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Publicado em: 29/05/2013
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Utilizando o conhecimento como forma de prevenção

Danielle Kiffer

 Foto: Fiocruz

   
      Com informação, projeto procura mostrar como evitar
         formas de contágio por parasitas, como o piolho
 
Eles estão em todos os lugares: nas maçanetas, no teclado do computador, no joystick do videogame, nas águas de enchentes e até nos alimentos. Estamos falando de parasitas e seus ovos, como os piolhos, lombrigas, amebas, giárdias, que estão mais presentes no nosso dia a dia do que imaginamos. Eles podem nos causar incontáveis doenças, algumas graves. Apostando no conhecimento como a melhor forma de prevenção, a bióloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Débora Henrique da Silva Anjos, desenvolveu, junto com um grupo de professores e graduandos, um projeto sobre vários desses parasitos e sobre as doenças que eles podem nos causar, ensinando como evitar o contágio e sua propagação. É um aprendizado ao mesmo tempo lúdico e didático, com palestras e oficinas, brincadeiras e expressões teatrais, que divertem e instruem crianças e adolescentes das escolas da rede pública. O projeto recebe subsídios do programa de Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro, da FAPERJ.

Nas escolas, a equipe do projeto encena a peça Xô,Piolho!, com duração de cerca de 15 minutos. Na apresentação, mãe e filho trocam um divertido diálogo e interagem com o público. A mãe faz ao filho várias recomendações, como não usar o boné de outras crianças e não dividir a mesma escova de cabelos, que são algumas das formas de prevenir a contaminação pelo parasito. A apresentação mostra ainda que, em casa, ela também toma os cuidados necessários, como passar o pente fino nos cabelos do filho e em si mesma, além de lavá-los com xampus apropriados. Tudo para evitar a transmissão. Ao final, a dupla também se dirige aos alunos que estão assistindo, com perguntas sobre o que seria melhor para prevenir e o que a criança deveria evitar fazer.

"É a forma mais descontraída que encontramos para falar de um assunto recorrente e não muito agradável, que é a infestação e a propagação de piolhos. As crianças se interessam, respondem e participam", relata a bióloga. Débora conta também que, com a peça, acabam com o mito de que só quem tem cabelo sujo pega piolho. "O piolho é um inseto que se alimenta de sangue e para passar de uma pessoa para outra, basta que ele tenha contato com o fio de cabelo. Portanto, se os cabelos estão presos, menor a possibilidade de contágio, pois há menos fios soltos", explica a bióloga. Ela acrescenta que, apesar de corriqueiros, os piolhos devem ser tratados com todo o cuidado, pois, além de causar feridas na cabeça, por causa da constante coceira, eles também podem provocar anemia e o contágio com bactérias.

Depois da peça, é hora das oficinas e palestras sobre áscaris, amebas e giárdias, que mostram as formas de contaminação por cada um deles e as principais formas de prevenção. Os ovos de um dos parasitas mais populares, Ascaris lumbricoides, verme nematoide mais conhecido como lombriga, podem ser encontrados em diversos lugares, desde na terra até nos brinquedos da pracinha ou no teclado do computador. "O principal aprendizado é que a higiene é a melhor solução para se evitar o contágio. Lavar bem os alimentos, e, principalmente, as mãos depois de usar o banheiro e antes de comer são atitudes essenciais para que esses vermes não entrem em nosso organismo", relata. De acordo com a bióloga, as lombrigas se alojam no intestino delgado, podendo infectar os intestinos e chegar ao pulmão. "Como muitas verminoses, a ascaridíase pode ser assintomática, ou pode causar náuseas, dor de cabeça, enjoo e até sangramentos internos, já que as lombrigas podem perfurar alguns órgãos. A prevenção é importante, mas exames regulares, como o de fezes, são fundamentais para detectar sua presença, já que esses vermes agem, muitas vezes, de forma silenciosa."

  Foto:CDC Division of Parasitic Diseases/ Wikipedia
     

Nas visitas às escolas, alunos podem observar, com lupa,    
formas adultas de vermes, como a
 Ascaris lumbricoides

Para familiarizar as crianças com o Ascaris lumbricoides, usando um ovo de lombriga como modelo, a equipe criou um molde em gesso 500 vezes maior do que o tamanho real; cada um deles, em formato esférico, com cerca de três centímetros de diâmetro. Em uma das oficinas, eles são coloridos pelos estudantes. "De 10 a 18 anos: não há quem não se interesse por essa atividade", diz Débora. Da mesma forma, são retratadas amebas, Trichuris trichiura e o Ancylostoma duodenale. "São todos parasitos do intestino e seus ovos estão presentes em águas contaminadas e em locais de muito contato humano, como ônibus e metrôs, por exemplo."

A teníase, a doença causada pela Taenia solium, conhecida como tênia ou solitária, também ganha destaque nas atividades de divulgação científica. A contaminação acontece ao ingerirmos carne de porco mal passada. "A larva penetra pela parede intestinal e migra pelo corpo, podendo se alojar até no cérebro, causando danos graves." Para familiarizar os jovens estudantes com esses perigos, a equipe criou um cérebro humano, também em gesso, com vários orifícios, para que as crianças os preencham com massinha, como se fossem as tênias. "É uma excelente forma de fixar o conhecimento. Eles ficam envolvidos na atividade, se divertem e não esquecem o que foi dito."

Durante a visita da equipe às escolas, as crianças também podem observar vermes em microscópios, ou ver com lupa suas formas adultas em blocos de vidro. Além disso, os alunos podem brincar com jogos desenvolvidos por estudantes de Belas Artes da UFRJ, como quebra-cabeças e palavras cruzadas, que giram em torno das formas de transmissão e prevenção dos parasitos. Há ainda uma aula sobre responsabilidade social, já que uma das formas de contaminação se dá com as enchentes. "Ensinamos, até para as criancinhas, que cada um tem reponsabilidade, já que o simples fato de jogar um papel no chão, por menor que seja, pode acabar entupindo os bueiros, alvo do descarte incorreto de lixo, e acarretar, junto com tantos outros fatores, as enchentes.

O projeto tem sido muito bem-sucedido em todas as escolas por onde tem passado. "Há colégios pedindo nossa volta, porém, a demanda é muito grande e, por enquanto, não podemos repetir as visitas", justifica. "Também recebemos visitas de colégios em nosso laboratório." Nos planos da bióloga, ainda há a ideia de estender as visitas a escolas municipais e estaduais de Teresópolis, Duque de Caxias e Nova Iguaçu.

 

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