Vinicius Zepeda
Divulgação/Embrapa Hortaliças |
"Requeima" do tomate: doença agrícola deixa folhas e frutos com aspecto de queimado em pouco tempo |
Para reduzir o uso de água e de agrotóxicos, garantindo uma boa colheita, Galvão vem coordenando um projeto de implantação de pequenas estações meteorológicas com um mecanismo inovador de processamento de dados, em algumas plantações de tomate, no estado do Rio de Janeiro. A iniciativa, que conta com recursos do edital Apoio à Inovação e Difusão Tecnológica, da FAPERJ, é fruto de uma parceria entre a Pesagro-Rio, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio) e a Olearys – empresa que desenvolve tecnologia voltada para a prestação serviços de monitoramento de clima para agricultores. Até o momento já foram instaladas três estações na região de Nova Friburgo. “Já existem demandas apontadas para mais 20 em outros municípios da região serrana, centro-sul e noroeste fluminense até o final de 2013”, anima-se Galvão.
Paulo Filgueiras |
As estações meteorológicas coletam informações de quinze em quinze minutos e disponibilizam os resultados em tempo real |
Como explica Galvão, para aplicação adequada de agrotóxicos, é preciso considerar fatores como partes da planta onde se alojam as pragas, a velocidade e direção do vento, a temperatura ambiente, a umidade relativa do ar, o tipo de bico de pulverização, a pressão do pulverizador, o tamanho da gota, a velocidade de deslocamento por dentro da lavoura e o volume de calda a ser aplicado, visando uma cobertura uniforme, que atinja o alvo. "Podemos exemplificar a complexidade da operação: um vento forte pode fazer com que o produto não atinja o alvo; o tipo de bico e a pressão do pulverizador determinam o tamanho da gota; sol e vento contribuem para a evaporação das gotas pequenas; e gotas grandes escorrem para o solo e não protegem a planta", enfatiza.
Paulo Filgueiras |
O presidente da Pesagro-Rio, Silvio Galvão (D), explica o projeto para agricultores de Nova Friburgo, região serrana do estado |
Cada estação meteorológica tem capacidade média de alcance e interpretação de dados para um raio de até 5 km, podendo cobrir mais de 7 mil hectares (ou 70 km). "Nas áreas montanhosas, a cobertura é menor. Nestas áreas há predominância de mini e pequenas propriedades rurais, o que determinou a escolha inicial das propriedades que receberam as estações para testes iniciais, explica Galvão.
Ele destaca que, munidos dos dados disponibilizados pela Olearys e orientados por técnicos da Pesagro e da Emater, os agricultores podem agir preventivamente. "Com essas informações, os técnicos podem tomar decisões em tempo real e antecipar possíveis ataques da doença com até 15 dias de antecedência", explica. "Com pulverizações realizadas no tempo adequado, consegue-se controlar doenças com maior eficácia e o impacto ambiental é reduzido, sem causar prejuízos econômicos aos agricultores", complementa.
Apesar de funcionar a pouco mais de cinco meses, o projeto já vem colhendo resultados. Nas três estações meteorológicas instaladas na cidade de Nova Friburgo, os técnicos verificaram uma redução de mais de 40% no uso de agrotóxicos sem que houvesse queda da produtividade agrícola. Ao contrário, houve uma economia direta, já que a diminuição do emprego do produto – que já significa menores custos de produção – também resulta numa redução dos níveis de contaminação do meio ambiente, do próprio trabalhador rural e uma menor quantidade de resíduos nos frutos. "São tomates mais saudáveis e uma lavoura mais barata. Só falta agregar valor ao produto na comercialização, por ser mais sustentável e saudável", destaca Galvão. Com resultados tão promissores, a ideia é adaptar o projeto para utilizá-lo, no futuro, em outras culturas. À medida que adquirirmos maior agilidade no uso e na alimentação do sistema de informação, será possível desenvolver outros sistemas para outros cultivos de interesse para o estado do Rio de Janeiro", conclui.
Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes