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Publicado em: 26/08/2002 | Atualizado em: 29/03/2022
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Quando os linfócitos passam para o time adversário...

Quando os linfócitos passam para o time adversário...


O inimigo se prepara para a invasão. Prontamente, os solda dos se posicionam para a defesa do território. É assim que os linfócitos, células sangüíneas que atacam o que for estranho ao organismo, devem agir - são os nossos soldados de defesa. Mas essas células também podem falhar. E, quando isso ocorre, passam a atacar estruturas do próprio organismo. O resultado é o aparecimento de doenças, que podem surgir em qualquer parte do corpo.

Pesquisadores e técnicos do setor de Fotodermatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estão se dedicando ao estudo de algumas dessas enfermidades, de difícil controle tera- pêutico e ainda sem perspectiva de cura, como a psoríase, o vitiligo, a esclerodermia, os linfomas cutâneos de células T e a doença enxerto contra hospedeiro, quase todas com base genética. O estudo é baseado na aplicação do fotoquimioterápico PUVA (Psoraleno e radiação ultravioleta A) em pacientes do Hospital. Os objetivos são analisar os efeitos desse método terapêutico e pesquisar os mecanismos básicos para alcançar remissões mais prolongadas, melhorando, assim, a qualidade de vida dos portadores dessas doenças, conhecidas como auto-imunes.

“O PUVA é superior, em termos de resultados, se comparado a outros tratamentos usualmente oferecidos para essas doenças da pele. Ainda não foi descoberta a cura, mas a fotoquimioterapia permite o controle da doença. Há casos em que os pacientes com psoríase permanecem anos sem manifestar a doença”, comemora o doutor em Medicina e coordenador de pós-graduação em dermatologia da UFRJ, Absalom Lima Filgueira. O paciente toma um remédio chamado Psoraleno, cuja dose aplicada é proporcional ao peso corporal. Para uma pessoa com 70 quilos, por exemplo, são prescritas 40 miligramas. Duas horas depois, quando o medicamento já foi absorvido e chega à corrente sangüínea, o paciente se expõe a uma dose de radiação ultravioleta A, de acordo com a seu tipo de pele. Como o remédio é fotoativo, sua ação depende da radiação.

O método começou a ser desenvolvido em Boston, em 1975, inicialmente para o tratamento da psoríase e do vitiligo. Hoje, a técnica mostra-se eficaz no tratamento de 40 diferentes doenças de pele. O dr. Absalon foi pioneiro na introdução do PUVA no Brasil, em 1977. Após dez anos, conseguiu levar o método para o Hospital Universitário da UFRJ, que atualmente conta com duas cabines de PUVA, que custam, cada uma, cerca de US$ 20 mil. Ao todo são realizadas 1.200 aplicações de radiação por mês, favorecendo cerca de 30 pacientes diariamente.

Outra técnica que está sendo introduzida pelo professor é a fotoforese. Segundo o dr. Absalon, esse método só é aplicado em casos mais graves, visto que o paciente precisa ter uma disponibilidade de quatro horas para cada sessão, além de ser muito caro.

Os alunos de Medicina da UFRJ, de especialização, de mestrado e doutorado, acabaram levando a técnica e o tratamento para instituições de ensino de outros estados, como o que já acontece na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. “Estamos atingindo um de nossos objetivos, que é o de formar recursos humanos. Desde que o PUVA foi introduzido no arsenal terapêutico da dermatologia, o desenvolvimento científico foi tão grande que permitiu o aparecimento de novas disciplinas, como a fotoimunologia, a fotodermatologia e a fotomedicina”, afirma Absalon.

Conheça cada uma das doenças tratadas pelo PUVA

A psoríase é uma doença hereditária que atinge 2% da população mundial. Os linfócitos passam a tratar as células da epiderme como se fossem um corpo estranho. Para a previdência, o custo do tratamento ambulatorial, desenvolvido na UFRJ, é três vezes menor do que uma internação. Estima-se que existem cerca de 4 milhões de pacientes com psoríase no Brasil. Por ano, surgem 160 mil casos novos no Brasil, sendo 13 mil no Rio de Janeiro.

O vitiligo se manifesta sob a forma de manchas claras distribuídas pelo corpo. Os melanócitos, células produtoras de pigmento, são destruídas pelos linfócitos. O vitiligo, assim como as demais doenças de pele estudadas na UFRJ, atinge pessoas das mais diversas classes sociais, idade, cor, etc. “O PUVA não só repigmenta a pele, como regula essa atividade deletéria dos linfócitos”, diz.

Os linfomas cutâneos de células T ocorrem quando os linfócitos encarregados da defesa da pele se tornam malignos, causando anormalidades à pele, ou seja, lesões conhecidas, no passado, como “micose fungóide”. Se não for tratado, com o correr do tempo, ele se instala em outras estruturas do corpo, como o fígado, provocando tumores. O diagnóstico precoce é fundamental. Das cinco doenças estudadas na pesquisa, essa é a mais grave. A fotoquimioterapia estimula a morte dessas células malignas, permitindo uma longa sobrevida dos pacientes.

A incidência da esclerodermia é do que a psoríase, o vitiligo e os linfomas cutâneos de células T. Ela ocorre quando as células produtoras de fibras são atacadas. A pele apresenta placas endurecidas.

A doença enxerto contra hospedeiro é a mais rara das enfermidades estudadas. Trata-se de uma das complicações que pode afetar um indíviduo após transplante de medula óssea. Quando o transplante é bem-sucedido, a medula começa a funcionar e a produzir linfócitos que vão circular em uma casa que não é deles. O organismo passa a ser, ele mesmo, um corpo estranho. Nesse caso, o indivíduo pode manifestar mais de uma doença de pele ao mesmo tempo. O PUVA, aliado a medicamentos, é indicado ao tratamento. O Hospital Universitário tem um convênio com o Centro Brasileiro de Transplante de Medula Óssea para o tratamento de pacientes com essa doença.


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