O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Os filtros biológicos da natureza
Publicado em: 26/08/2002 | Atualizado em: 31/03/2022
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Os filtros biológicos da natureza

Os filtros biológicos da natureza

Manguezais: os filtros da natureza


O replantio de mangue pode contribuir para a implantação de um eficiente sistema de tratamento de efluentes em águas costeiras. A afirmação é do professor Luiz Drude de Lacerda, titular do Instituto de Química da Universidade Federal Fluminense (UFF) e um dos contemplados com a bolsa Cientistas do Nosso Estado.

O professor, que há 15 anos realiza pesquisas sobre a biogeo- química de metais contaminantes no litoral do Estado do Rio de Janeiro, coordena atualmente um programa multidisciplinar, com participação de geólogos, químicos e biólogos, na Floresta Experimental de Mangue de Itacuruçá, na Baía de Sepetiba. Os primeiros resultados da pesquisa revelaram que, embora os manguezais estejam acumulando elevadas concentrações de metais, as plantas que os compõem apresentam baixíssimas concentrações dos mesmos metais.

Em função dos resultados obtidos na Floresta Experimental de Itacuruçá, o grupo lançou-se a um desafio: testar os manguezais como filtros biológicos em local crítico. A escolha recaiu sobre o Aterro Sanitário de Gramacho, junto à Baía de Guanabara, uma área que recebe diariamente 8 mil toneladas de rejeitos sólidos, das mais diferentes origens. Análises de água intersticial (a água existente dentro dos sedimentos) realizadas no Laboratório de Biogeoquímica do Departamento de Geoquímica do Instituto de Química da UFF apontaram elevados níveis de metais. Como no entorno do aterro sanitário está sendo implantado um projeto de recuperação de manguezais e como há mangues plantados há alguns anos, a área foi ideal para os pesquisadores compararem, num mesmo ambiente, se essas propriedades dos mangues estavam ocorrendo. Em função do resultado obtido, o professor Luiz Drude de Lacerda não tem dúvidas quanto ao potencial que esse processo representa no tratamento de situações de contaminação em países pobres. “Afinal” - diz o pesquisador - “trata-se de um filtro biológico que se autoconstrói, uma vez que replantado, o mangue cresce sozinho.”

Mangues e metais

Segundo o professor Drude, os manguezais acumulam muito sedimento por se encontrarem numa área de deposição onde as águas perdem a capacidade de transporte e acumulam partículas finas enriquecidas de metais. Mas esses sedimentos são anóxicos (devido ao alto consumo de oxigênio durante a decomposição da matéria orgânica pela atividade bacteriana. Como num ambiente anóxico não há mais oxigênio livre, as bactérias passam a usar sulfato que é muito abundante na água do mar. O resultado dessa oxidação da matéria orgânica pela redução do sulfato eleva a concentração de sulfetos, que precipitam metais com muta facilidade. Com isso, os metais entram nessas áreas de mangue complexados a carreadores oxidados, principalmente óxidos hidratados de ferro e manganês, muito abundantes em regiões tropicais. No ambiente redutor dos mangues, estes complexos se dissociam; só que em vez de ficar em solução, os metais são reprecipitados como sulfetos. Enquanto as condições permanecerem anóxicas, eles permanecem retidos nos sedimentos. Por outro lado, os manguezais são pouco eficientes na absorção dos metais por causa de suas propriedades ecológicas. De origem terrestre, essas plantas acabaram ocupando o ambiente marinho e para sobreviver tiveram que desenvolver mecanismos de adaptação para impedir a entrada excessiva de sais e assim controlar o seu equilíbrio hídrico. “Por tabela” - diz o professor - “esse mecanismo de adaptação mostrou-se muito eficiente para impedir a entrada de metais.”

Recentemente, o professor Luiz Drude Lacerda esteve na Tailândia, na reunião do Conselho da International Society for Mangrove Ecosystems (ISME), onde foi discutida a implantação de sistemas de tratamento de esgoto contendo metais, utilizando replantio de mangue.

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes