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Publicado em: 08/03/2012
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Quando design e engenharia navegam juntos

Elena Mandarim

 

 Divulgação / Holos Brasil
   
Empresa náutica aposta na remodelação do Canoe Skiff para
diversificar clientes, aumentar as vendas e popularizar o remo
 
Para um empreendimento se manter na liderança, tanto precisa investir constantemente em inovação tecnológica quanto ainda diversificar produtos e mercado. Contemplada no edital de Apoio ao Desenvolvimento do Design em Empresas, programa de fomento da FAPERJ, desenvolvido em parceria com o Sebrae e a Firjan, a Holos Brasil, empresa incubada no Pólo Náutico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), prevê modificações visuais e técnicas no formato do barco a remo Canoe Skiff, em produção há dez anos. A proposta é agregar valor estético e funcionalidade para remodelar a embarcação, e assim atender a diferentes públicos. Se, por um lado, o novo modelo,  chamado de Open Skiff, será mais veloz do que o original, possibilitando seu uso em treinos e competições por atletas profissionais, por outro terá um sistema opcional de encaixe de flutuadores que lhe garantirá maior estabilidade, permitindo a prática do esporte no mar, onde há ondas e as águas são mais revoltas. Ele ainda facilita o aprendizado de iniciantes e pode ser utilizado por pessoas com  dificuldade de movimentação dos membros inferiores.

 

“As modificações no design permitirão que o barco fique mais veloz e, com isso, mais instável. Então, os usuários que não tiverem o total controle da embarcação podem se beneficiar dos flutuadores na lateral. É como uma bicicleta de rodinhas”, explica o engenheiro naval Lorenzo Cardoso de Souza, um dos sócios e idealizador da Holos Brasil. “Em dez anos de produção do Canoe, já vendemos em torno de 400 barcos. A partir da produção do novo modelo, pretendemos aumentar ainda mais as vendas, justamente porque sua versatilidade torna o barco adaptável a esportistas com diferentes biotipos, idade, peso e nível técnico”, complementa.

 

No momento, embora a empresa conte com designers em seu quadro, os empreendedores buscam parceria com um escritório especializado que consiga materializar a concepção do novo produto da empresa. "Certamente, eles contribuirão com soluções inovadoras. Esperamos também que este intercâmbio promova avanços na metodologia do projeto, valorizando ainda mais o design em contraponto com a engenharia." Lorenzo explica, por exemplo, que para navegar no mar, a embarcação precisa ter um mecanismo que impeça a entrada e o acúmulo de água no cockpit, onde fica o remador. "Do contrário, o barco pode ficar mais pesado e ainda mais instável, prejudicando o desempenho do esportista.” Outro requisito, segundo o engenheiro, é o desenvolvimento de uma carreta própria para o Open Skiff, que possa ser puxada por carro ou por uma pessoa a pé.  “Queremos facilitar a vida do nosso cliente. Se ele morar longe do local de treino, pode levar o barco de carro. Se ele morar em frente à lagoa ou ao mar em que pretende se exercitar, pode carregar a embarcação a pé”, explica Lorenzo, que já remou pelo Botafogo e pela UFRJ durante os tempos de faculdade, retomou a atividade por acreditar que essa proximidade com o esporte contribuirá para o sucesso do projeto.

 

Com recursos do edital de Apoio à Inovação Tecnológica, da FAPERJ, a Holos Brasil busca ainda criar o protótipo do barco solar multimissão autônomo, uma embarcação com piloto automático, movida a energia solar, que possa navegar sozinha por uma rota próxima à costa brasileira. A ideia é que, com a adição de alguns equipamentos tecnológicos, como GPS, o barco possa executar missões de importante impacto socioeconômico com baixo custo operacional. Entre as opções para seu uso, destacam-se avaliação de derramamento de petróleo, mapeamento de fundo, busca por embarcações naufragadas, patrulhamento marítimo contra navios ou submarinos estrangeiros, fiscalização de pesca em reservas marinhas ou durante períodos de restrição e operações de busca e salvamento. O projeto está sendo executado em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que é referência nacional em energia solar.

 

Versatilidade da Holos Brasil

 

 Divulgação / Holos Brasil

       
        Semelhante ao Laser e com mesma qualidade técnica, o veleiro Dingue 
       é uma opção mais em conta para quem deseja se iniciar no iatismo
 
Segundo Lorenzo, os barcos a vela são prioridade para a Holos Brasil. O primeiro projeto da empresa foi relançar o veleiro brasileiro Dingue, que é um modelo semelhante ao laser – barco a vela de classe olímpica, que por seu imenso sucesso é apontado como responsável pela popularização do iatismo no mundo. “Com cerca de R$ 12 mil, um brasileiro pode adquirir um Dingue, fabricado por nós e de qualidade equivalente ao Laser, importado da Inglaterra e comercializado no país por R$ 25 mil”, explica Lorenzo. Ele ressalta que muitos atletas e esportistas acabam desistindo do esporte devido ao alto custo do equipamento, como casco, mastro e vela, todos importados.

 

A Holos Brasil é a única empresa a produzir o Dingue e, ao longo de sua existência, já vendeu mais de 630 unidades. Para o engenheiro, é importante criar produtos nacionais, com preços mais acessíveis, de qualidade igual ou superior aos fabricados fora do país. Ele conta que atualmente as pesquisas focam a construção de peças náuticas desenvolvidas com materiais compostos e elaborados, como a fibra de carbono. Como resultado, já estão produzindo o casco e o mastro para serem usados no modelo Finn, também de classe olímpica, com dimensões e aparência semelhantes ao Dingue e ao Laser, mas bem mais sofisticado tecnologicamente.

 

Segundo Lorenzo, o Finn, importado completo da Europa, chega ao Brasil a um custo aproximado de R$ 80 mil, dos quais R$ 40 mil correspondem ao casco e R$ 16 mil ao mastro. “Nosso casco, recentemente adotado por dois dos três melhores velejadores dessa classe no país, é comercializado por R$ 28 mil, com todos os impostos inclusos. E nossa estimativa é de que o mastro possa ser comercializado por aproximadamente R$ 9 mil. É uma excelente redução de custos para quem quer se iniciar no esporte”, comemora.

 

Outras duas embarcações também estão na linha de produção da Holos Brasil: o Canoe Duplo, um barco a remo para duas pessoas, e o Emi, semelhante ao Dingue, mas com dimensões bem maiores e com um design inovador. A empresa, reconhecida no mercado náutico, atua ainda na indústria automobilística, e nos setores de saúde e militar. “Hoje, nossa equipe é capaz de propor soluções viáveis para projetos e peças em materiais compostos. Desenvolvemos, por exemplo, uma carcaça em kevlar, um tipo de fibra sintética muito resistente, para cobrir a estrutura de um robô submarino da Petrobras. Outro projeto da empresa foi a criação do primeiro trenó habitável para exploração Antártica, feito inteiramente em fibra de carbono e kevlar”, exemplifica Lorenzo.

 

Ele conta que, em 2009, a Holos Brasil obteve a licença de operação ambiental do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que garante que suas atividades estão em conformidade com as leis ambientais. O engenheiro destaca ainda que todos os funcionários passam por constante capacitação. “Estima-se que cada emprego direto nessa área gere outros 15 indiretos. Nossa preocupação é promover um investimento inovador e tecnológico que contribua para desenvolver o setor náutico, tanto no sentido econômico quanto no social. Participar de projetos que contribuem com tudo isso é uma satisfação para nós da Holos”, conclui Lorenzo.

 

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