Vilma Homero
Fernando Tatagiba / Cerrado Nativo |
Rica em vitamina C e antioxidantes, a cagaita poderá |
O projeto de Lucia Maria Jaeger de Carvalho, do Laboratório de Tecnologia e Análise Instrumental de Alimentos da Faculdade de Farmácia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), tem exatamente este objetivo. Com apoio do edital de Apoio a Grupos Emergentes, da FAPERJ, sua equipe analisa alternativas para o uso da fruta. "Com o boom das bebidas isotônicas e refrigerantes, o que estamos propondo são novas opções de sabores, com a vantagem de se aproveitar as propriedades antioxidantes e a vitamina C da fruta", afirma a pesquisadora. Ela explica que nas áreas do cerrado brasileiro, onde laranjas e outros cítricos do gênero não são tão abundantes, frutas como a cagaita oferecem uma fonte de vitamina C acessível à população.
Para seu trabalho, a pesquisadora lançou mão de recursos de grande precisão. "Identificamos as substâncias voláteis responsáveis pelo aroma do fruto, utilizando a microextração em fase sólida (MEFS) e a cromatografia gasosa de alta resolução acoplada à espectrometria de massas", explica. A análise da composição da fruta e de sua atividade antioxidante, por vários métodos, tema da dissertação de mestrado de Ediane Maria Gomes Ribeiro, revelou que a cagaita contém 90% de água; 0,25% a 0,33% de minerais; 1,85% a 2,03% de proteínas; 0,20% a 0,36% de lipídios; e 7,62% a 8,73% de carboidratos. Segundo a pesquisadora, a polpa, com ou sem casca, contém bom conteúdo de açúcares e baixo valor calórico. Sua boa capacidade antioxidante vem da vitamina C e dos carotenóides – substâncias que lhe conferem a coloração amarelada, como a luteína e a zeaxantina. Essa parte do trabalho foi objeto da dissertação de mestrado de Patrícia Barros Gomes, orientanda de Lúcia, que avaliou carotenóides, como o alfa e betacaroteno, com atividade pró-vitamina A. "Por todas essas propriedades, nossa meta é estudar formas de aproveitar a cagaita em alimentos, sem reduzir sua atividade antioxidante ou seus níveis de vitamina C."
Esse é realmente o maior desafio, uma vez que a clarificação do suco extraído da polpa da fruta, realizada em filtração por membranas, já provoca uma pequena redução dessas substâncias. "A vitamina C é muito suscetível ao tratamento térmico, e o calor é a base para a fabricação de geleias e vários outros produtos", explica. Por isso mesmo, o assunto está sendo estudado por outro aluno de Lucia, o mestrando Nicolas Tebaldi. Em mais um trabalho, o doutorando Flávio de Souza Neves Cardoso avalia formas de empregar enzimas que possam facilitar o processo de clarificação. "Além de avaliar as perdas de nutrientes e não nutrientes no suco durante o processo de microfiltração, vemos a possibilidade de adicionar micro ou nanocápsulas de ácido ascórbico, ou seja, da vitamina C eventualmente perdida no processo", analisa.
Fernando Tatagiba / Cerrado Nativo |
Pequena e saborosa, a cagaita poderá ter a polpa liofilizada para exportação |
Tudo isso permitirá o aproveitamento praticamente total do fruto da cagaiteira. "Com agregação de valor à matéria-prima regional e seu aproveitamento durante períodos de entressafra, estaremos contribuindo para ampliar as atividades das cooperativas do cerrado e fazendo com que brasileiros do Sul e Sudeste, além de estrangeiros, passem a conhecer os sabores do Centro-Oeste do país."
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