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Publicado em: 14/03/2013
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FAPERJ dá início a seu ciclo de seminários com encontro sobre fármacos

 

  Divulgação / UFF

      
  Seminário FAPERJ: uma oportunidade para discutir os diversos
    gargalos existentes na cadeia produtiva de fármacos no País

Apesar de contar com um parque farmacêutico considerável, o Brasil desenvolve poucos fármacos inovadores. Pode-se dizer que apenas dois medicamentos recentes têm princípio ativo inteiramente nacional: o anti-inflamatório Acheflan e o Eleva, contra a disfunção erétil. A pergunta que se faz é por que se forma esse hiato e que medidas podem tentar reverter esse quadro. Para procurar respostas nesse sentido, a FAPERJ promove o seminário "Como avançar na cadeia de fármacos inovadores", com a participação de representantes de todas as áreas envolvidas nessa cadeia produtiva, desde pesquisadores, representantes da indústria farmacêutica e de setores governamentais. "A ideia é trazer todos esses atores para a discussão", comenta Vitor Ferreira, presidente da Associação Brasileira de Química (ABQ), assessor da diretoria científica da Fundação e um dos moderadores do encontro.

O seminário será o primeiro de um ciclo, proposto a partir da reunião de avaliação e planejamento, realizada no final de 2012, quando foram programadas diversas atividades. Além do seminário sobre fármacos, outros encontros estão sendo organizados pelos assessores das diretorias Científica e de Tecnologia, bem como por coordenadores de áreas, previstos para acontecer ao longo do ano. Entre eles, Internacionalização, em abril; Propriedade Intelectual e Patentes, em maio; Ética em Pesquisa, no início de junho; Divulgação Científica, no final de junho; Potencial Tecnológico do Estado do Rio de Janeiro, em agosto; Por um Rio Saudável (sustentabilidade, esportes, transportes etc.), em setembro; e Energias Alternativas Renováveis, em outubro. No final de junho, também está prevista a realização da 3 Feira FAPERJ de Ciência, Tecnologia e Inovação, que terá lugar no Centro Cultural Ação da Cidadania, junto à Zona Portuária do Rio de Janeiro.

"Apostamos em alguns temas relevantes, tanto do ponto de vista científico quanto pelo impacto sobre a sociedade. O de fármacos será o primeiro de uma série, já que a questão – como de outros setores de alta tecnologia – tem se mostrado prioritária", afirma o diretor científico da Fundação, Jerson Lima Silva. O diretor de Tecnologia da Fundação, Rex Nazaré Alves, concorda: "Desde 1979, quando o Brasil sofria os reflexos diretos da segunda crise do petróleo, ficou clara a importância do desenvolvimento de fármacos para o país. Naquele momento, esses itens constituíam a segunda grande despesa anual na pauta de importações brasileira", pondera Rex Nazaré. Para ele, "um país que deseja ter espaço entre as grandes nações terá que ter em sua base uma forte indústria farmacêutica. É nesse contexto, e ciente da necessidade de se conhecer exatamente a situação brasileira, que a FAPERJ toma a iniciativa desse seminário", explica Rex Nazaré.

Procurando avaliar o cenário brasileiro, Vitor Ferreira avalia: "Nas duas últimas décadas, passamos de uma indústria farmacêutica inteiramente dependente do exterior, que produzia cópia de medicamentos, para uma nova situação, bastante focada na produção de genéricos, desenvolvidos a partir de fármacos de grande consumo, cujas patentes internacionais estão expirando, produzidos com insumos importados de países como China e Índia." Ele prossegue, analisando como, mais recentemente, houve um avanço nas tentativas de se procurar desenvolver inovações incrementais, ou seja, em cima de um determinado componente ou no processo para se obter determinada matéria-prima. "Mas ainda não chegamos às inovações radicais, aquelas que partem do zero, das pesquisas sobre princípio ativo, até chegar, na outra ponta, ao medicamento propriamente dito. Como se trata de investimentos de risco, a fundo perdido, em anos e anos de pesquisa, faltam interesse da indústria e políticas nesse sentido", explica Ferreira.

