Elena Mandarim
Divulgação/Uerj |
Levy e pacientes grávidas: com o monitoramento |
Levy está à frente de um projeto que busca desenvolver um software computacional capaz de auxiliar os médicos no monitoramento dos pacientes com SAF. A proposta é tese de doutorado do aluno Felipe Nogueira Barbará, do programa de pós-graduação em Ciências Médicas (PGCM), da Uerj, e recebeu apoio do programa de Auxílio à Pesquisa (APQ1), da FAPERJ. “Os nossos principais objetivos são melhorar o controle do INR e a interação médico-paciente, com o intuito de minimizar as diversas complicações da doença, que podem levar a internações e visitas a serviços de emergência”, relata Felipe. A nova plataforma estará na web e permitirá que os próprios pacientes preencham os resultados dos seus exames. O software agrupa todo o histórico desse paciente em um único lugar, que poderá ser acessado pelo médico utilizando qualquer computador ou dispositivo ligado à internet. “O sistema está em desenvolvimento e uma versão inicial para testes e demonstrações com médicos e pacientes deverá ser colocada no ar em breve”, esclarece o doutorando.
Felipe relata que é muito comum o paciente precisar vir de longe para uma consulta no Hupe só para mostrar o resultado do INR. Se o resultado estiver dentro da faixa sugerida, são mantidos o tratamento e as mesmas recomendações médicas da consulta anterior. "Quando o sistema estiver em operação, esse tipo de situação pode ser evitada. O paciente atualizará os dados do exame no site e só precisará ir a consulta se for necessário mudar a medicação ou fazer outro tipo de intervenção hospitalar”, aposta o doutorando. Outra vantagem é que quando o paciente inserir o resultado do exame INR muito alterado, o sistema vai enviar, automaticamente, um e-mail de alerta, com todo o seu prontuário e dados pessoais, para o médico responsável. Assim, minimiza-se o risco de certas complicações que, geralmente, são agravadas pela demora em se tomar as providências necessárias.
Os pesquisadores ainda discutem a possibilidade do próprio sistema atualizar algumas recomendações médicas. “O anticoagulante, que é o tratamento padrão para controlar os pacientes com SAF, por exemplo, é ajustado de acordo com um cálculo feito pelo médico, tendo como base os valores do INR. Então, estamos avaliando, do ponto de vista ético e humanístico, a possibilidade sistema calcular automaticamente a dosagem da medicação, solicitando a confirmação do médico. Depois de confirmado, o paciente já recebe por e-mail ou pelo próprio site instruções para a nova dose ou um aviso para manter a dose anterior”, explica Felipe. Ele destaca que no próprio site também serão agrupadas recomendações padrão para diferentes situações, como, por exemplo, quando procurar seu médico, quando encaminhar-se a uma emergência, que providências tomar antes de se submeter a cirurgias físicas ou dentárias, entre outras.
Particularidades da doença
Descrita pela primeira vez nos anos 1980, a SAF é reconhecida como a trombofilia adquirida mais comum e sua manifestação mais característica é a trombose venosa profunda. Está relacionada com outras obstruções venosas e arteriais, podendo levar a ocorrência de AVC, que frequentemente deixam sequelas, como demência e paralisia. Outras consequências comuns são amputação de membros em decorrência de gangrena, cegueira e repetidos abortos espontâneos. Levy destaca a importância de um diagnóstico precoce. “Assim que se identifica a doença, o paciente passa a tomar medicação e a controlar os níveis de coagulação sanguínea, o que pode evitar as consequências mais severas. Por isso, pacientes e médicos devem ficar atentos às primeiras manifestações clínicas da doença, que incluem manchas na pele que aumentam com o frio, baixos níveis de plaquetas, insuficiência cardíaca, microtrombose disseminada – trombos de vasos de pequeno calibre por todo o organismo –, tromboflebite, entre outros.”
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Em seu doutorado, Felipe busca desenvolver um software para auxiliar os médicos no monitoramento dos pacientes com SAF |
Levy acredita que com a nova plataforma será possível fazer o paciente participar ativamente do tratamento. “Isso é importante tanto para maior adesão às recomendações médicas quanto para diminuir o estigma de vítima, muito comum em pacientes acometidos por doenças autoimunes”, aposta o médico, ressaltando que a SAF não tem cura, mas com os cuidados específicos é possível levar uma vida normal.
SAF vai ser tema de congresso no Rio
Para debater o assunto, especialistas do mundo todo se reunirão, entre os dias 18 e 21 de setembro de 2013, no Rio de Janeiro, para o XIV Congresso Internacional sobre Anticorpos Antifosfolipídios (APLA) e Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídio (SAF). A capital fluminense será a primeira cidade da América Latina a sediar este evento. Na ocasião, também acontecerá o IV Congresso Latinoamericano de Autoimunidade (LACA).
Antecedendo o congresso, nos dias 16 e 17 de setembro, também no Rio de Janeiro, o grupo de pesquisa internacional Ação em Síndrome Antifosfolipídica (APS Action, da sigla em inglês) se reunirá. Os três eventos são apoiados pelo programa de Auxílio à Organização de Eventos (APQ 2), da FAPERJ e organizados por Levy. Segundo o médico, os eventos, que contarão com participantes e pesquisadores renomados de todo o mundo, servirão para transmitir às novas gerações o interesse pela pesquisa básica, por diagnóstico rápido e preciso, assim como para tomada de decisão em relação à trombofilia autoimune (SAF) e às outras doenças autoimunes sistêmicas, como artrite reumatóide, lúpus eritematosos sistêmico, doença de Crohn, psoríase e vasculites, nas suas várias interfaces multidisciplinares. Mais informações: http://www2.kenes.com/apla-laca/pages/home.aspx
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