Débora Motta
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O químico Guilherme Oliveira, coordenador do projeto, acompanha a visitação de alunos do Ensino Médio ao Museu Nacional/UFRJ |
Propondo uma alternativa lúdica à aprendizagem da química, Oliveira coordena um projeto de extensão na universidade que, desde 2011, vem oferecendo aos alunos do segundo ano do ensino médio do Ciep Raul Ryff, localizado no bairro de Paciência, na Zona Oeste do Rio, visitas guiadas ao Museu Nacional e ao Museu da Geodiversidade, ambos da UFRJ. O projeto conta com o apoio da FAPERJ, por meio do edital Apoio a Projetos de Extensão e Pesquisa – EXTPESQ. “A ideia de
As visitas aos museus são organizadas a cada quinze dias, com transporte escolar oferecido pelo projeto. Atualmente, três alunos de graduação trabalham como mediadores, ou seja, guiam, separadamente, um grupo de oito alunos, durante as visitações – número considerado adequado para não comprometer o aprendizado da turma. De acordo com Oliveira, são estudantes predominantemente de "classe média baixa", que moram em locais da periferia do Rio, carentes de atividades culturais e educativas. “Alguns alunos, com faixa etária média de 16 anos, revelaram, durante as visitas, que era a primeira vez na vida que entravam em um museu”, destaca o químico. “O projeto também é voltado para a inclusão social, ao viabilizar o acesso dos jovens a esses espaços culturais”, acrescenta.
No primeiro semestre de 2013, as visitas foram realizadas no Museu da Geodiversidade, no Instituto de Geociências da UFRJ, que apresenta uma integração das geociências e do entendimento da história geológica da Terra. Nesse segundo semestre, elas serão concentradas no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, que abriga um rico acervo em história natural, com exemplares representativos da biodiversidade, fósseis, objetos etnográficos e arqueológicos. A cada ambiente visitado, os mediadores, supervisionados por Oliveira, explicam sobre as peças e vídeos em exposição, enfatizando os aspectos químicos. “O
Na prática, a química é apresentada com exemplos concretos da natureza, para despertar o interesse e a curiosidade dos adolescentes pela disciplina, melhorar o rendimento escolar e, quem sabe, atrair futuros profissionais para a área. No Museu da Geodiversidade, por exemplo, um passeio pela sala dos minerais é, segundo Oliveira, “um prato cheio” para o ensino da química. “Ao conhecerem os minerais, como os cristais de ametista e o geodo, os alunos relacionam os conceitos teóricos de ligações metálicas e estrutura de sólidos com a realidade que nos cerca”, conta o professor. Em outra sala desse espaço cultural, os estudantes conhecem a terceira maior coleção de fósseis do País. “Falar da formação dos fósseis significa também falar de química, afinal trata-se da impressão de um material orgânico, os ossos, numa matriz inorgânica, a rocha”, explica.
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Jovens respondem a questionários durante a visita ao Museu da Geodiversidade: motivação para aprender |
Antes, durante e depois das visitas, os alunos respondem a questionários preparados especialmente para avaliar os procedimentos elaborados no projeto. O questionário aplicado antes das visitas avalia o perfil sociocultural, as expectativas com relação à visita e as impressões dos alunos com relação à química e às aulas de química. Já o questionário aplicado durante as visitas reúne perguntas sobre os vídeos e textos explicativos dos museus, procurando avaliar o interesse dos alunos em buscar as respostas. Com o questionário aplicado após as visitas, o objetivo é recolher as impressões dos alunos e a aprendizagem de conceitos. O interessante é que os alunos, apesar de não receberem qualquer prêmio, como pontos a mais na disciplina ou outras possíveis vantagens, são naturalmente motivados a responder os questionários. "Eles respondem mais de 90% das perguntas do questionário aplicado durante as visitas, apresentando nível de acertos em torno de 85%. Este resultado permite concluir que houve uma motivação intrínseca por parte dos alunos”, observa.
Os resultados do projeto são parciais, mas Oliveira já fez uma constatação. “Existe uma carência muito grande de contextualização da química no ensino, isto é, de apresentar as aplicações práticas da disciplina no cotidiano dos estudantes”, afirma. “O objetivo do programa de extensão universitária é abrir a universidade para a sociedade. Queremos dar continuidade ao projeto e, mais adiante, partir para outros espaços culturais, como a Casa da Ciência, também da UFRJ, ou, quem sabe, outros locais que não pertencem à universidade, e expandir a atuação talvez para outras escolas”. Além de Oliveira, participam do projeto os professores Márcio José Mello Cardoso (IQ/UFRJ) e Rhoneds Perez da Paz (Museu Nacional/UFRJ).
Leia mais:
http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=7507
http://www.faperj.br/boletim_interna.phtml?obj_id=5114
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