Divulgação/CTA/Uenf |
Carne sobre madeira: maior risco de contaminação |
Vinicius Zepeda
Há pouco mais de um ano, durante a Semana do Produtor Rural, na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), na cidade de Campos dos Goytacazes, o professor Fábio Costa, do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA) da universidade, ministrava curso sobre comercialização e conservação de linguiças e embutidos quando percebeu o excesso de dúvidas dos participantes sobre o manuseio adequado dos alimentos. A partir daí, surgiu a ideia de desenvolver um estudo sobre as formas de manuseio e higiene das carnes comercializadas na região. Foi então que, com auxílio do edital Apoio a Projetos de Extensão e Pesquisa, da FAPERJ, ele realizou um levantamento em cerca de 20 estabelecimentos comerciais do município e constatou a triste realidade: em aproximadamente 90% deles, os alimentos se encontravam em condições inadequadas de higiene e conservação.
Segundo o levantamento – que contou com a participação da veterinária Elaine Cristina Alcântara da Silva e das estudantes Charina Venturime, do curso de Zootecnia, e Laiza da Silva Mascarenhas, de Medicina Veterinária, da Uenf –, entre os principais problemas observados estão algumas questões básicas, como a falta de avental nos funcionários, a má conservação dos produtos e a presença de insetos, como moscas. "Em cidades pequenas ou do interior, a resistência ao uso de medidas adequadas de higiene e de conservação de alimentos é muito comum, chegando mesmo a ser uma questão cultural, principalmente em feiras livres ou no Mercado Central", explica o pesquisador. Ele acrescenta que, nesse ponto, tanto os vendedores como os consumidores acabam por ignorar os riscos de uma intoxicação alimentar, que tem como principais vítimas crianças e idosos. "Uma bactéria muito comum numa carne em estado inadequado de conservação é a salmonela, que pode causar diarreia, náuseas, vômitos, febre e, em casos mais radicais, infecção generalizada, ou septicemia, podendo mesmo levar à morte", completa.
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O hábito pouco higiênico de o consumidor tocar nas carnes ainda é uma realidade cultural muito comum na cidade |
O pesquisador da Uenf lembra que, inicialmente, a equipe sob sua coordenação concentrou-se nos açougues do Mercado Central, onde visivelmente há maior número de irregularidades. "Agora estamos ampliando o projeto para os peixes vendidos, pois já verificamos que os problemas são semelhantes: falta gelo para a conservação adequada", explica.
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Fábio coordenou o levantamento feito nos estabelecimentos locais |
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