Elena Mandarim
Divulgação / UFRRJ |
Para Fernando Peixoto, gramática é a base para a boa formação profissional dos alunos |
Fernando Vieira Peixoto Filho, professor de Língua Portuguesa no Departamento de Letras da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), é defensor convicto da necessidade do ensino de conceitos gramaticais. Ele coordena grupo de pesquisa que desenvolveu um projeto para avaliar o ensino de gramática na Baixada Fluminense (EGBF), que foi contemplado com um Auxílio à Pesquisa (APQ 1), da FAPERJ. Para a análise, foram aplicados questionários para cerca de 100 professores de Português e 1.500 alunos, distribuídos em 15 escolas públicas nas cidades de Belford Roxo, Duque de Caxias, Nova Iguaçu e São João de Meriti. "Os resultados obtidos apontam a validade do ensino de gramática para garantir o acesso do grande público à norma padrão, mas também confirmam velhos problemas, como a baixa carga horária destinada ao professor de Português, que muitas vezes tem de trabalhar em mais de uma escola, com obrigação de dar conta de conteúdos extensos, o que faz com que o ensino se torne ineficiente e superficial", relata Peixoto Filho.
As respostas foram agrupadas em gráficos que mostram a visão tanto dos professores quanto dos alunos. Entre as análises, Peixoto Filho destaca que os dois grupos julgam necessário o ensino da gramática para aumentar as possibilidades de sucesso na vida profissional. "Fica claro que o aluno não pode mais sair da escola mantendo as velhas dificuldades na elaboração do texto escrito. Na vida real, se ele apresentar textos com erros de concordância, por exemplo, será discriminado tanto social quanto profissionalmente. É como se pudéssemos fazer uma associação entre o domínio da norma culta – que só é possível com o mínimo de gramática – e o grau de instrução e conhecimento", afirma o pesquisador.
Outro dado interessante, segundo Peixoto Filho, é observar que a maior parte dos professores de Português gerencia sua profissão de acordo com suas necessidades financeiras e sociais, e não por abraçar esta ou aquela ideologia pedagógica. Ele assinala que, segundo a pesquisa, 95% dos docentes gostariam de trabalhar em apenas uma escola, mas 89% são obrigados a assumir várias turmas em mais de um emprego para conseguir uma renda mínima que atenda às suas necessidades. "Isso implica superficialidade no ensino e sacrifício de vários conteúdos específicos, o que não garante que o aluno saia da escola com os conhecimentos devidos", explica o professor.
Stock Photo |
A equipe está trabalhando na redação do primeiro livro, que trará todos os resultados da pesquisa |
O professor adianta que a equipe do projeto EGBF já está trabalhando na redação do primeiro livro, que trará os resultados da pesquisa a partir da perspectiva discente. "A proposta é contribuir para que as políticas públicas e os futuros materiais didáticos estejam mais bem alicerçados nos aspectos relevantes no padrão escrito da gramática portuguesa, levando-se também em conta as reais necessidades de alunos e professores."
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