Por outro lado, como destaca Jerson Lima Silva, o país conta uma excelente pesquisa biomédica, uma boa pesquisa clínica e começa, cada vez mais, a apostar na pesquisa translacional, ou seja, na capacidade de levar os resultados desses estudos a aplicações para a sociedade. "Nesse sentido, os fármacos são um capítulo especial, já que o tratamento de várias doenças, como a Aids, os problemas cardíacos ou o câncer, exigem cada vez mais tratamentos de ponta", reflete Lima Silva. Como ele explica, a questão é que enquanto as multinacionais farmacêuticas trazem suas pesquisas prontas, implantando no país apenas centros de produção, sem maior interesse em instalar aqui centros de pesquisa, as empresas nacionais têm dificuldade de dar esse salto.

"Temos no país excelentes químicos e farmacêuticos, mas permanece a dificuldade de fazer com que os resultados de estudos moleculares, de laboratório, passem ao estágio seguinte. "Ou seja, que passem por testes numa escala maior, numa unidade intermediária, tanto para confirmar se a formulação continua sendo eficaz quanto para ver se é economicamente viável, antes de se passar para a escala industrial. Tudo isso envolve tempo e recursos. É o chamado scale up e apenas um dos gargalos identificados", afirma Lima Silva. Ele prossegue citando o exemplo de outros países do Bric, como a Índia, por exemplo. "Embora sua indústria farmacêutica tenha começado produzindo medicamentos similares, agora está investindo pesado em fármacos inovadores. É um exemplo que o Brasil precisa seguir", enfatiza.

Vitor Ferreira levanta outras questões. "Empresas farmacêuticas, como qualquer outra, têm interesses comerciais e preferencialmente investem nos fármacos para tratamento das doenças que mais atingem os países ricos, como obesidade, problemas cardíacos e câncer. Malária, dengue e tuberculose, por outro lado, são doenças associadas a países pobres, cujo tratamento termina exigindo iniciativas governamentais. Então, como sair desse dilema?", indaga. Com tantos fatores em jogo, tanto para Ferreira quanto para Lima Silva e Nazaré Alves, cabe a uma Fundação como a FAPERJ trazer todos esses atores à discussão e, a partir das questões levantadas, buscar iniciativas.

"Queremos levantar o debate, prospectar as demandas, ouvir as sugestões e, talvez, a partir delas vermos se cabe o lançamento de editais específicos", comenta Ferreira. Lima Silva é da mesma opinião. "Ao promover a aproximação de todos os atores envolvidos, buscamos abrir possibilidades para novas parcerias e áreas para novos editais. Afinal, a iniciativa do seminário pontua a importância de uma agência de fomento, como a FAPERJ, não apenas em investir em determinados setores de pesquisa, como avaliar também como estes recursos podem ser empregados e fazer uma interface com a sociedade", finaliza Lima Silva.

"Como avançar na cadeia de fármacos inovadores" acontece nesta terça-feira, 19 de março, no auditório da Academia Brasileira de Ciências (ABC - Rua Anfilófio de Carvalho, 29, 3 andar, Centro), das 9h às 17h. O evento, que terá duas mesas redondas, contará com a participação de Gustavo Reis Ferreira, secretário de Ciência e Tecnologia do estado, que estará presente à abertura do seminário, ao lado do presidente da Fundação, Ruy Garcia Marques. A primeira mesa redonda terá início logo depois, com a participação de Antonio Paes de Carvalho, da Extracta Moléculas Naturais; Dyeison Antonow, gerente geral da Redefac, do Instituto Nacional do Câncer (Inca); de Eliezer Lacerda de Jesus Barreiro, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Fármacos e Medicamentos (Inofar) professor da Faculdade de Farmácia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); e Marcos Soalheiro, diretor de Desenvolvimento da Nortec Química. O assessor da diretoria científica, Vitor Ferreira, será o moderador. A segunda mesa redonda, programada para as 14h, contará com Hayne Felipe da Silva, diretor de Farmanguinhos, Fiocruz; Antonio Joaquim Werneck de Castro, presidente do Instituto Vital Brasil; Pedro Palmeira, representante do BNDES e da Defarma; e Carlos Fernando Gross, do Laboratório Gross. O moderador será o diretor científico da Fundação, Jerson Lima Silva.  

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