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Publicado em: 21/02/2013
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Estações meteorológicas ajudam a reduzir uso de agrotóxicos

Vinicius Zepeda

Divulgação/Embrapa Hortaliças 

          
        "Requeima" do tomate: doença agrícola deixa folhas 
        e frutos com aspecto de queimado em pouco tempo

No Brasil, as variações climáticas são consideradas o principal fator para o surgimento de doenças agrícolas, entre elas, a popularmente conhecida como "requeima" do tomate. Transmitida pelo fungo Phytophtora infestans, a doença ataca todas as partes da planta, deixando as folhas e os frutos com aspecto de queimado e levando, em curto período de tempo, à perda total da produção. Bastam 12 horas de chuvas ou irrigação contínua com temperaturas em torno dos 17 graus Celsius para se criar as condições ideais para a infecção pela requeima. “Como não existem atualmente no país variedades de tomateiro resistentes ao P. infestans e a maioria dos agricultores não tem acesso a dados climáticos para proteger suas plantações, o controle de pragas, como a requeima, baseia-se quase que exclusivamente no uso excessivo e não racional de agrotóxicos, prática que acaba gerando uma série de prejuízos ao meio ambiente e à saúde humana”, explica o engenheiro agrônomo e presidente da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), Silvio José Elia Galvão. Ele acrescenta ainda que o uso indiscriminado desses produtos não se mostra eficaz e os agricultores acabam sofrendo perdas na produção do mesmo jeito.

Para reduzir o uso de água e de agrotóxicos, garantindo uma boa colheita, Galvão vem coordenando um projeto de implantação de pequenas estações meteorológicas com um mecanismo inovador de processamento de dados, em algumas plantações de tomate, no estado do Rio de Janeiro. A iniciativa, que conta com recursos do edital Apoio à Inovação e Difusão Tecnológica, da FAPERJ, é fruto de uma parceria entre a Pesagro-Rio, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro (Emater-Rio) e a Olearys – empresa que desenvolve tecnologia voltada para a prestação serviços de monitoramento de clima para agricultores. Até o momento já foram instaladas três estações na região de Nova Friburgo. “Já existem demandas apontadas para mais 20 em outros municípios da região serrana, centro-sul e noroeste fluminense até o final de 2013”, anima-se Galvão.

Paulo Filgueiras                                                          
      
   As estações meteorológicas coletam informações de quinze
em quinze minutos e disponibilizam os resultados em tempo real       
  
 
Segundo Galvão, a escolha do tomate se deveu ao fato deste ser uma das hortaliças mais consumidas no estado, gerando um enorme movimento na economia fluminense. "Além disso, é uma das culturas agrícolas em que mais se usa agrotóxicos em todo o país", explica. Ele também chama a atenção para os perigos do emprego de agrotóxicos pelos agricultores sem assistência técnica. "De acordo com levantamento feito pela equipe envolvida no projeto, 95% dos agricultores familiares do norte fluminense fazem uso de agrotóxicos, porém apenas 55% declararam contar com assistência técnica para isso. Na região serrana, no município de Teresópolis, esses números são ainda mais significativos:  98% fazem uso do produto, mas apenas 12% têm assistência técnica", acrescenta.

Como explica Galvão, para aplicação adequada de agrotóxicos, é preciso considerar fatores como partes da planta onde se alojam as pragas, a velocidade e direção do vento, a temperatura ambiente, a umidade relativa do ar, o tipo de bico de pulverização, a pressão do pulverizador, o tamanho da gota, a velocidade de deslocamento por dentro da lavoura e o volume de calda a ser aplicado, visando uma cobertura uniforme, que atinja o alvo. "Podemos exemplificar a complexidade da operação: um vento forte pode fazer com que o produto não atinja o alvo; o tipo de bico e a pressão do pulverizador determinam o tamanho da gota; sol e vento contribuem para a evaporação das gotas pequenas; e gotas grandes escorrem para o solo e não protegem a planta", enfatiza.

 Paulo Filgueiras

           
      O presidente da Pesagro-Rio, Silvio Galvão (D), explica o projeto
        para agricultores de Nova Friburgo, região serrana do estado
O engenheiro agrônomo afirma que atualmente o controle da requeima do tomate no campo é feito pela técnica conhecida como controle preventivo, que consiste em pulverizações de cinco em cinco dias após o tomate ser transplantado para o canteiro, até a colheita do fruto, independentemente das variações climáticas. "Como não se adota o monitoramento do clima, a doença pode se estabelecer durante o intervalo de pulverizações", afirma. Os técnicos da Olearys e a Pesagro então instalaram, em três propriedades distintas, equipamentos de medição para coleta de dados relativos à quantidade de chuvas, umidade relativa do ar, temperatura e os períodos de molhamento das folhas. As coletas são feitas em intervalos de quinze em quinze minutos e os resultados disponibilizados em tempo real, no site da Olearys. Uma vez apuradas, essas informações são enviadas a um programa de computador e transformadas em resultados úteis para o cotidiano dos agricultores. "O sistema de informática gera os coeficientes de risco climáticos, que favoreceriam a infecção da doença", acrescenta.

Cada estação meteorológica tem capacidade média de alcance e interpretação de dados para um raio de até 5 km, podendo cobrir mais de 7 mil hectares (ou 70 km). "Nas áreas montanhosas, a cobertura é menor. Nestas áreas há predominância de mini e pequenas propriedades rurais, o que determinou a escolha inicial das propriedades que receberam as estações para testes iniciais, explica Galvão.

Ele destaca que, munidos dos dados disponibilizados pela Olearys e orientados por técnicos da Pesagro e da Emater, os agricultores podem agir preventivamente. "Com essas informações, os técnicos podem tomar decisões em tempo real e antecipar possíveis ataques da doença com até 15 dias de antecedência", explica. "Com pulverizações realizadas no tempo adequado, consegue-se controlar doenças com maior eficácia e o impacto ambiental é reduzido, sem causar prejuízos econômicos aos agricultores", complementa.

Apesar de funcionar a pouco mais de cinco meses, o projeto já vem colhendo resultados. Nas três estações meteorológicas instaladas na cidade de Nova Friburgo, os técnicos verificaram uma redução de mais de 40% no uso de agrotóxicos sem que houvesse queda da produtividade agrícola. Ao contrário, houve uma economia direta, já que a diminuição do emprego do produto – que já significa menores custos de produção – também resulta numa redução dos níveis de contaminação do meio ambiente, do próprio trabalhador rural e uma menor quantidade de resíduos nos frutos. "São tomates mais saudáveis e uma lavoura mais barata. Só falta agregar valor ao produto na comercialização, por ser mais sustentável e saudável", destaca Galvão. Com resultados tão promissores, a ideia é adaptar o projeto para utilizá-lo, no futuro, em outras culturas. À medida que adquirirmos maior agilidade no uso e na alimentação do sistema de informação, será possível desenvolver outros sistemas para outros cultivos de interesse para o estado do Rio de Janeiro", conclui.

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