Elena Mandarim
Divulgação / Holos Brasil |
Empresa náutica aposta na remodelação do Canoe Skiff para diversificar clientes, aumentar as vendas e popularizar o remo |
“As modificações no design permitirão que o barco fique mais veloz e, com isso, mais instável. Então, os usuários que não tiverem o total controle da embarcação podem se beneficiar dos flutuadores na lateral. É como uma bicicleta de rodinhas”, explica o engenheiro naval Lorenzo Cardoso de Souza, um dos sócios e idealizador da Holos Brasil. “Em dez anos de produção do Canoe, já vendemos em torno de 400 barcos. A partir da produção do novo modelo, pretendemos aumentar ainda mais as vendas, justamente porque sua versatilidade torna o barco adaptável a esportistas com diferentes biotipos, idade, peso e nível técnico”, complementa.
No momento, embora a empresa conte com designers em seu quadro, os empreendedores buscam parceria com um escritório especializado que consiga materializar a concepção do novo produto da empresa. "Certamente, eles contribuirão com soluções inovadoras. Esperamos também que este intercâmbio promova avanços na metodologia do projeto, valorizando ainda mais o design em contraponto com a engenharia." Lorenzo explica, por exemplo, que para navegar no mar, a embarcação precisa ter um mecanismo que impeça a entrada e o acúmulo de água no cockpit, onde fica o remador. "Do contrário, o barco pode ficar mais pesado e ainda mais instável, prejudicando o desempenho do esportista.” Outro requisito, segundo o engenheiro, é o desenvolvimento de uma carreta própria para o Open Skiff, que possa ser puxada por carro ou por uma pessoa a pé. “Queremos facilitar a vida do nosso cliente. Se ele morar longe do local de treino, pode levar o barco de carro. Se ele morar em frente à lagoa ou ao mar em que pretende se exercitar, pode carregar a embarcação a pé”, explica Lorenzo, que já remou pelo Botafogo e pela UFRJ durante os tempos de faculdade, retomou a atividade por acreditar que essa proximidade com o esporte contribuirá para o sucesso do projeto.
Com recursos do edital de Apoio à Inovação Tecnológica, da FAPERJ, a Holos Brasil busca ainda criar o protótipo do barco solar multimissão autônomo, uma embarcação com piloto automático, movida a energia solar, que possa navegar sozinha por uma rota próxima à costa brasileira. A ideia é que, com a adição de alguns equipamentos tecnológicos, como GPS, o barco possa executar missões de importante impacto socioeconômico com baixo custo operacional. Entre as opções para seu uso, destacam-se avaliação de derramamento de petróleo, mapeamento de fundo, busca por embarcações naufragadas, patrulhamento marítimo contra navios ou submarinos estrangeiros, fiscalização de pesca em reservas marinhas ou durante períodos de restrição e operações de busca e salvamento. O projeto está sendo executado em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que é referência nacional em energia solar.
Versatilidade da Holos Brasil
Divulgação / Holos Brasil |
Semelhante ao Laser e com mesma qualidade técnica, o veleiro Dingue é uma opção mais em conta para quem deseja se iniciar no iatismo |
A Holos Brasil é a única empresa a produzir o Dingue e, ao longo de sua existência, já vendeu mais de 630 unidades. Para o engenheiro, é importante criar produtos nacionais, com preços mais acessíveis, de qualidade igual ou superior aos fabricados fora do país. Ele conta que atualmente as pesquisas focam a construção de peças náuticas desenvolvidas com materiais compostos e elaborados, como a fibra de carbono. Como resultado, já estão produzindo o casco e o mastro para serem usados no modelo Finn, também de classe olímpica, com dimensões e aparência semelhantes ao Dingue e ao Laser, mas bem mais sofisticado tecnologicamente.
Segundo Lorenzo, o Finn, importado completo da Europa, chega ao Brasil a um custo aproximado de R$ 80 mil, dos quais R$ 40 mil correspondem ao casco e R$ 16 mil ao mastro. “Nosso casco, recentemente adotado por dois dos três melhores velejadores dessa classe no país, é comercializado por R$ 28 mil, com todos os impostos inclusos. E nossa estimativa é de que o mastro possa ser comercializado por aproximadamente R$ 9 mil. É uma excelente redução de custos para quem quer se iniciar no esporte”, comemora.
Outras duas embarcações também estão na linha de produção da Holos Brasil: o Canoe Duplo, um barco a remo para duas pessoas, e o Emi, semelhante ao Dingue, mas com dimensões bem maiores e com um design inovador. A empresa, reconhecida no mercado náutico, atua ainda na indústria automobilística, e nos setores de saúde e militar. “Hoje, nossa equipe é capaz de propor soluções viáveis para projetos e peças em materiais compostos. Desenvolvemos, por exemplo, uma carcaça em kevlar, um tipo de fibra sintética muito resistente, para cobrir a estrutura de um robô submarino da Petrobras. Outro projeto da empresa foi a criação do primeiro trenó habitável para exploração Antártica, feito inteiramente em fibra de carbono e kevlar”, exemplifica Lorenzo.
Ele conta que, em 2009, a Holos Brasil obteve a licença de operação ambiental do Instituto Estadual do Ambiente (Inea), que garante que suas atividades estão em conformidade com as leis ambientais. O engenheiro destaca ainda que todos os funcionários passam por constante capacitação. “Estima-se que cada emprego direto nessa área gere outros 15 indiretos. Nossa preocupação é promover um investimento inovador e tecnológico que contribua para desenvolver o setor náutico, tanto no sentido econômico quanto no social. Participar de projetos que contribuem com tudo isso é uma satisfação para nós da Holos”, conclui Lorenzo.
Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes