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Publicado em: 16/08/2012
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Novos usos da fotografia são tema de seminário

Vinicius Zepeda

 Luciana Lopes

          

 Teresa Bastos (E), André Gunthert e Victa de Carvalho:
 estiveram presentes na abertura do seminário, no CCJF

Atualmente, a popularização das redes sociais, como Flickr, Facebook, e aplicativos de compartilhamento de imagens, como o Instagram, têm trazido novas formas de divulgação de imagens. Se antes da tecnologia digital, as fotos eram escolhidas por sua originalidade, hoje cada vez mais imagens aparentemente banais são postadas em sites na Internet. "O Facebook se tornou o maior álbum de fotos do mundo. Ali, o mais importante não é ser original e, sim, estabelecer um diálogo com quem as vê. Fotos de pés para dizer que está num determinado local ou de comida para falar do que se fez naquele dia são cada vez mais comuns." A afirmação é do pesquisador francês e especialista em cultura visual, André Gunthert, durante a palestra da abertura do Seminário Internacional Fotografia e Experiência, que está acontecendo nesta quinta, 16 de agosto, no Centro Cultural Justiça Federal (CCJF) do Rio de Janeiro. Coordenado pelas professoras da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Eco/UFRJ) Teresa Bastos e Victa de Carvalho, o evento conta com apoio da FAPERJ.

Segundo Gunthert, a originalidade ainda é bastante relevante em dois pontos: na imprensa e na própria fotografia artística. Nesse sentido, ele destacou o crescimento da importância dos editores de imagem e dos curadores de exposições. "No caso do jornalismo, mesmo que o nome do editor de imagem não apareça em destaque, sua importância hoje em dia é cada vez maior. Talvez algum dia a imprensa passe a destacar seu crédito", explicou. Já em relação às exposições fotográficas, em alguns casos, o nome do curador aparece com maior destaque do que o dos próprios fotógrafos. "Muitas vezes ele acaba sendo mais importante mesmo, ao mostrar como imagens aparentemente sem valor individualmente, quando colocadas juntas, se tornam arte", completou.

Caio Meira 
     
André Gunthert mostra uma das imagens manipuladas
da campanha do ex-presidente francês Nicola Sarkozy
Ele falou ainda sobre a relação da tecnologia digital com a imprensa. "A mídia já percebeu que quando há muitas câmeras e smartphones num local, algo importante está acontecendo", destacou Gunthert. Para exemplificar sua teoria, ele falou da própria experiência que vivenciou em sua viagem da França para o Brasil. Viajando no mesmo vôo em que estavam os atletas da delegação brasileira que participou das Olimpíadas, em Londres, encerradas neste domingo, 13 de agosto, ele percebeu, no aeroporto, um aglomerado de fotógrafos profissionais e amadores em torno dos atletas brasileiros. "A fotógrafa oficial da delegação estava fora da multidão, registrando justamente o amontoado de pessoas que captavam as imagens dos esportistas, para mostrar que aquilo era algo importante, pois sabemos que as próximas Olimpíadas, de 2016, serão no Brasil", observou.

A possibilidade de verificação imediata da foto, que a tecnologia digital permite, também foi abordada pelo francês. Ele lembrou que, nas máquinas analógicas, o resultado das fotos só era conhecido depois do filme revelado, o número de fotos para fazer era limitado e as correções eram extremamente difíceis. "Hoje, vemos tudo na hora, podemos tirar um número ilimitado de fotos e fazer a seleção, ou mesmo manipular essas imagens, no computador", concluiu.

Encerrando a palestra, ele falou sobre a manipulação de imagens originais, seja pelo público anônimo, ou mesmo pela própria imprensa. "Durante a campanha para presidente da França, para ironizar Sarkozy, seus adversários manipularam a imagem de seus cartazes de propaganda. Foram tantas as piadas que até a capa da revista americana New Yorker utilizou do recurso para falar do assunto", recordou Gunthert. O troco veio mais tarde, com a foto oficial do novo presidente francês, François Hollande, satirizada. A imagem vazou na Internet antes de ser publicada e desagradou a maioria dos franceses. Começou-se, então, um festival de deturpações da imagem oficial. "Tanto na brincadeira com Sarkozy quanto com Hollande há um ponto em comum: numa pesquisa no Google, as imagens oficiais se misturam às manipuladas, o que dificulta descobrir qual foi a foto original", conta.

Reprodução 

       
    No canto superior esquerdo, a foto oficial de François Hollande, seguida de
    uma série de manipulações feitas por anônimos e divulgadas na internet
Outros dois projetos, citados durante o seminário, também foram desenvolvidos com apoio da FAPERJ: a parte digital de um laboratório de fotografia, e um estudo teórico e prático sobre fotografias do cotidiano. Ele está alocado no Centro de Produção Multimídia da Eco/UFRJ, onde estão integrados os espaços voltados para rádio, jornalismo e vídeo. "Ali, as mídias se fundem e a pesquisa das linguagens se misturam, o que é bastante comum. Vale destacarmos o projeto Midiateca, um banco de imagens e textos sobre fotografia contemporânea brasileira que estamos quase concluindo sua primeira etapa", explicou Victa de Carvalho, uma das organizadoras do evento. No segundo projeto, ela enfatizou que mesmo a banalidade do cotidiano, descrita por André Gunthert, é também um tema muito explorado nos ensaios fotográficos atuais. "Num dos que fazem parte de nosso acervo, há um clima sombrio, próximo do surrealismo. É um autoretrato do autor, em sua casa, em que roupas penduradas no cabide eram dispostas como se parecessem ele mesmo", exemplificou. Victa acrescenta ainda que a fotografia do cotidiano inclui tanto a banalidade quanto o estranho, como é o caso do trabalho de seu aluno.

Ainda na programação do seminário, será realizado, na próxima quarta-feira, 22 de agosto, também no CCJF, às 18h30, um bate-papo sobre fotografia a partir das publicações do acervo do local. "Poucos sabem que o CCJF possui uma biblioteca especializada em livros de arte, com destaque para a fotografia, disponíveis para consulta pública. Algumas de suas publicações são de difícil acesso, como a francesa Études Photographiques, editada por André Gunthert e disponível para consulta on-line, mas que, em versão impressa, só está disponível no CCJF e na biblioteca da Maison de France", afirmou a professora da Eco/UFRJ e também organizadora do evento, Teresa Bastos. Os interessados em assistir ao encontro precisam chegar com uma hora de antecedência para pegar senhas.

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