Elena Mandarim
Divulgação |
As crianças aprendem sobre segurança no trânsito e se tornam um multiplicador da mensagem junto à família |
O ponto principal do projeto é deixar bem claro que mesmo em pequenas quantidades, qualquer ingestão de álcool afeta a habilidade de direção dos motoristas, como deixar as reações mais lentas do que o normal e levar à perda de noção quanto à velocidade do próprio carro e de outros veículos. "É claro que o conteúdo é abordado de forma diferente para cada grupo etário. Para as crianças, por exemplo, tentamos passar a mensagem da forma mais lúdica possível, o que inclui apresentação de peças de teatro e distribuição de cartilhas com histórias em quadrinhos. Já para os jovens e adultos, apresentamos os números chocantes que mostram a triste realidade dos acidentes no trânsito e de todas as consequências decorrentes dessa mistura perigosa", explica Ângela. Embora o público infantil ainda não seja consumidor de bebidas alcoólicas, Ângela explica ainda que introduzir os conhecimentos sobre os perigos de se misturar álcool e direção, nessa faixa etária, é eficiente em dois sentidos: primeiro porque a criança leva o conhecimento até os adultos da família e segundo porque favorece a formação de uma nova geração que já vai crescer com o entendimento de que é proibido e perigoso beber e dirigir. "É um trabalho de prevenção de acidentes e de promoção da saúde, uma vez que compartilhamos conhecimento para que essa criança cresça mais consciente sobre como se proteger no trânsito e também se torne um multiplicador dessa mensagem junto à família", esclarece.
Se por um lado, a equipe busca incentivar nas novas gerações o entendimento de que álcool e direção não combinam, por outro tem como objetivo desconstruir um hábito social de jovens e adultos. "O público mais velho cresceu sem a proibição de dirigir após ter ingerido bebida alcoólica. Dessa forma, é mais difícil convencer esse grupo que não é seguro continuar em um comportamento de risco no trânsito", explica a pesquisadora. Ela compara esse desafio com a obrigatoriedade do uso do cinto de segurança, implementada pela legislação do trânsito de 1998. "Antes disso, as pessoas andavam sem cinto e foi preciso estipular uma multa para que a população aderisse à nova regra." Por outro lado, as campanhas educativas trabalhavam com as futuras gerações de motoristas para que esse uso do dispositivo de segurança se tornasse intrínseco ao ato de dirigir. E deu certo. "Para atingir o público infantil, as atividades são promovidas, preferencialmente, nas escolas públicas da região que fazem parte da Estratégia Saúde da Família, onde os alunos da UFRJ fazem estágio. "Nosso trabalho já é bem conhecido, por isso, somos constantemente chamados pelas escolas e por outros estabelecimentos, como empresas, organizadores de eventos sociais etc.", relata a professora. O projeto prevê ainda outras estratégias para alcançar jovens e adultos. Em uma delas, um grupo de alunos da equipe faz breves intervenções educativas em bares onde há concentração de jovens à noite. Distribuem panfletos com informações sobre o tema e introduzem a ideia da campanha, de ter sempre um amigo que àquela noite deixará de beber para levar o veículo.
Divulgação |
Peças de teatro são uma das formas lúdicas de ensinar as crianças sobre a importância de não beber e dirigir |
Para a pesquisadora, o projeto cumpre o preceito da indissociabilidade do tripé acadêmico, já que promove ações de extensão, ensino e pesquisa. "Além de termos alunos bolsistas de extensão e de iniciação científica – graduandos de enfermagem da UFRJ –, temos a participação de mestrandos da linha de pesquisa álcool e trânsito do Núcleo de Pesquisa em Enfermagem e Saúde Coletiva. Assim, desenvolvemos atividades em equipes multidisciplinares e interdisciplinares, mediante o incremento de um conjunto de ações articuladas e sistematizadas, que visam colaborar para a melhoria da qualidade de vida da população. Com isso, estamos indo ao encontro das atuais políticas públicas de saúde na temática de álcool e trânsito", afirma Ângela. Para ela, o projeto traz não apenas subsídios para discussões com alunos participantes, mas cria também um terreno fértil para a elaboração de estratégias de abordagem à população mais vulnerável ao uso abusivo do álcool e sua combinação com direção. "Visamos, a curto, médio e longo prazo, a redução das estatísticas de morbimortalidade causadas pela associação deste binômio."
Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes