Descoberta brasileira põe em xeque teoria sobre formação do sistema solar
Pesquisadores do Observatório Nacional (ON), no Rio de Janeiro, chefiados pela astrônoma Daniela Lazzaro, colocam em xeque algumas das teorias existentes sobre a formação do sistema solar. Tudo começou com a recente descoberta feita por pesquisadores do ON de que o asteróide Magnya possui formação basáltica (muito ferro e magnésio e pouco cálcio). Até então para os cientistas, apenas seis corpos no Sistema Solar possuíam esta composição, decorrente de vulcanismo (altas temperaturas e pressões que fazem o material entrar em erupção). São eles, Terra, Vênus, Marte, Lua, Io (satélite de Júpiter) e o asteróide Vesta. E é justamente com a descoberta da composição basáltica de Magnya que surge a questão: qual é a origem deste asteróide?
Para a astrônoma Daniela Lazzaro, o Magnya não pode ter se originado em Vesta, único asteróide localizado na parte externa do cinturão de nosso sistema a ter sofrido vulcanismo, pois é enorme a distância entre Vesta e Magnya, da ordem de 150 milhões de quilômetros, a mesma entre a Terra e o Sol. Por outro lado, por ter apenas 30 km de diâmetro, o asteróide também não pode ter sofrido vulcanismo, o que mantém o mistério em relação à sua formação basáltica.
A teoria defendida pelos pesquisadores do ON para explicar o fenômeno, segundo a astrônoma Cláudia Angeli, que também trabalha no projeto, é a de que existiu na mesma região um grande asteróide que sofreu vulcanismo e posteriormente se fragmentou, dando origem à Magnya e a outros objetos. Para desvendar o mistério, foi firmada uma parceria com pesquisadores americanos, através de um convênio entre o Observatório Nacional e o European Southern Observatory (no Chile). Os pesquisadores pretendem agora mapear a região em torno de Magnya para averiguar a provável existência de outros corpos basálticos e tentar entender a dinâmica do nosso sistema.
A descoberta dos pesquisadores do ON foi publicada pela Revista Science , edição nº288, no mês de junho, que dedicou três páginas à pesquisa brasileira. O trabalho gerou grande repercussão na imprensa internacional e no meio científico. Agora, os pesquisadores do ON pretendem aumentar o número de asteróides estudados. Segundo Daniela Lazzaro, o objetivo é conseguir analisar a composição de 1200 asteróides, quase o dobro do total analisado até hoje pelo ON, cerca de 650. Queremos entender quais os processos que levaram o asteróide a este tipo de destruição. Mais tarde, pretendemos estudar o cinturão de Kuiper, localizado após Plutão, comenta com entusiasmo a astrônoma.
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