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Publicado em: 13/02/2020 | Atualizado em: 17/02/2020
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Pesquisadora da UFF é a primeira mulher e brasileira a receber prêmio da IETS

Paula Guatimosim

Joanna recebeu o prêmio das mãos do pesquisador
da Embrapa João Henrique Moreira Viana, único
brasileiro a integrar a IETS Foundation (
Foto:IETS)

Por sua relevante contribuição ao estudo na área de reprodução animal, a pesquisadora Joanna Souza-Fabjan, da Universidade Federal Fluminense (UFF), venceu uma competição mundial promovida pela International Embryo Technology Society (IETS) na categoria “jovens pesquisadores”. Foi a primeira vez que o Early Career Achievement Award foi concedido pela IETS Foundation a uma mulher e a um representante do Brasil. A Sociedade Internacional de Tecnologia de Embriões é uma entidade referência na área da Reprodução Animal e reúne professores, pesquisadores e profissionais do campo. É em seu congresso anual, realizado sempre no mês de janeiro, este ano sediado em Nova Iorque, que a entidade premia um jovem cientista e um de profissional de campo. Joanna recebe apoio da FAPERJ para a realização de suas pesquisas, tendo sido contemplada no programa Jovem Cientista do Nosso Estado.

Ainda sob o impacto da inédita conquista para uma pesquisadora brasileira, Joanna explica que alguns meses antes do Congresso há uma janela de tempo para as indicações dos concorrentes, que deve ser feita por um membro da IETS, além de mais duas cartas de suporte de outros pesquisadores e o currículo do candidato ao prêmio. Apesar dessas exigências, a IETS estabelece que o critério mais importante da seleção é o pesquisador demonstrar que já possui independência científica, mesmo com menos de dez anos da defesa de seu doutorado, uma exigência do concurso. Para a comissão julgadora o que mais importa é o candidato já ter dado seu “voo solo”, ou seja, ter diversas publicações como autor principal, orientar em programas de pós-graduação, liderar pesquisas etc. Além da palestra durante o Congresso da IETS, Joanna ganhou dois anos de associação gratuita na instituição, além das passagens de ida e volta e hospedagem durante sua permanência em Nova Iorque.

Durante a premiação, a pesquisadora foi convidada a palestrar por 30 minutos sobre sua trajetória profissional, traçando um histórico de sua vida acadêmica, um memorial. Graduada em Medicina Veterinária pela Universidade do Grande Rio (Unigranrio), em 2007, Joanna pós-graduou-se em Produção e Reprodução em Caprinos e Ovinos pelo Centro Universitário Octávio Basto (Unifeob), em São João da Boa Vista (SP). Mestre em Zootecnia, com ênfase em Reprodução Animal, na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em 2010, ela obteve o título de doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias na Universidade Estadual do Ceará (Uece), em cotutela no Instituto Nacional de Pesquisa Agrícola (Inra), entidade francesa de caráter científico e tecnológico, localizado em Nouzilly, no Vale do Loire. Em seguida, fez pós-doutorado na Uece e também na Universidade Federal Fluminense (UFF). Membro do colégio Brasileiro de Reprodução Animal, da Sociedade Brasileira de Tecnologia de Embriões e da IETS, Joanna compõe o corpo editorial de dois periódicos internacionais, outro nacional, além de ser revisora de mais 25 periódicos. Com 89 artigos científicos publicados, a professora da Faculdade de Veterinária da UFF, vinculada ao Departamento de Patologia e Clínica Veterinária, também já publicou um livro e sete capítulos em obras de outros autores.

Uma das etapas da pesquisa é a coleta de espermatozoides a partir de castração para posterior criopreservação. 

Ao longo dos últimos anos, a dedicação de Joanna às pesquisas vem ganhando cada vez mais reconhecimento. No início do ano, foi contemplada com bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), agência de fomento à pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações. Em anos recentes, além de ser selecionada no programa Jovem Cientista do Nosso Estado, ela contou com outros apoios da FAPERJ. Seu nome consta, por exemplo, no edital de Apoio a Grupos Emergentes de Pesquisa no Rio de Janeiro, no qual coordena um projeto com bovinos. Em outra frente, integra equipes selecionadas nos programas Apoio a Projetos Temáticos e Apoio às Instituições de Ensino e Pesquisa Sediadas no Estado do Rio de Janeiro.

