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Publicado em: 28/08/2014
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Cana forrageira contribui para melhorar produtividade leiteira no estado

Vinicius Zepeda

Um agricultor do município de São Gonçalo, região metropolitana do Rio, praticamente dobrou sua produção de leite, graças à substituição do capim por novos cultivares de cana de açúcar para a alimentação do gado. Enquanto a média habitual no estado é de três a cinco litros por vaca a cada dia, esse produtor conseguiu uma média de dez a 15 litros diários de cada uma das dez a 12 vacas que mantém. Ou seja, um total de 100 a 150 litros por dia. Outro produtor rural, de Carmo, na região serrana, conseguiu sua certificação por manter sua propriedade livre de brucelose, uma das doenças bovinas mais comuns. "Além dos certificados de qualidade expedidos pelo Ministério da Agricultura, isso permitiu reduzir os custos de produção com aquisição de ração que normalmente se usa em períodos de seca. Com maior margem de lucro, ele pôde melhorar outras atividades na propriedade", destaca o engenheiro agrônomo Arivaldo Ribeiro Viana, pesquisador da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio). Com apoio do Auxílio a Projetos de Inovações Tecnológicas (ADT 1), da FAPERJ, ele coordena uma equipe responsável pelo uso de cana forrageira misturada à ureia na alimentação do gado. Pelo que vem observando, em todos os sítios em que tem sido implementado, a produção de leite tem aumentado.

Viana destaca as vantagens ambientais do plantio da cana de açúcar em substituição ao capim. "Bem manejada e com uso devido, ela contribui para melhoria e conservação do solo.

Por ser uma cultura sequestradora de carbono da atmosfera, contribui para melhorar a disponibilidade de nitrogênio, melhorando também a fertilidade do solo por uma maior disponibilidade da matéria orgânica. Por ser uma planta mais robusta e com boa cobertura do solo, mantém a terra protegida, ao criar uma camada mais espessa sobre ela, quando comparada ao capim, que é uma planta mais fina”, explica o agrônomo.

                                                                                                                 Pesagro-Rio
 
             Ariovaldo Viana orienta um produtor sobre técnicas de silagem 

O pesquisador explica que, para a produção de cultivares de cana forrageira, sua equipe vem mantendo encontros técnicos com os agricultores familiares nas cidades onde o projeto foi implantado. "A primeira unidade de produção de mudas foi instalada com apoio financeiro e material do Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro (Iterj). Fizemos encontros com os produtores locais para transferir tecnologia e escolhemos uma fazenda para sediar a unidade de produtividade local das mudas, onde parcerias com associações, governos municipais e iniciativa privada contribuem para financiar a empreitada", explica. Segundo Viana, para cada hectare de terra usado para instalar a unidade, são produzidos cerca de dez hectares de mudas. "Dez produzem 100, e assim sucessivamente. Nessa progressão, calculamos que, em cinco anos, teremos municípios totalmente abastecidos com viveiros para atender a totalidade das propriedades familiares do estado com cana forrageira", acrescenta.

Viana destaca que, até o momento, essa tecnologia tem despertado grande interesse dos produtores, principalmente pelo fato do longo período seco que se tem observado nos últimos anos. “Na fase inicial do projeto, temos acompanhado e executado a instalação de unidades de produção de mudas em cinco das oito regiões do estado”, diz o pesquisador. Ele enumera as diversas cidades em que o projeto já está presente, como Campos, São Fidélis, São Francisco do Itabapoana, Miracema, Bom Jesus do Itabapoana, Cardoso Moreira, Macaé, Carmo, Sumidouro, Cantagalo, Duas Barras, São Gonçalo, Magé, Queimados, Nova Iguaçu, Miguel Pereira, Seropédica, Quatis, Araruama, Rio Bonito, Aperibé, Itaperuna, Pinheiral, Barra Mansa e Piraí. “Fizemos um estudo diagnóstico sobre a produção de leite no estado, com exceção apenas da Costa Verde. Nossa expectativa é de conseguir novos recursos para atingir a totalidade dos 92 municípios fluminenses. E acabamos de ganhar um novo apoio da FAPERJ para proceder à instalação de novas unidades de produção de mudas, além de, paralelamente, fazer o georreferenciamento das áreas onde estamos trabalhando.” Neste diagnóstico, serão mapeadas todas as fazendas, com suas coordenadas geográficas, o nome dos produtores, área de produção de cana, número de animais e rendimento diário por animal.


Silagem de cana pode contribuir para aumentar produtividade


Mesmo com o sucesso do projeto, Viana acredita que ainda é possível melhorar. Para tanto, ele vem participando de uma pesquisa sobre o método de silagem da cana. Chama-se ensilagem o processo de cortar a forragem, colocá-la em silos, compactada e protegida por vedação, para que haja a fermentação anaeróbica com ingredientes adequados, o que conserva sua qualidade nutricional. A forragem que recebe esse tratamento é a chamada silagem. Quando bem feita, seu valor nutritivo pode trazer resultados positivos na alimentação de bovinos de leite, uma vez que preserva a qualidade da cana por ocasião da colheita.

Em mistura com quantidades adequadas de ureia, ou com grãos e farelos, a cana forrageira mantém boa alimentação para o gado leiteiro em época de seca, quando o pasto se torna escasso. Outra vantagem da silagem de cana é que ela permite realizar o corte em todo o canavial ao mesmo tempo, uniformizando a produção e evitando o desequilíbrio entre plantas novas e velhas. Com isso, reduzem-se também as chances de perda de parte da produção do canavial.

Viana inclusive destaca que, apesar de alguns produtores já utilizarem por conta própria o método de silagem, não existe padronização das técnicas. "A silagem não pode ser feita de qualquer maneira, pois existem técnicas mais adequadas para evitarmos grandes perdas da produção", afirma o pesquisador. Este é um tema novo de pesquisa e o pessoal da Pesagro está começando a desenvolver estudos. "Nosso objetivo é adequar a tecnologia para melhorar a qualidade da silagem da cana", conclui.

 

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