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Publicado em: 10/02/2011
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Para transformar os resíduos de marmorarias em produtos de valor

Vinicius Zepeda

 

Fotos de divulgação

        
     Prensa faz cortes geométricos
          em resíduos de granito
Estimativas do Serviço de Apoio à Micro e Pequenas Empresas do Estado do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ) dão conta da existência de cerca de mil e duzentas marmorarias em todo o estado. Esta indústria é responsável direta por milhares de empregos gerados nos ramos de rochas ornamentais, construção civil e decoração, entre outros. Porém, do ponto de vista do meio ambiente, ela esbarra numa dificuldade que ameaça a saúde das populações humanas e de animais que moram em seu entorno: a destinação dos resíduos produzidos. Sem destino adequado, a maioria desses rejeitos é jogada diretamente nos rios, formando uma espécie de lama poluente que ameaça a potabilidade da água e a vida de animais e populações que dependem desses mananciais. Calcula-se que, em todo o estado, sejam liberadas 60 mil toneladas desses resíduos por ano. Em busca de uma solução para o problema, um projeto desenvolvido por marmoraria instalada numa área de cerca de 10 mil metros quadrados no condomínio industrial do município de Rio Bonito, leste fluminense, vem buscando sua transformação em produtos de valor comercial. O projeto conta com auxílio do edital Apoio à Inovação Tecnológica no Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ.

 

Coordenado por Geison Carvalho Demier, diretor-presidente da Marmoraria Rio Bonito (Marb), o projeto vem sendo desenvolvido há pouco mais de dois anos. “Com o apoio da FAPERJ, fizemos obras no terreno, que conta com um galpão principal, onde está instalado o maquinário: um britador de mandíbula e uma prensa para cortes de resíduos de granito em figuras geométricas, além de um tanque de decantação para retirar uma espécie de goma gerada pelos rejeitos que seria jogada nos rios sem tratamento algum”, afirma. No caso da goma, ela é transformada em pré-moldados, como blocos e bloquetes de cimento. “Também comercializamos brita comercial – espécie de pedrinhas para fins de paisagismo e decoração – e gratina –piso feito com vários fragmentos de granito”, destaca.

 

O processo de reaproveitamento gera um cascalho, que é transformado em brita; pó e pedriscos viram blocos e bloquetes de cimento; e o caco, que é separado na prensa para cortes geométricos, se transforma em mosaicos e faixas decorativas. “A mistura de cascalho, pó e pedriscos vira uma espécie de placa estruturada que serve como piso. O material é facilmente fixado apenas com uso de areia e resulta num piso mais permeável”, afirma Geison. Ele destaca ainda o tanque de decantação como uma vantagem ambiental do projeto. Segundo o diretor-presidente da Marb, como Rio Bonito é uma região de chuvas constantes, entre os meses de janeiro a março de cada ano, toda a água ali utilizada é proveniente das chuvas – o que evita o desgaste dos lençóis freáticos da região. “Depois desse período ou no caso de uma estiagem prolongada de mais de dois meses, uma parte é reutilizada e misturada com a água de poços semiartesianos”, acrescenta.

 

     
  Espécie de mosaico formado por 
    pedaços de mármore e granito
 
Consultor de pesquisas do projeto e um dos diretores do Instituto Nacional de Educação, Tecnologia e Pesquisa em Brasília (Inetep-DF), Sidinei José Macedo Vieira vem divulgando e apresentando o trabalho em simpósios, fóruns e workshops por todo o estado. Apesar da importância do setor de rochas ornamentais, ele alerta para a carência de renovação da mão-de-obra especializada nas marmorarias do estado. “Em todo o  Rio de Janeiro, somente o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RJ) conta com um curso de capacitação na área”, explica Sidinei.

 

A área de 10 mil metros quadrados onde está instalada a Marb conta, além do espaço comercial para venda de produtos da empresa, com um galpão principal onde estão instaladas as máquinas, o tanque de decantação, e um galpão menor onde irá funcionar uma marmoraria escola, desenvolvida sob a supervisão do Inetep-DF, onde trabalharão trinta funcionários e dez alunos. “O espaço servirá tanto para formar empregados aptos a trabalhar com os resíduos esses quanto na capacitação de marmoraristas”, afirma Sidinei. A capacitação será ministrada pelo pesquisador Francisco Kallil, que atuará como instrutor dos futuros profissionais.

 

No momento, o projeto contempla apenas os resíduos da Marb, que gera cerca de 240 toneladas por ano. Porém, com mais de trinta anos de trabalho e conhecimento do setor, Geison Demier espera rapidamente contatar empresas próximas que não sabem o que fazer com seus rejeitos. “Estamos criando uma espécie de ecoponto para tentar atender as empresas que se situem num raio de até 50 quilômetros de distância”, explica. Ele espera com isso, incentivar a criação de um Arranjo Produtivo Local (APL – aglomerações de empresas com a mesma especialização produtiva e que se localizam em um mesmo espaço geográfico) na região. “Num futuro próximo, esperamos criar cinco unidades neste modelo para, então, expandirmos a atividade para o máximo de regiões em todo o estado”, conclui.
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