Débora Motta
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Detalhe do baú para o transporte de vacinas e exames do MotoNurse: autorrefrigeração |
Nessas áreas isoladas, onde automóveis têm dificuldade em circular, as motocicletas são um dos poucos veículos que conseguem transitar e garantir o transporte do material necessário para atendimento em saúde. Considerando essa necessidade, a empresa Fumajet, especializada em soluções para a saúde pública, está desenvolvendo o MotoNurse. Trata-se de uma moto equipada com uma tecnologia inovadora de refrigeração autossuficiente, que permite o transporte de vacinas e amostras para exames na temperatura ideal, determinada pelos laboratórios. O projeto foi contemplado pela FAPERJ, com o edital Apoio à Inovação Tecnológica no Estado do Rio de Janeiro.
De acordo com o coordenador do projeto, o engenheiro mecânico e sócio da empresa, Marcius da Costa, a ideia de desenvolver o MotoNurse surgiu a partir de um pedido da organização não governamental Médicos Sem Fronteiras (MSF). “Tivemos o primeiro contato com a MSF durante o Congresso Internacional de Medicina Tropical e Malária, realizado em 2012, no Rio. Na ocasião, representantes da ONG relataram que, nas missões para promover a saúde em países africanos, alguns atingidos por guerras ou catástrofes naturais, uma das maiores dificuldades é o transporte adequado de vacinas. Eles, então, solicitaram uma parceria com a Fumajet”, disse Costa.
A partir de então, o projeto MotoNurse foi elaborado com a consultoria da MSF e aprovado pelo comitê da organização, em sua sede em Genebra, na Suíça. A iniciativa terá apoio técnico para a implantação da tecnologia nas regiões onde a MSF atua. “Em certos casos, nas regiões remotas da África, não há energia elétrica, o que dificulta a conservação de remédios, vacinas e fluidos corporais para exames. Nesses casos, não há também iluminação adequada para a realização de procedimentos. O acesso à água limpa para curativos é outro obstáculo nesses locais”, relatou Costa. E justificou: “O MotoNurse será um aliado para atender a essas demandas da MSF e de outras organizações internacionais que prestam atendimento em saúde nos países periféricos. Também vai atender aos órgãos governamentais nas campanhas de vacinação em áreas distantes de centros urbanos.”
Para viabilizar o desenvolvimento do produto, a Fumajet está trabalhando junto com técnicos do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), que vai subsidiar parte do projeto de inovação por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), uma linha de financiamento oficializada em maio de 2013 pelo governo federal, com o objetivo de auxiliar companhias a criar produtos e processos inovadores. “O INT está trabalhando para oferecer soluções em desenho industrial para o MotoNurse. Depois de desenvolvido, o produto deve passar por testes de campo e receber a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), até chegar ao mercado em 2015, a preços acessíveis, para que possa ser adquirido por instâncias governamentais em saúde e distribuidores comerciais regionais”, adianta Costa.
Em outras palavras, o MotoNurse será uma motocicleta com sistema de apoio ao atendimento em campo, composto por baús para transporte de remédios, vacinas e amostras coletadas para exame, além de equipamentos para coleta de sangue, aplicação de vacinas e curativos. “O baú contará com um compartimento com sistema autônomo de resfriamento. Também terá mesa para atendimento e reservatório de água com mangueira e bomba com pressurização. Por fim, terá sistema de rádio e GPS, todos alimentados pelo motor do veículo”, explicou Costa.
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Improviso de baú durante o transporte de vacinas nas regiões |
A start up, que surgiu como integrante da incubadora da Universidade Veiga de Almeida (UVA), em 2009, se destacou recentemente pela criação do Motofog, veículo também desenvolvido com apoio da FAPERJ e utilizado, entre outras finalidades, para pulverizar inseticida contra o mosquito da dengue e demais vetores. Em 2010 a tecnologia do Motofog ganhou prêmios nacionais e internacionais, no Desafio Brasil Intel / FGV – 1 lugar nacional, e The Intel+UC Berkeley Technology Entrepreneurship Challenge, ficando entre as 15 melhores empresas do mundo em inovação.
Sobre a vacinação no Brasil
Em 2004, a primeira campanha de vacinação em massa realizada no Brasil completou um século. Idealizada pelo sanitarista Oswaldo Cruz, um dos fundadores da saúde pública no País, ela tinha por objetivo controlar a varíola, que então dizimava boa parte da população do Rio de Janeiro. Em 18 de setembro de 1973, foi fundado o Programa Nacional de Imunização (PNI). Nessas quatro décadas, tornou-se ação de governo caracterizada pela inclusão social. Não existem excluídos para o PNI. As vacinas do programa estão à disposição de todos, nos postos ou com as equipes de vacinação, cujo empenho permite levar a imunização mesmo a locais de difícil acesso às matas, aos morros, aos becos das favelas, às palafitas etc. Agentes de saúde vão aonde for preciso para imunizar a população.
Equipamentos e tecnologias são necessários para que campanhas de vacinação sejam executadas de forma correta e eficiente. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 50% das vacinas em todo o mundo chegam sem condições de uso aos pacientes. A cada dez pessoas vacinadas, cinco não ficam protegidas, devido ao meio inadequado de transporte que as inutiliza. "A maior preocupação dos laboratórios e empresas farmacêuticas é manter o produto em temperatura ideal no transporte sem que altere suas características", concluiu Costa.
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