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Publicado em: 24/09/2020
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Entrevista: Maria Isabel de Castro

Paul Jürgens

Experiência acadêmica e conhecimento da gestão pública: para Maria
Isabel, a continuidade do processo de recuperação da capacidade de
investimento da FAPERJ é essencial para a sociedade fluminense, o que
já foi 
constatado durante a pandemia, com o financiamento de pesquisas
importantes relacionadas ao novo coronavírus (Foto: Gabriel Lobo) 

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação tem, desde a semana passada, um quadro técnico à frente da pasta, o que não ocorria após um longo intervalo de tempo. Convidada pelo governador em exercício Claudio Castro a assumir a pasta, a professora Maria Isabel de Castro de Souza, no entanto, não é uma estranha à gestão pública. Com duas passagens prévias pela Secretaria que agora comanda, ela já havia ocupado, em períodos distintos, as funções de subsecretária de Ciência e Tecnologia e, mais recentemente, de subsecretária de Ensino Superior, Pesquisa e Inovação. Mas sua experiência em cargos da administração pública estadual não para aí. De 2017 até o momento, esteve na direção de dois importantes órgãos ligados à Secretaria que agora dirige: primeiro, na FAPERJ, onde foi a primeira mulher a ocupar o cargo; em seguida, na presidência do Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro (Cecierj). Professora Titular na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Maria Isabel foi, naquela instituição, diretora da Faculdade de Odontologia e do Departamento de Bolsas e Estágios (Cetreina). Em entrevista ao Boletim FAPERJ, ela diz que não teme as dificuldades em assumir o cargo em meio à pandemia: “São os desafios que movem o gestor público, em busca da resolução de problemas para o benefício da sociedade”. Sobre a importância do fomento à pesquisa, Maria Isabel acredita que o diálogo democrático com os poderes, demonstrando tecnicamente as demandas e impactos das ações do sistema de Ciência e Tecnologia no estado, deve pautar as ações visando à obtenção de recursos para o financiamento de estudos nas instituições de ensino e pesquisa sediadas em território fluminense.“Estamos atentos a projetos inovadores que fomentem e incentivem a parceria entre empresas privadas e órgãos públicos, e iremos buscar investimentos para financiar pesquisas de excelência”, acrescenta.

Boletim FAPERJ – Governo em regime de recuperação fiscal, pandemia, isolamento social, atividades acadêmicas suspensas na maioria das universidades e instituições de pesquisa. O momento parece particularmente desafiador para quem aceita um cargo na administração pública...

Maria Isabel de Castro de Souza – A insegurança que vivemos neste momento de pandemia faz parte do mundo e não é exclusividade do estado do Rio de Janeiro. Assim como para o pesquisador na ciência, são os desafios que movem o gestor público: a busca da resolução de problemas para o benefício da sociedade. Espero, à frente desta pasta, encarar os desafios de trabalhar conforme as diversidades, adversidades e singularidades, buscando, sempre que possível, a igualdade e a harmonia entre as nossas vinculadas,Faperj, Uerj, Uenf, Uezo, Cecierj, Ceperj, Faetec, e as ações governamentais, afinal, somos um só estado. Nossa equipe está empenhada em alavancar o processo de retomada de crescimento e obtenção de recursos para o Rio de Janeiro.

A confiança da população na ciência no País sofreu uma ligeira queda em 2019, mas voltou a crescer de forma consistente após a chegada do novo coronavírus. O momento parece oportuno para mobilizar agentes públicos e privados em prol da C,T&I. Mas como atrair investimentos para o setor num cenário de forte desaceleração econômica provocada pela pandemia?

Com este cenário de pandemia a ciência tornou-se o centro das atenções. As palavras ciência e pesquisa nunca foram mencionadas tantas vezes e isso é algo muito positivo para um tema que parecia abstrato. A ciência recuperou o seu papel nobre e relevante, mas ainda é necessário mais incentivo. O processo científico nem sempre é compreendido e precisa de permanente cuidado, pois não existe milagre! A missão dos cientistas é desenvolver mecanismos em todas as áreas do conhecimento que impactem no desenvolvimento econômico e social do Estado.

Com passagens pela Secretaria de Estado de C,T&I, onde a senhora foi subsecretária em mais de uma ocasião, e ainda pela direção do Cecierj e pela presidência da FAPERJ, a Sra. já teve a oportunidade conhecer “por dentro” a estrutura de fomento à C,T&I do governo do estado. Na sua avaliação, o que pode ser feito no curto prazo para fomentar as atividades dos órgãos vinculados à Secretaria, como a FAPERJ, e como garantir que a ciência fluminense continue a ter papel de destaque no Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia?

O diálogo democrático com os poderes, demonstrando tecnicamente as demandas e impactos das ações de todo o sistema de pesquisa do estado, é algo necessário e que deve pautar todas as nossas ações nesse momento. Além disso, a interlocução com outros agentes financiadores estaduais como a AgeRio ou federais, como CNPq, Capes, Finep e BNDES, são cruciais para incrementar o financiamento das pesquisas. Estamos atentos a projetos inovadores que fomentem e que incentivem a parceria entre empresas privadas e órgãos públicos. Precisamos e iremos buscar investimentos para financiar pesquisas de excelência, cujos temas sejam relevantes e que estejam de acordo com a nossa realidade, por exemplo, áreas que vão desde a nanotecnologia, passando por pesquisas tecnológicas e humanas. É importante destacar que além do pesquisador receber uma bolsa, ele também precisa receber recursos para fazer os experimentos de ponta e buscar soluções. Não adianta ter ideias excelentes e não ter como executá-las. Então estamos focados em buscar investimentos.

A crise fiscal por que passou o estado em anos recentes também atingiu a FAPERJ, que se viu obrigada a interromper o fomento a diversos estudos importantes em instituições de ensino e pesquisa entre 2015 e 2018. A partir de 2019, a Fundação começou a recuperar sua capacidade de investimento, lançando novos editais e destinando recursos para projetos que haviam sido interrompidos. Na sua opinião, em que extensão a pandemia pode afetar novamente a capacidade de investimento da Fundação?

Indiscutivelmente, o enfrentamento da Covid-19 é uma ação prioritária, não somente para o Governo, mas para o mundo inteiro. O que se percebe é que, por meio da FAPERJ, grandes projetos que sinalizam alternativas para combater a doença foram financiados, fortalecendo ainda mais o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação. Logo, a participação e direcionamento de recursos da Fundação é essencial neste momento. Entretanto, levando em conta que esse período de pandemia pode se estender, sabemos que a economia já foi fortemente afetada e pode ser ainda mais, de modo a trazer dificuldades para investimentos em diferentes instituições, como a FAPERJ. De todo modo, buscarei constantemente o diálogo com diferentes entes para que a Fundação siga em uma recuperação crescente, afinal, sua importância para a sociedade fluminense já foi mais do que constatada durante a pandemia.

A senhora foi a primeira mulher convidada a ocupar o cargo não só de secretária estadual de C,T&I, mas também de presidente da FAPERJ. Pesquisas de opinião têm mostrado que governos de países liderados por mulheres têm se saído melhor no combate à pandemia. Como é atuar na gestão pública em cargo de liderança em um meio ainda predominantemente masculino?

Para mim, é inspirador. Como mulher em uma posição de liderança, sinto que outras mulheres podem se sentir estimuladas a trilhar um caminho semelhante. Quando estamos neste tipo de posição, trazemos o olhar peculiar feminino à tomada de decisões. Tenho orgulho do meu trabalho e de todas as conquistas durante a minha trajetória, que são fruto de muita dedicação, comprometimento e busca contínua pelo conhecimento.

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