Como a maioria das jovens que optam pela Veterinária, Joanna sonhava cuidar de cães e gatos, mas, durante a graduação, conheceu esses pequenos ruminantes e a empatia foi imediata. “Caprinos e ovinos são animais muito sociáveis e maravilhosos para trabalhar”, explica a pesquisadora, que conduz seu trabalho tanto na Unidade de Pesquisa Experimental em Caprinos e Ovinos (UniPECO), situada dentro da Fazenda Escola Cachoeiras de Macacu (FECM), da UFF, quanto na unidade da Embrapa em Coronel Pacheco (MG), além estabelecer parcerias em propriedades particulares para a condução de suas pesquisas. Segundo ela, o rebanho de caprinos e ovinos cresceu bastante nos últimos anos na região Sudeste. Dados do Censo Agropecuário do IBGE de 2018 mostram que no Nordeste tanto o rebanho de caprinos quanto de ovinos cresceram, entre 2006 e 2017, 18,38% e 15,94%, respectivamente. E mesmo que a criação desses pequenos ruminantes não seja expressiva no Sudeste, de acordo com Joanna a região tem apresentado grande interesse pela atividade, em especial pela criação de caprinos para produção de leite e ovinos de corte e leite. A pesquisadora sugere que o interesse dos criadores de caprinos e ovinos pela reprodução assistida chega a ser maior do que dos que criam bovinos.

Em seu projeto conduzido com os recursos recebidos no programa Jovem Cientista do Nosso Estado, a veterinária busca, como indica o título de seu projeto, “Diferentes estratégias para a otimização da eficiência da técnica de criopreservação de sêmen e embriões em ovinos”. Ela explica que ainda há uma grande carência no campo de reprodução assistida de ovinos e caprinos, até mesmo porque há menos pesquisadores se dedicando ao assunto, se comparado a bovinos. Uma vez que o sucesso das técnicas é multifatorial, há diversas variantes a considerar e que devem ser ajustadas para o estabelecimento de um melhor protocolo.

Joanna e sua equipe realizam coleta não cirúrgica
(transcervical) de embriões em cabra de alto
mérito genético.
(Fotos: arquivo pessoal)

Sua linha de pesquisa visa testar algumas substâncias que possam otimizar e aumentar a eficiência da criopreservação (congelamento) de gametas (espermatozoides e oócitos) e embriões. Uma de suas apostas é a utilização de L-carnitina, uma substância bastante popular entre atletas por ser uma molécula que auxilia no metabolismo energético e tem uma importante ação antioxidante – uma função muito útil à criopreservação já que durante o processo de congelamento a célula sofre estresse e libera grande quantidade de radicais livres.

Outra solução encontrada nos trabalhos de Joanna é a utilização de proteínas anticongelantes (PAC) para minimizar a formação de cristais de gelo durante a criopreservação, um dos principais entraves dessa técnica. Segundo Joanna, as PACs foram identificadas pela primeira vez em 1969, em peixes da Antártida. Essas proteínas são as responsáveis por evitar que os peixes que povoam os mares do continente Antártico congelem. “Claro, nosso objetivo não é evitar o congelamento, mas tornar a técnica mais eficaz e evitar os cristais de gelo”, explica. Com alguns resultados de experiências já publicados em artigos, ela parte agora para outras etapas do estudo, como testar os vários tipos de proteínas anticongelantes existentes, a concentração ideal para cada tipo de célula, os efeitos celulares e moleculares das proteínas e, por fim, os índices de sucesso após inseminação artificial ou transferência de embriões.

Com um histórico de intensa produção acadêmica, é provável que, pelas mãos de Joanna, em breve a ciência possa oferecer novas abordagens para a otimização dos resultados destas biotécnicas de reprodução.

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