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Publicado em: 19/06/2012
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Cientistas da UFRJ classificam gênero novo de vírus

Débora Motta

 

                                                           Divulgação/ IBCCF
  
   A bolsista Nota 10 da FAPERJ  Laila Schnellrath, ao
  microscópio, observa células infectadas com vírus Cotia
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Um grupo de pesquisadores do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ) conseguiu dar um ponto final a uma questão taxonômica que vinha despertando o interesse de cientistas desde os anos 1960. Sob a supervisão da virologista Clarissa Damaso, eles descobriram que o vírus Cotia pertence a um novo gênero. “Até a década de 1990, os grupos de pesquisa não conseguiam classificar o vírus, só sabiam que ele era da família dos poxvírus – o protótipo dessa família é o vírus vaccinia, que tem sido usado como uma ferramenta eficaz em provocar forte resposta imunitária num hospedeiro, como no caso da vacina contra a varíola –, mas não identificavam o gênero corretamente”, explica Clarissa, que é chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo contou com o apoio da FAPERJ, por meio de Auxílio Básico à Pesquisa (APQ 1) e do programa Bolsa Nota 10, que contemplou duas alunas de pós-graduação da instituição envolvidas no projeto – Priscila Afonso e Laila Schnellrath.

 

A classificação foi possível devido ao empenho dos pesquisadores, que, no laboratório da UFRJ, em colaboração com a Universidade da Flórida, realizaram o sequenciamento que realizaram, no laboratório da UFRJ, em colaboração com a Universidade da Flórida, o sequenciamento do genoma completo do vírus. “Analisamos diversas características biológicas do vírus no sequenciamento do genoma e as variações de células que ele infecta. O sequenciamento também apresentou genes nunca antes descritos nessa família de vírus. Eles podem ter sido incorporados ao longo da evolução do Cotia, de hospedeiros desses micro-organismos”, conta Clarissa, lembrando que o estudo rendeu a publicação de um artigo como capa da renomada revista Journal of Virology e divulgação no site especializado This week in virology.

 

Causador de doenças neurológicas em camundongos, como encefalite e paralisia, o vírus Cotia apresenta baixo potencial de infecção em seres humanos. “O homem não deve ser hospedeiro, já que não há notícias de pessoas contaminadas pelo vírus, que é conhecido desde 1961”, diz Clarissa Damaso. “No entanto, ele apresenta risco de infecção em roedores e, ao que tudo indica, em outros mamíferos, que têm em comum o fato de viverem na floresta, como os cervos”, completa.  

 

 Divulgação/ IBCCF
     
 O vírus Cotia visto no microscópio eletrônico:
 gênero novo coloca fim à questão taxonômica
 
O Cotia foi descoberto na década de 1960 por pesquisadores do Instituto Adolpho Lutz, em São Paulo. Eles deixaram alguns camundongos em gaiolas próximas a uma área verde, o que favoreceu a exposição dos roedores a micro-organismos e seus hospedeiros. Quando os pesquisadores perceberam, uma parcela dos camundongos, já infectada pelo vírus, apresentava doenças neurológicas.

 

Já no laboratório da UFRJ, o estudo começou em 2005, quando dois camundongos infectados com Cotia foram cedidos pelo instituto paulistano. “Desde então, fizemos todos os estudos para classificar esse vírus. Foi mais difícil trabalhar posteriormente com ele porque, inoculado nas células de macaco, o Cotia as infecta, mas no microscópio elas não apresentam alteração morfológica e camuflam a infecção”, conta.

 

Para a pesquisadora, a classificação correta do vírus é uma contribuição para a virologia brasileira e abre as portas para um conhecimento maior do micro-organismo, que pode ter diversas aplicações médicas no futuro. Uma delas pode vir a ser seu uso em terapias oncológicas. “Vamos fazer testes no laboratório para estudar a possibilidade de empregá-lo como agente causador da morte de células cancerígenas”, adianta Clarissa. “Por enquanto, observamos que células tumorais de glioma humano ou de rato pareciam destruídas após a infecção com o vírus Cotia. Mas ainda faltam muitos testes para podermos chegar a um resultado nesse sentido”, conclui.

 

Além da participação das alunas bolsistas de mestrado Nota 10 da FAPERJ, Priscila Afonso e Laila Schnellrath, e da supervisão de Clarissa, o trabalho contou com as estudantes de pós-graduação Patrícia Silva e Desyrée Jesus. A colaboração com a Universidade da Florida para o sequenciamento do genoma do vírus Cotia foi realizada em parceria com o pesquisador brasileiro Nissin Moussatche – que atualmente trabalha na instituição americana – e com a professora Marcia Attias, também do IBCCF/UFRJ.

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