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Publicado em: 23/12/2015
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Matemática sem fronteiras

Aline Salgado 

Cecília recebeu o prêmio das mãos da primeira-dama do estado,
Maria Lúcia Horta Jardim (Foto: Michel Monteiro/ACS-SECTI)

Após uma estada de sete anos na Europa, a pesquisadora e professora adjunta da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Cecília Salgado não vê a hora de refazer as malas. Independente do destino, a matemática de 33 anos tem na bagagem o entusiasmo e a curiosidade de desvendar o misterioso mundo dos números. Cecília é uma das sete ganhadoras da 10ª edição do prêmio Para Mulheres na Ciência, de 2015, uma parceria da L'Oréal Brasil com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC). A premiação concedeu bolsa-auxílio no valor de US$ 20 mil, o equivalente a R$ 75 mil, para que as pesquisadoras deem continuidade a seus projetos. Para Cecília, o apoio tem destino certo: desvendar os códigos corretores de erros, peça-chave para a solução de falhas na transmissão de informação por sistemas de comunicação, como linhas telefônicas ou discos rígidos.

Foi ainda na França que a pesquisadora se deparou com seu atual desafio. Mas o projeto ficou anos em maturação, dentro da mente de Cecília, até sair do papel. É que, naquele momento, ela estava em meio à colaboração de outras pesquisas, como questões aritméticas ligadas às superfícies de del Pezzo. Esse tema, somado às superfícies elípticas, foram, inclusive, seus objetos de pesquisa para a tese de doutorado na Université Paris Diderot, PARIS 7, na França. 

"O meu objetivo, durante a graduação, não tinha destino certo nem escolhido. Não tinha a ver com o lugar, com a França e a Europa, e sim com o que queria fazer. E eu sempre quis fazer pesquisa. Foram passos muito naturais e dados sem titubear", diz Cecília, que ficou entre os anos de 2005 a 2009 em Paris e de 2009 a 2011, no pós-doutorado, na Universiteit Leiden, na Holanda, e no Hausdorff Institute- Bonn, na Alemanha. Ao retornar ao Rio de Janeiro, ela contou com o suporte da FAPERJ, por meio do Auxílio Instalação. 

A pesquisadora explica que o projeto visava à aplicação da teoria de superfícies elípticas para lidar com dois problemas relevantes e em aberto da geometria aritmética. O primeiro, já conhecido entre os matemáticos da área, relacionava-se à conjectura sobre densidade de Zariski do conjunto de pontos racionais em superfícies de del Pezzo de grau um. Já o segundo, tratava de uma questão mais geral: a uniracionalidade de superfícies de del Pezzo de grau dois. Um desafio discutido no meio científico, porém ainda sem solução completa na época, até mesmo por muitos matemáticos de renome, como o francês Jean-Louis Colliot-Thélène, o russo-alemão Yuri Manin e o húngaro János Kollár.

Segundo Cecília, foi o trabalho colaborativo que a ajudou a desvendar seu misterioso objeto de estudo. "Tive a oportunidade de discutir o tema com os melhores matemáticos da minha área, que tratam com esses problemas específicos. Pude trocar ideias com cientistas brilhantes e observar como eles fazem e explicam matemática. Este foi um dos grandes pontos de crescimento em minha carreira", afirma a pesquisadora. 

Entre as feras da matemática que Cecília pôde ouvir, conversar e compartilhar soluções e desafios, ela destaca Joseph Silverman, autor de livros sobre curvas elípticas, e o próprio orientador de doutorado, Marc Hindry, especialista em aritmética. Foi em uma dessas trocas de ideias que Cecília vislumbrou outro emocionante desafio: os códigos corretores de erros. 

Após assistir a uma palestra em um workshop na França, onde também expôs seu projeto, Cecília percebeu que ideias desenvolvidas em sua tese poderiam abrir caminhos para a solução de um novo problema. "O seminário tratava de matemática, geometria aritmética, teoria da informação e criptografia. Uma das palestras, que falava de códigos corretores de erros, me chamou a atenção por usar uma linguagem que eu tinha estudado no doutorado. Percebi ali que podia explicar a questão apresentada com mais generalizações e, assim, colaborar e unificar os exemplos em uma teoria só", lembra Cecília.   

A ideia, no entanto, levaria mais alguns anos até sair do papel. O contato com um conhecido pesquisador, com quem Cecília tinha trabalhado em um projeto sobre as superfícies de del Pezzo, trouxe a temática à tona. "Ele tinha assistido à palestra de um colaborador daquele mesmo pesquisador que encontrei na França e ficou motivado com o tema", conta Cecília, que com a ajuda de um segundo pesquisador vem trabalhando no projeto.  

"Felipe Voloch, brasileiro que, em breve, vai trabalhar na Nova Zelândia, e Anthony Várilly-Alvarado, dos Estados Unidos, estão comigo nessa empreitada. Temos trocado e-mails e tentado organizar as ideias. Queremos nos encontrar no ano que vem para tocar o projeto, talvez na Nova Zelândia", afirma Cecília. 

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