Rede-Rio completa 25 anos com novos desafios

Lavínia Portella / Rio Pesquisa - Ano 9 - nº 39 - Junho de 2017

Inaugurada em 1992, a Rede-Rio de Computadores conta como uma infraestrutura óptica construída em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP). São cerca de 350 quilômetros de fibras óticas, que atendem a 150 instituições de ensino, pesquisa, cultura, além de órgãos públicos

Ampliar os recursos de colaboração em rede para as instituições localizadas no interior do estado e manter a qualidade dos serviços prestados às universidades, centros de pesquisa sediados em território fluminense e órgãos públicos do governo do estado do Rio de Janeiro. Os desafios que envolvem a Rede-Rio de Computadores foram tema de workshop comemorativo dos seus 25 anos, na segunda quinzena de maio, no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no bairro da Urca.


Inaugurada em 1992, por iniciativa da FAPERJ, a maior parte da Rede-Rio conta hoje como uma infraestrutura óptica de grande capacidade, construída em parceria com a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), responsável por operar e desenvolver a Internet acadêmica brasileira. São cerca de 350 quilômetros de fibras óticas que atendem a 150 instituições de ensino, pesquisa, cultura, além de órgãos públicos.


De acordo com o presidente da FAPERJ, Augusto da Cunha Raupp, o apoio à Rede-Rio faz parte das ações da Fundação que visam manter a infraestrutura e dar suporte à comunidade de ciência, tecnologia e inovação do estado. “Na época da criação da Rede-Rio e da própria internet, três fatores convergiram para que a gente pudesse aproveitar esse momento e a internet se disseminasse: digitalização em alta, a globalização e a desregulamentação. O estado tem, justamente, o papel de unir, de formar as pontes, construir os cenários para que as coisas aconteçam. Cabe ao estado, aumentar a interação entre a indústria, a academia, a área de serviços. Nesse sentido, a Rede-Rio realiza um trabalho de suma importância, mantendo uma internet de alta velocidade nas instituições de ensino e pesquisa, adequada aos projetos desenvolvidos pelas instituições, que exigem uma conexão de qualidade”, disse.


Coordenador geral da Rede-Rio, Alexandre Grojsgold falou sobre as origens da Rede e sobre os projetos para o futuro. “A rede tem que permanecer como rede acadêmica de qualidade, o que hoje é vital para as instituições. Além disso, temos que manter nosso caráter pioneiro, experimentando novas tecnologias. Outro desafio é a encarar é a interiorização. De uma maneira geral, a Internet disponível no interior do estado é precária e cara, indisponível da forma que se necessita em várias localidades. Petrópolis, Niterói, Campos, Seropédica e Nova Friburgo, são exemplos de localidades onde existem polos de pesquisa e ensino superior, e é importante garantir que as instituições lá localizadas não fiquem privadas dos modernos recursos de colaboração em rede”, destacou Grojsgold, tecnologista do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC). “Por outro lado, mesmo nas cidades onde já contamos com malhas ópticas, o desafio é preservar o que já foi conquistado. A capital, em particular, tem vários trechos da rede óptica que sofrem frequentes falhas em função de obras subterrâneas e vandalismo. Várias das instituições usuárias são vizinhas de zonas de baixa segurança urbana, o que só faz encarecer e dificultar a manutenção da rede”, completou.


O mergulho no ambiente virtual suportado pela rede possibilita um universo quase ilimitado de aplicações. Entre eles, destacam-se a integração à rede dos hospitais públicos de ensino e pesquisa no Rio de Janeiro; a inserção de instituições de cultura, como o Museu do Amanhã; acesso ao supercomputador Santos Dumont, reconhecido como o mais rápido da América Latina, que fica no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis; acesso ao sistema de Hora Legal do Brasil, no Observatório Nacional (ON), e ao Programa Farmácia Popular, na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).


Na cidade do Rio de Janeiro, a malha óptica da rede se concretiza por meio do Redecomep-Rio, resultado de um consórcio que une, além da RNP e da Rede-Rio/FAPERJ, a prefeitura do Rio e as empresas Metrô-Rio, Linha Amarela S.A, Light e Supervia Trens Urbanos. O diferencial trazido pela Redecomep-Rio à Rede-Rio é a possibilidade de interligar, com custo baixo, as instituições acadêmicas em alta velocidade, adequada a usos avançados da rede tais como telemedicina, laboratórios virtuais, ensino a distância, teleconferência, videoconferência de alta definição e ambientes de realidade virtual.


“Vamos trabalhar para que tenhamos sempre uma parceria frutífera. Não existem dois lados, mas apenas os nossos parceiros, que devem ser atendidos com qualidade. Nosso viés é a ciência e a tecnologia para as quais devemos dar atenção maior”, disse Eduardo Cézar Grizendi, à frente da Diretoria de Engenharia e Operações da RNP.


Diretor de Serviços e Soluções da RNP, José Luiz Ribeiro Filho, um dos palestrantes do evento, apresentou o programa de expansão de cabos submarinos, que permitirá a conexão direta entre o Brasil e a Europa. “A RNP interage com redes de outros países. O cabo submarino vai ampliar e melhorar a conexão entre a Europa e a América Latina. Atualmente, o Brasil depende muito dos Estados Unidos. A expansão também beneficia a comunidade acadêmica, uma vez que, além de melhorar a qualidade da internet no Brasil, amplia a possibilidade de interligar centros de pesquisa nacionais e internacionais”, explicou Ribeiro Filho.


Iniciativa colaborativa, a Rede-Rio conta com a cooperação operacional de nove instituições, onde se localizam os pontos de agregação de tráfego ou pontos de presença (PoPs). São eles: a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), o CBPF, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet), que formam o anel óptico principal da capital, e o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC- Petrópolis), a Universidade Estadual Norte Fluminense (Uenf-Campos), a Universidade Federal Fluminense (UFF-Niterói).


O evento ainda contou com a participação do secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Desenvolvimento Social, Pedro Fernandes; de Ronald Cintra Shellard, do CBPF; Luiz Bevilacqua, representando a Academia Brasileira de Ciências (ABC); Epitácio Brunet, representando a Secretaria Municipal de Desenvolvimento, Emprego e Inovação; Augusto César Gadelha, do LNCC; e Marcio Lacs, da Associação Comercial do Rio de Janeiro.