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Publicado em: 15/05/2014
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Se for dirigir, não beba

Elena Mandarim

 Divulgação

            
           As crianças aprendem sobre segurança no trânsito e se
             tornam um multiplicador da mensagem junto à família
 
Se há uma combinação de fatores que não dá certo, pode ter certeza que é unir álcool e direção. Embora a Lei Seca brasileira, em vigor desde 2008, já tenha resultado em uma diminuição de 40% na mortalidade por desastres automobilísticos, os dados atuais ainda são bem alarmantes: de acordo com o Ministério da Saúde, cerca da metade das vítimas fatais dos acidentes de trânsito – que só em 2011 foram quase 45 mil em todo o Brasil – está relacionada ao uso e abuso de álcool, sem contar outra grande parcela que fica com sequelas permanentes, como amputação, paraplegia e danos cerebrais. Diante dessa realidade, a equipe do Núcleo de Atendimento Integrado ao Acidentado de Trânsito (Naiat), vinculado à Escola de Enfermagem Anna Nery, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), vem atuando em campanhas de prevenção que visam orientar crianças, jovens e adultos a respeito dessa mistura perigosa. Sob a coordenação da professora Ângela Mendes Abreu, o trabalho prevê, entre outras coisas, promover palestras educativas nas escolas, universidades e empresas e ainda acompanhar algumas ações da operação da Lei Seca. A iniciativa foi contemplada no programa de Apoio a Projetos de Extensão e Pesquisa (ExtPesq), da FAPERJ.

O ponto principal do projeto é deixar bem claro que mesmo em pequenas quantidades, qualquer ingestão de álcool afeta a habilidade de direção dos motoristas, como deixar as reações mais lentas do que o normal e levar à perda de noção quanto à velocidade do próprio carro e de outros veículos. "É claro que o conteúdo é abordado de forma diferente para cada grupo etário. Para as crianças, por exemplo, tentamos passar a mensagem da forma mais lúdica possível, o que inclui apresentação de peças de teatro e distribuição de cartilhas com histórias em quadrinhos. Já para os jovens e adultos, apresentamos os números chocantes que mostram a triste realidade dos acidentes no trânsito e de todas as consequências decorrentes dessa mistura perigosa", explica Ângela. Embora o público infantil ainda não seja consumidor de bebidas alcoólicas, Ângela explica ainda que introduzir os conhecimentos sobre os perigos de se misturar álcool e direção, nessa faixa etária, é eficiente em dois sentidos: primeiro porque a criança leva o conhecimento até os adultos da família e segundo porque favorece a formação de uma nova geração que já vai crescer com o entendimento de que é proibido e perigoso beber e dirigir. "É um trabalho de prevenção de acidentes e de promoção da saúde, uma vez que compartilhamos conhecimento para que essa criança cresça mais consciente sobre como se proteger no trânsito e também se torne um multiplicador dessa mensagem junto à família", esclarece.

Se por um lado, a equipe busca incentivar nas novas gerações o entendimento de que álcool e direção não combinam, por outro tem como objetivo desconstruir um hábito social de jovens e adultos. "O público mais velho cresceu sem a proibição de dirigir após ter ingerido bebida alcoólica. Dessa forma, é mais difícil convencer esse grupo que não é seguro continuar em um comportamento de risco no trânsito", explica a pesquisadora. Ela compara esse desafio com a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, implementada pela legislação do trânsito de 1998. "Antes disso, as pessoas andavam sem cinto e foi preciso estipular uma multa para que a população aderisse à nova regra." Por outro lado, as campanhas educativas trabalhavam com as futuras gerações de motoristas para que esse uso do dispositivo de segurança se tornasse intrínseco ao ato de dirigir. E deu certo. "Para atingir o público infantil, as atividades são promovidas, preferencialmente, nas escolas públicas da região que fazem parte da Estratégia Saúde da Família, onde os alunos da UFRJ fazem estágio. "Nosso trabalho já é bem conhecido, por isso, somos constantemente chamados pelas escolas e por outros estabelecimentos, como empresas, organizadores de eventos sociais etc.", relata a professora. O projeto prevê ainda outras estratégias para alcançar jovens e adultos. Em uma delas, um grupo de alunos da equipe faz breves intervenções educativas em bares onde há concentração de jovens à noite. Distribuem panfletos com informações sobre o tema e introduzem a ideia da campanha, de ter sempre um amigo que àquela noite deixará de beber para levar o veículo.

 Divulgação
      
 Peças de teatro são uma das formas lúdicas de ensinar
  as crianças sobre a importância de não beber e dirigir
Em outra vertente, realizada em parceria com o governo do estado do Rio de Janeiro, a pesquisadora explica que os alunos acompanham operações de fiscalização da Lei Seca, passando informações relevantes sobre o trânsito. "Eles pedem que os motoristas respondam a um questionário socioeconômico sobre hábitos sociais e alcoólicos", fala Ângela. Ela acrescenta ainda que os motoristas que apresentam alcoolemia zero, ou seja, que passam pelo teste do bafômetro, ganham uma camiseta do projeto. "Atualmente, os alunos bolsistas, sob sua supervisão, estão trabalhando dados da operação lei seca, com objetivo de comparar os motoristas que circulam pela Zona Sul com aqueles da Baixada fluminense. Entre outros aspectos, queremos avaliar onde há maior incidência de motoristas alcoolizados e tentar buscar respostas sobre os fatores da vida social que influenciem esses dados”, conta.

Para a pesquisadora, o projeto cumpre o preceito da indissociabilidade do tripé acadêmico, já que promove ações de extensão, ensino e pesquisa. "Além de termos alunos bolsistas de extensão e de iniciação científica – graduandos de enfermagem da UFRJ –, temos a participação de mestrandos da linha de pesquisa álcool e trânsito do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem e Saúde Coletiva. Assim, desenvolvemos atividades em equipes multidisciplinares e interdisciplinares, mediante o incremento de um conjunto de ações articuladas e sistematizadas, que visam colaborar para a melhoria da qualidade de vida da população. Com isso, estamos indo ao encontro das atuais políticas públicas de saúde na temática de álcool e trânsito", afirma Ângela. Para ela, o projeto traz não apenas subsídios para discussões com alunos participantes, mas cria também um terreno fértil para a elaboração de estratégias de abordagem à população mais vulnerável ao uso abusivo do álcool e sua combinação com direção. "Visamos, a curto, médio e longo prazo, a redução das estatísticas de morbimortalidade causadas pela associação deste binômio."

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