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Publicado em: 28/03/2003
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Artistas do Rio - Novos olhares em artes plásticas

Marcos Patricio e Marina Lemle

Para se integrar melhor à realidade dos pássaros, tema de sua pesquisa, a artista plástica Kenny Neoob utilizou penas no lugar de pincéis, fazendo delas a extensão dos seus braços. Ela está entre os cinco artistas plásticos premiados pelo Concurso Uniarte, promovido pela Faperj para incentivar pesquisas em torno de novas linguagens, técnicas e materiais. Os vencedores, que receberam bolsas durante um ano, estão expondo o resultado do seu trabalho criativo até 13 de abril na Galeria Mario Pedrosa – Espaço FAPERJ, no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA). Além das obras de Kenny Neoob, o público poderá conhecer a produção de Ana Muglia, Beatriz Pimenta, Fabiana Santos, João Modé.

Kenny criou 32 gravuras, sendo 16 em litografia e 16 em gravura em metal. Ela conta que fez uma série de considerações pessoais e filosóficas durante a realização das obras. "Escolhi como temática o pássaro, com todo o conjunto de significados a ele relacionados. A forma física, a leveza ao voar, a poética de sua existência, a migração e o pouso e a relação com o meio ambiente foram elementos de reflexão na elaboração do trabalho", explica. Ela utilizou pigmentos diluídos em resina acrílica e papel como suporte. "As telas representam os fluxos de intensidade entre polaridades", diz. 

A pesquisa de Beatriz Pimenta ganhou o nome de "Fragmentese" e consiste em nove performances com uma mini câmera digital que capta aproximadamente imagens de vinte segundos de duração.

Beatriz explica que a pintura, que por sua capacidade de manipulação, simulação e doutrinação já foi o principal suporte da imagem, muito se assemelha a atual imagem digital. "Tela de lona e tela de vídeo são planos que supõem realidades. Contudo, na planificação toda mistura é possível. Do trompe l’oeil à imagem digital, o hibridismo aumenta e paradoxalmente a solução se torna mais homogênea, ou seja, cada vez será mais difícil detectarmos de que substância e de que conteúdo uma imagem foi composta", afirma. Suas imagens circulam em três meios: fotografia, televisão e internet. "Elas passam a sensação do lúdico e até do desespero. Mas tudo se trata de uma encenação. A proposta foi mostrar o lado do avesso da imagem midiática", explica.

A artista acrescenta que os movimentos faciais, corporais e da natureza, apresentados em diferentes velocidades organizadas em loopings, permitem ao observador ver detalhes da expressão humana e movimentos que nos escapam à visão. "Na velocidade e variedade das imagens atuais não há tempo-espaço para meditação, por isso procuro expandir esse intervalo e recuperar algum espaço de reflexão a partir do próprio instrumento que o dissolve."

Na exposição no MNBA, estão fixadas na parede nove fotos referentes aos vídeos. No chão, há um monitor de TV exibindo ininterruptamente os quadros com velocidade e ordem pré-estabelecida pela artista. O trabalho de Beatriz também está exposto na internet, no site www.fragmentese.tk .

Fabiana Santos trouxe dois projetos: uma escultura em instalação feita com fios de metal retirados de memórias de computador, na qual trabalhou com o ambiente e a visibilidade, e uma série de telas com técnica mista sobre filmes de poliéster, na qual procurou mostrar a tridimensionalidade.

"É a relação entre o desenho, o tridimensional e os planos que criam profundidade", explicou Fabiana.

Apesar de ter proposto um projeto, ainda não concluído, sobre instalações, o artista plástico João Modé levou para a exposição um conjunto de objetos de dimensões e materiais diversos, ao qual deu o título de "Tudo no seu devido lugar, 2001/2002".

"São peças que vão surgindo espontaneamente. Não há uma lógica. É tudo em cima de uma situação caótica. E no local do caos não há lugar definido. Tudo é lugar de tudo e qualquer lugar é lugar para qualquer coisa", explica.

Segundo Ana Muglia, o Projeto Uniarte deu a ela a oportunidade de pesquisar em uma escala maior. A artista apresenta dois trabalhos em têmpera sobre tela.

"Meu trabalho é uma pesquisa sobre a casa, a fronteira e o limite. Ele busca uma reflexão sobre a relação do limite do quadro com o limite do espaço, que a parede estabelece", afirmou Ana, que durante sua pesquisa fotografou canteiros de obras, onde foi buscar inspiração. "O canteiro é onde nasce a casa, a estrutura da construção".

Um total de 79 artistas concorreu às bolsas da terceira edição do Concurso Uniarte, realizada em 2002. Uma comissão julgadora presidida pelo coordenador do projeto, Luiz Carlos Veiga, e integrada por outros artistas plásticos e professores do MNBA, apontou os cinco projetos vencedores. Na época da seleção dos trabalhos, Luiz Carlos Veiga destacou a alta qualidade das propostas.

"Podemos notar que, desde 1996, vem ocorrendo uma nítida evolução no nível dos trabalhos inscritos no Concurso Uniarte. Mesmo se fossem dez bolsas, em vez de cinco, seria difícil apontar os vencedores, devido ao alto nível dos trabalhos apresentados", afirmou Luiz Carlos Veiga na ocasião.

Para ele, a proposta do projeto foi plenamente cumprida. "O Uniarte é uma porta que se abre para permitir ao artista plástico alcançar um nível mais elevado", afirmou Veiga, ao visitar a exposição do Museu Nacional de Belas Artes. "A bolsa dá ao artista a oportunidade de pesquisar novas técnicas, de se dedicar mais".

O projeto pode evoluir para o social. "A idéia é continuar apoiando os artistas e oferecer oficinas. Eles poderiam passar suas experiências para estudantes da rede pública e para jovens de comunidades carentes", destacou.

O Museu Nacional de Belas Artes fica na Avenida Rio Branco 199, no Centro, e funciona de terça a sexta-feira, das 10h às 18h, e sábados e domingos, das 14h às 18h. Os ingressos custam R$ 4 e a entrada é grátis nos domingos. Tel. 2240-0068.

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