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Publicado em: 14/07/2016
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Saúde na Internet, sim, mas certificada

Valentina Leite

Sérgio Arouca: o sanitarista e ex-presidente da Fiocruz
foi o escolhido para ter sua imagem estampada no selo

O crescimento exponencial da informação na Internet ao longo dos últimos anos afetou de diversas formas o dia a dia de muitas populações, principalmente nos centros urbanos. Para uma expressiva parcela dos que têm acesso à Internet, quando confrontados com alguma dúvida em relação a problemas de saúde, o primeiro impulso é conectar-se à rede mundial de computadores. Afinal, ali, as informações sobre saúde podem estar, com um pouco de sorte, a apenas um clique de distância. E já há, inclusive, quem chame o principal motor de buscas de “Doutor Google”. Com a expansão do acesso à rede, mais e mais pessoas são atraídas para essa opção. No entanto, nem toda informação disponível é confiável, atualizada e compreensível. Pensando nisso, o Laboratório Internet, Saúde e Sociedade (LaISS), vinculado ao Centro de Saúde Escola Germano Sinval Faria (CSEGSF), da Escola Nacional de Saúde Pública, da Fundação Oswaldo Cruz (Ensp/Fiocruz), criou um mecanismo para avaliar a qualidade das informações em saúde que estão disponíveis na rede. Lançado no dia 4 de junho, na abertura do 32º Congresso Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, em Fortaleza, o “Selo Sergio Arouca de Qualidade da Informação em Saúde na Internet” já está em vigor e é a primeira iniciativa do tipo no Brasil.

Inicialmente, o projeto visa garantir que sites das secretarias municipais e estaduais de Saúde de todo o País estejam em conformidade com certos indicadores e critérios.  Segundo André Pereira Neto, coordenador do LaISS, o objetivo principal é melhorar os índices de desempenho do Sistema Único de Saúde (SUS). “Quando o cidadão tem acesso à informação de qualidade, ele cuida melhor de si, busca prevenir-se de doenças e aumenta, também, sua adesão a possíveis tratamentos”, comenta. Ele acredita que os sites públicos de saúde devem se tornar uma referência para a população e, por esta razão, devem estar corretos. Em artigo intitulado "A saúde ao alcance de um clique?", publicado na edição nº 32, da revista Rio Pesquisa/Faperj, em setembro de 2015, Pereira Neto defendia a criação de um selo para certificar sites de saúde.

Moradores do bairro de Manguinhos participaram da 
avaliação de sites de saúde (Foto: Divulgação/Fiocruz)

Para receber o selo, os sites das secretarias municipais e estaduais de Saúde devem se submeter a uma avaliação para verificar em que medida eles atendem a critérios como legibilidade (se o site é compreensivo por usuários) e acurácia (se a informação contida está correta e atualizada). A avaliação resultará em um diagnóstico contendo os níveis de conformidade que o site obteve em cada critério e indicador. Com este diagnóstico em mãos, o gestor do site fará as modificações necessárias para atender ao que for indicado na avaliação. Feitas as modificações, o site será avaliado mais uma vez por uma equipe composta por profissionais e usuários do SUS. Se obtiver mais de 80% de conformidade, o site será aprovado e poderá colocar no topo da página o “Selo Sergio Arouca de Qualidade da Informação em Saúde na Internet”. Este selo indicará ao visitante que a informação disponível no site é confiável.

O LaISS está assumindo a responsabilidade de conferir o selo de qualidade após ter realizado, entre 2012 e 2015, três experiências de avaliação em sites diversos sobre tuberculose, dengue e aleitamento materno. Nenhum dos sites obteve mais de 60% de conformidade. Pereira Neto destaca que o que chamou mais atenção foi a dificuldade encontrada para compreender as informações disponíveis nos sites públicos, especialmente os do Ministério da Saúde.

A avaliação realizada nestas três experiências não contou apenas com a opinião de especialistas – teve, também, a participação de moradores da comunidade de Manguinhos, que fica na Zona Norte do Rio de Janeiro, junto ao campus da Fiocruz. Eles colaboraram na construção de critérios e indicadores e na avaliação de diversos sites da Internet. A participação desses usuários do SUS conferiu ao projeto um caráter inovador. De acordo com a dissertação de mestrado de Rodolfo Paolucci, no Programa de Pós-Graduação de Informação e Comunicação em Saúde (PPGICS/Icict/Fiocruz), são poucas as iniciativas que contaram com a participação de usuários. “Queremos fortalecer o sentido de cidadania e mostrar a importância desta participação. Além disso, ninguém melhor que os próprios usuários da rede para nos dizer o que pode e deve ser mudado”, diz Pereira Neto.

Pereira Neto: pesquisador liderou campanha pela
certificação de sites de saúde (Foto: Gilberto Reis)

Em depoimento para o Laboratório de Internet, Saúde e Sociedade, a moradora Maria de Fátima Ferreira contou como foi a experiência. “Foi muito proveitoso. Aprendi não só a mexer melhor na Internet, como a me prevenir de doenças”. Para Maria Helena de Souza, a oportunidade foi importante para o seu crescimento. “Como moradora da comunidade, posso dizer que hoje eu tenho um diferencial”, afirma.

O nome do selo foi uma homenagem ao professor Sérgio Arouca (1941-2003), um dos ideólogos do SUS e ex-presidente da Fiocruz nos anos de 1985 a 1989. Cabe lembrar que, ao discursar sobre o conceito ampliado de saúde na 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, Arouca afirmou que o acesso à informação também é necessário. Hoje, este acesso acontece, em grande parte, por meio da Internet. O LaISS pretende avaliar, ao longo dos próximos meses, 50 sites de secretarias municipais e estaduais do Brasil. Os interessados devem entrar em contato através do email: laiss@ensp.fiocruz.br

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