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Publicado em: 14/08/2002 | Atualizado em: 29/03/2022
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Grupo Casarões recupera espaços repletos de história

Grupo Casarões recupera espaços repletos de história

A casa é uma das maiores forças de integração para os pensamentos, as lembranças e os sonhos do homem..." Assim se pronunciou o filósofo Gaston Bachelard sobre a importância da habitação na construção da subjetividade humana. Nestes tempos de discutível fim da memória, o Grupo Casarões, que reúne pesquisadores da pós-graduação em engenharia civil da Universidade Federal Fluminense (UFF), desenvolve estudos e projetos de restauração de edificações de valor histórico, com apoio da FAPERJ.

Segundo Andreas Huyssen, professor da Universidade de Columbia, o passado nunca esteve tão em voga. Para ele, a lista das afinidades presentes com o passado é infindável. Restauração historicizante de centros urbanos, a onda dos antiquários, a obsessão por árvores genealógicas, novas e arrojadas concepções arquitetônicas para museus como o Guggenheim de Bilbao, tudo isso indica algo. "Não há dúvidas, o mundo está sendo musealizado e nós todos temos algo a ver com isso. A meta parece ser a rememoração total", atesta Huyssen. Talvez essa seja uma das razões do sucesso do Grupo Casarões, cujo trabalho, em seus três anos de existência, tem alcançado reconhecimento junto ao público e destaque na mídia.

Foi a dissertação de mestrado da arquiteta Jeanne Marques Machado sobre sintomatologia de edificações antigas que motivou seu orientador, Vicente Custódio Moreira de Souza, a criar, em outubro de 1998, o Grupo Casarões. O grupo iniciou suas atividades com o apoio da FAPERJ, que concedeu uma bolsa de iniciação científica e outra de apoio técnico. O desabamento de inúmeras construções antigas à época, no Rio e em Niterói, também representou um estímulo à criação do grupo, que hoje opera com 14 pessoas.

O bairro de São Domingos na prancheta

Após sua consolidação, o grupo Casarões optou, inicialmente, por desenvolver intervenções em São Domingos, um dos bairros mais antigos de Niterói, onde se localiza um dos campi da UFF, parcialmente descaracterizado por um aterro que abrigaria dependências da universidade. O objetivo do grupo é restaurar e recuperar edificações isoladas, adequar o bairro a seus usuários novos e antigos e realizar intervenções em alguns prédios para adequá-los às necessidades da população fixa e flutuante do bairro.

São Domingos foi sede de acontecimentos históricos de relevância: lá, Araribóia combateu os franceses que invadiam a cidade pela entrada da barra, e José Bonifácio de Andrada e Silva, tutor de Pedro II, residiu, tendo seu coração depositado, segundo alguns informes, na Igreja Matriz de São Domingos.

A residência escolhida para o projeto-piloto em São Domingos foi um casarão situado à rua General Osório, 59. Levantamento histórico realizado pelos pesquisadores constatou que sua história teve início antes de 1891, tendo sido alugado para a prefeitura e, posteriormente, para o governo estadual, antes de sua desapropriação em 1949. Desde então, abriga atividades diversas como cursos profissionalizantes e, atualmente, uma organização não-governamental (ONG) denominada Movimento Cultural Todo Dia São Domingos. O prédio necessita de intervenção desde o telhado, que corre o risco de desabar, até a revisão de suas instalações elétricas, passando por outros ajustes de caráter não estrutural. Todo o estudo foi documentado em CD-ROM com fotos, plantas e até documentos histó-ricos.

Outro fato curioso ocorrido no bairro foi a demolição parcial e ilegal de um imóvel com cerca de 120 anos de idade, embargada pela prefeitura por se tratar de área de preservação. Restou a fachada, e o proprietário tem dificuldades de vender o terreno com a mesma. Mas o Grupo Casarões já verificou que é possível a reconstrução do prédio, com volume igual ao que foi demolido para funcionamento de um espaço cultural.

Projetos para a Ilha Fiscal

O Grupo Casarões deve inaugurar, em breve, um laboratório de argamassas antigas. Até então, esse tipo de laboratório só existia em São Paulo e na Bahia. "É fundamental caracterizar a argamassa das construções para produzir material semelhante, senão o material cai ou a edificação se deteriora", explica Jeanne.

Por conta de seu esmero, o Grupo Casarões tem recebido inúmeros convites para trabalhos. Neste momento, desenvolve conversações com a Marinha do Brasil para restauração na Ilha Fiscal, onde se deu o último baile do Império. Além disso, já possui um projeto de recuperação dos conjuntos habitacionais da rua Salvador de Sá, no Rio de Janeiro, e da Capela do Ingá, em Niterói. "Estamos tentando fechar um convênio com a prefeitura de Rio Claro para restauração de suas inúmeras fazendas de café, a fim de incrementar o turismo local", antecipa Jeanne.

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