O profissional, brasileiro ou estrangeiro, precisa ter experiência comprovada em fazer ou gerir pesquisa científica em organizações privadas ou públicas, além de conhecimentos sobre a ciência brasileira e governança. Também é exigida habilidade para estabelecer parcerias, nacionais e internacionais. O escolhido participará ativamente da elaboração das estratégias e protocolos que definirão a cultura, a forma como a agência de fomento atuará e, é claro, terá o desafio de iniciar a operação da instituição.
Organizado como associação civil, com sede temporária em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro, o Instituto xy.org, nome provisório, vai operar com recursos de um fundo patrimonial (endowment), constituído por meio da doação de Branca e João Moreira Salles, documentarista e editor da revista Piauí. Colaboradora da revista Piauí, Branca tem estreita ligação com o meio acadêmico. Linguista e intérprete, ela é professora da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Segundo os responsáveis pela estruturação do instituto, um aporte inicial já foi realizado, mas há a previsão de que outras fontes de financiamento sejam incorporadas, após o amadurecimento da entidade.
Economista e um dos colaboradores da estruturação da instituição, Rodrigo Fiães diz que a agência atuará como um incentivador das Ciências, tendo como foco aumentar sua visibilidade e impacto na vida dos brasileiros. O instituto também terá como missão o apoio à comunidade científica de modo a que se torne protagonista na formulação de políticas públicas e no debate sobre questões que afetem a sociedade.
"O Jerson [diretor Científico da FAPERJ] e outros especialistas e acadêmicos que formam o Comitê de Busca pelo diretor executivo do instituto foram muito generosos em ouvir a nossa história e colaborar com essa iniciativa. A comunidade científica tem sido nota 10 conosco. O nosso foco agora é encontrar esse profissional, que vai colocar todo o esforço de pé e irá traduzir essa bagagem que foi acumulada nesses dois anos de maturação da ideia", diz Fiães.
Desde 2014, a criação do instituto vem sendo discutida nos bastidores. Nos últimos dois anos, os responsáveis pela estruturação da agência de fomento visitaram organizações semelhantes no Brasil e no exterior, promoveram debates em torno da ciência brasileira e se aconselharam com membros da comunidade científica do País. Na semana passada, foi lançada a seleção para diretor executivo, cargo que exigirá dedicação integral (não exclusiva), na cidade do Rio de Janeiro, sede do instituto.
O mandato do diretor executivo será de três anos, podendo ser renovado uma vez. Cumprido o mandato e uma eventual renovação, o ocupante do cargo poderá se reapresentar como candidato em nova seleção. O salário bruto foi fixado em R$ 35 mil mensais, mais plano de saúde e remuneração variável, a ser definida pelo Conselho de Administração. Despesas de realocação para o Rio poderão ser contempladas para candidatos oriundos de outras cidades, conforme prevê a Chamada pública.
Os candidatos ao cargo serão selecionados por um Comitê de Busca presidido por Pedro Wongtschowski, da Ultrapar, e integrado por Fernando Reinach, do Fundo Pitanga; Jerson Lima Silva, diretor Científico da FAPERJ; Marcelo Viana, diretor do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa); Marcos Lisboa, presidente do Insper; além de Branca Moreira Salles e Rodrigo Fiães, do Instituto xy.org. Os interessados têm até o dia 6 de maio para participar da seleção. A relação de documentos exigidos está discriminada no portal
xy.org.br. Dúvidas devem ser enviadas para o e-mail instituto@xy.org.br.
Legado de apoio às Artes
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Unidade do IMS, no Rio: casa no bairro da Gávea foi residência da família Moreira Salles (Foto: Reprodução) |
Através do Instituto Moreira Salles (IMS), presente em três cidades – Poços de Caldas, no sudeste de Minas Gerais e o primeiro a ser inaugurado, em 1992; Rio de Janeiro e São Paulo –, a família do banqueiro Walther Moreira Salles dá continuidade à missão iniciada pelo patriarca: apoiar e difundir a cultura no País. Além de catálogos de exposições, livros de fotografia, literatura e música, o IMS publica regularmente as revistas
ZUM, sobre fotografia contemporânea do Brasil e do mundo, de frequência semestral, e
Serrote, de ensaios e ideias, quadrimestral.
Na conservação, organização e difusão de seus acervos, o IMS cuida de 800 mil imagens do século XIX, além de um repositório de 80 mil fonogramas composto por obras de José Ramos Tinhorão, Humberto Franceschi, Chiquinha Gonzaga, Ernesto Nazareth e Pixinguinha. Arquivos pessoais de Otto Lara Resende, Erico Verissimo, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Rachel de Queiroz, Lygia Fagundes Telles, Paulo Mendes Campos também estão sob a guarda do instituto. A família Moreira Salles se prepara agora para inaugurar um novo centro cultural, no coração de São Paulo, na Avenida Paulista. O novo IMS deve abrir suas portas ao público em 2017.