomatite herpética. Uma questão importante é que a paciente também possuía outras comorbidades: diabetes, hipertensão e doença renal crônica.

Para chegar à conclusão da coinfecção foram realizados vários testes, explicou Higa. Segundo ela, os cientistas utilizaram um ensaio clássico na virologia, chamado ensaio de placas de lise, que detecta e quantifica partículas virais infecciosas. Nesse ensaio, observaram dois perfis diferentes de placas de lise, sugerindo que poderiam ser dois vírus diferentes ou duas variantes de um mesmo vírus. Para identificar se de fato eram espécies virais diferentes, o grupo utilizou uma abordagem de ponta chamada metagenômica viral ou viroma. Pelas análises do viroma, identificaram que a outra espécie de vírus presente além do SARS-CoV-2 era o Herpes Simples Vírus 1 (HSV-1). E por meio do ensaio de placas de lise, concluíram que a infecção era produtiva (ativa) e não latente.

Luiza Higa: para pesquisadora da UFRJ,
diferencial do trabalho foi a combinação de
técnicas clássicas e de ponta na pesquisa

Higa afirma que, embora a coinfecção por SARS-CoV-2 e Herpes Simples Vírus 1 já tenha sido descrita na literatura mundial, o trabalho brasileiro mostra a produção de partículas infecciosas do vírus em uma infecção ativa, diferenciando-a da infecção latente. Ela esclarece que a infecção latente de vírus da herpes não resulta em doença. Um outro diferencial do trabalho, segundo Higa, é a combinação de técnicas clássicas e de ponta, o que foi possível graças a uma equipe multidisciplinar de pesquisadores de importantes instituições nacionais.

Higa acredita que é possível que quadros graves de covid-19, que tem um quadro inflamatório importante, podem levar a reativação de uma infecção latente de herpes. Esta hipótese ainda precisa ser avaliada em estudos futuros. Ela ressalta que o relato científico do caso da paciente é importante, mas é necessário ainda avaliar um grande número de casos de covid-19 e o vírus da herpes, pois não foi possível distinguir quais os efeitos de cada infecção. A paciente tinha manifestações neurológicas, que tanto podem ter sido causadas pelo SARS-CoV-2 quanto pelo HSV-1.

Segundo estudos de soroprevalência, a prevalência do HSV-1 no Brasil é de 67,2%. A pesquisa acaba de sair publicada na revista científica Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, periódico tradicional da Fiocruz, e recebeu apoio de várias agências de fomento como CNPq, Capes, FAPERJ e Instituto Serrapilheira.

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