Vinicius Zepeda
Divulgação/Hupe |
O uso do afastador de Bookwalter permite maior exposição da cavidade abdominal durante a cirurgia |
Para garantir a pacientes com câncer o acesso às modernas técnicas de intervenção cirúrgica no Hupe, a pesquisa Novas estratégias na abordagem de metástases hepáticas do carcinoma do cólon e reto possibilitou a compra de equipamentos necessários para realizar os procedimentos de maneira mais adequada. Além de instrumental cirúrgico específico, o estudo ainda possibilitou a aquisição de um gerador eletrocirúrgico microprocessado (responsável pela dissecção e ressecção de partes do fígado), um aparelho de ultrassonografia com capacidade de realizar exames intra-operatórios e um afastador cirúrgico de Bookwalter que, por meio de várias pás articuladas, possibilita melhor exposição da cavidade abdominal, facilitando a ação do cirurgião. “Enquanto numa operação de grande porte, sem o uso deste equipamento, haveria a necessidade de três auxiliares além do cirurgião, com o uso do afastador, o mesmo procedimento poderia ser realizado com uma equipe mais reduzida”, explica Pitombo.
De acordo com o cirurgião, a intervenção cirúrgica é indispensável para o tratamento do câncer colo-retal. “Cerca de 40% dos pacientes com câncer do cólon e reto vão apresentar lesões no fígado no decorrer da doença. O uso de tratamentos tradicionais, como radioterapia e quimioterapia, tem garantido uma sobrevida de dois anos ainda pequena (entre 25% e 30%) e de raros pacientes em longo prazo”, explica. “Já a retirada da parte do fígado dos pacientes com câncer que já esteja comprometida com tumores mostrou-se a única forma de tratamento a apresentar resultado satisfatório em longo prazo. A sobrevida em cinco anos ficou entre 25% e 37%, e, em 10 anos, entre 20% e 22%”, acrescenta Pitombo.
O ultrassom intra-operatório é outro equipamento obtido com os recursos da pesquisa e destacado pelo pesquisador. O equipamento permite a realização de exames de ultrassonografia durante o procedimento cirúrgico, o que possibilita o diagnóstico de lesões que normalmente passam despercebidas pelos métodos de imagem pré-operatórios ou pela palpação bimanual. “Estas lesões não visualizadas pelos métodos de imagem mais comuns podem ser identificadas em até 50% dos casos em que o ultrassom intra-operatório é utilizado”, explica Marcos Pitombo. “Outro ponto importante também é que este equipamento nos permite verificar de maneira mais precisa a relação entre o tumor e o surgimento de vasos sanguíneos dentro do fígado, o que pode, por vezes, alterar a tática operatória, alterar o tipo de procedimento indicado e, em alguns acasos, a até mesmo contra-indicar a operação”, destaca.
Com os novos equipamentos e com o consentimento do Comitê de Ética do Hupe, a pesquisa irá avaliar as condições clínicas de pacientes portadores de câncer colo-retal do Hupe que apresentem lesões do fígado. “Entretanto, aqueles que apresentarem lesões em outros órgãos, além do fígado, ou que tenham surgimento de tumores não controlados, serão excluídos do estudo”, explica Pitombo. “Além disso, poderemos avaliar o papel da ultrassonografia intra-operatória no diagnóstico de novos tumores não detectados pelos métodos mais comumente usados, o impacto na formulação de novas estratégias cirúrgicas e, por último, verificar os melhores procedimentos para cada um dos casos”, conclui.
Marcos Pitombo refere que o apoio da FAPERJ, em muitos dos seus editais, tem sido fundamental para a evolução tecnológica do Departamento de Cirurgia Geral da Faculdade de Ciências Médicas da Uerj e em muitos outros setores do Hupe: “São muitos anos sem investimento, o que determinou uma grande defasagem no que se refere aos procedimentos atualmente empregados. O Hupe, como hospital universitário, necessita obrigatoriamente de dispor dos avanços tecnológicos, o que irá se refletir diretamente na formação dos alunos de medicina e de muitas outras áreas da saúde”.
Divulgação / Uerj
Professor Ivan Mathias recebe
homenagem: sala em seu nome
Em complementaridade à aquisição desses equipamentos de ponta, em uma iniciativa que também contou com o apoio da FAPERJ, o departamento passa a possibilitar o completo acesso à informação para seus alunos, residentes, funcionários técnico-administrativos e docentes. Para tanto, no último dia 21 de agosto, inaugurou, em suas dependências, a Sala de Pesquisa da Unidade Docente-Assistencial de Cirurgia Geral do Hupe, dotada de inúmeros computadores, com acesso à Internet, incluindo a consulta ao Portal de Periódicos da Capes.
A sala recebeu o nome de “Sala multimídia discente-docente Prof. Ivan Mathias”, professor recentemente aposentado compulsoriamente. O diretor-presidente da FAPERJ, Ruy Garcia Marques, também membro do Departamento de Cirurgia Geral da Uerj, esteve presente à cerimônia e enaltece a homenagem prestada ao grande mestre: “O professor Ivan é um dos grandes nomes da cirurgia nacional, tanto no que se refere à sua atividade assistencial quanto docente, e, afora isso, é uma das melhores figuras humanas que conheci. Fui seu aluno e, até hoje, me lembro que ele ministrou a melhor aula que assisti na faculdade, sobre ‘Fisiopatologia da Obstrução Intestinal’. Durante toda a minha formação cirúrgica, na residência médica no Hupe, e até em momentos bem mais recentes, seus grandes ensinamentos serão para sempre lembrados.”
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