Débora Motta
Débora Motta |
O diretor de Tecnologia da FAPERJ, Rex Nazaré (2 à esq.), participou de homenagem póstuma a Renato Archer em evento paralelo à 64 SBPC |
De acordo com o diretor de Tecnologia da FAPERJ e ex-presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), Rex Nazaré, Renato Archer – que foi capitão de fragata da Marinha Brasileira – era um herdeiro da tradição científica dos militares, voltada ao desenvolvimento nacional. “Em 1949, o almirante Álvaro Alberto convidava Archer para ajudá-lo na aprovação do projeto de lei 1.310, que criava o CNPq. Iniciava-se nesse momento uma parceria profícua e duradoura entre os futuros criadores do CNPq, Álvaro Alberto, e do Ministério da Ciência e Tecnologia, Renato Archer”, destacou.
Rex Nazaré enumerou algumas das principais contribuições de Archer para a ciência brasileira. “Archer, no Ministério da Ciência e Tecnologia, criou o programa RAHE, de Formação de Recursos Humanos em Áreas Estratégicas, ajudou a acelerar a construção do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, promoveu o acordo espacial sino-brasileiro e iniciou a construção do colisor de partículas Síncroton”, disse. “Ele foi um dos atores importantes na implantação de uma política de reserva de mercado no setor de informática e, na área nuclear, participou da política de proteção das reservas nacionais de urânio e tório”, completou o diretor de Tecnologia da FAPERJ.
Por sua vez, o jornalista Álvaro Rocha Filho, autor do livro Renato Archer: energia atômica, soberania e desenvolvimento, reafirmou a contribuição de Archer na área de energia nuclear e fez uma análise da evolução do setor no Brasil, que pode ser compreendido, segundo ele, a partir de três etapas. “A primeira fase, personificada na figura do almirante Álvaro Alberto, foi a luta pelo direito de acesso à tecnologia e a formação de recursos humanos. A segunda fase foi a conquista do desenvolvimento de tecnologia nuclear própria, nacional, e está simbolizada nas figuras de Rex Nazaré e do almirante Othon Luiz Pinheiro Nascimento. A terceira fase delineia-se com a conclusão de Angra 3”, resumiu.
Também participaram do debate o presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Raimundo Braga Coelho, representando o ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marco Antonio Raupp; o físico e vice-reitor da Universidade Federal do maranhão (UFMA), Antonio José Silva Oliveira; o chefe da assessoria de cooperação internacional da Agência Espacial Brasileira (AEB), José Monserrat Filho; o capitão-de-mar-e-guerra Santos; e o deputado federal Ricardo Archer (PMDB), sobrinho-neto do homenageado. A palestra foi promovida pela Fundação Maurício Grabois.
Sobre Renato Archer
Archer foi integrante da junta de governadores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), agência da Organização das Nações Unidas (ONU), atuando nas decisões internacionais sobre o uso da energia nuclear. O político maranhense foi ainda subsecretário de Relações Exteriores na gestão de San Tiago Dantas, quando o Brasil, sob a presidência de João Goulart, adotou uma política externa independente e altaneira. O homenageado faz parte de um grupo de cientistas militares que tem no nome do almirante Álvaro Alberto da Motta e Silva uma de suas referências mais importantes.
Figura destacada em episódios decisivos da história brasileira, Álvaro Alberto foi professor catedrático de química da Escola Naval, frequentada por Archer. Presidiu a Sociedade Brasileira de Química (SBQ) e, mais tarde, a Academia Brasileira de Ciências ((ABC). Foi também membro titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Em 1934, partiu do almirante o convite ao físico italiano Enrico Fermi – um dos líderes do Projeto Manhatan, responsável pelo desenvolvimento das primeiras armas nucleares – para que este viesse ao Brasil proferir conferência na ABC. O almirante também compôs a delegação de cientistas que, em 1925, recepcionou Albert Einstein em sua visita ao Brasil.
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