Vinicius Zepeda
Divulgação/Embrapa |
Caquis embalados com filmes biodegradáveis não |
O estudo investigou os filmes biodegradáveis feitos à base de amido (carboidrato de origem vegetal presente no milho, mandioca e batata, entre outros), alginato (substância extraída de algas marinhas e que, adicionada aos alimentos, mantém, melhora ou modifica sua textura e aparência) e quitosana (substância derivada da quitina, presente no esqueleto externo de crustáceos, como camarão, caranguejo e lagosta). Os filmes estudados foram produzidos por duas técnicas: casting e extrusão. “A técnica de casting consiste em depositar sobre um molde uma solução polimérica (amido e outros agentes) que, ao ser espalhada sobre essa superfície, tem o líquido eliminado, formando uma película ou filme bem fino”, ensina o pesquisador. Um exemplo prático seria o resíduo de cor marrom deixado no fundo do copo ou xícara após tomarmos um cafezinho. Ou seja, após certo tempo, sem a água, os pigmentos marrons do café ficam depositados no fundo, formando uma película fina. “Deste modo, trabalhamos de forma a desenvolver vários filmes sobre superfícies lisas, tal como a superfície de alguns frutos”, acrescenta. Já a técnica de extrusão usa a combinação de cisalhamento (atrito), alta temperatura e pressão por um curto período de tempo para a formação de materiais moldados.
Os resultados obtidos até o momento foram relativos ao caqui. Experimentos com maracujá e tangerina ainda estão em andamento. “Em relação à vida útil, conseguimos conservar por até 42 dias um caqui inteiro com uso de filme comestível e armazenamento refrigerado”, complementa. Também foi feita uma análise dos agentes inibidores do crescimento com os filmes. “A principal função desses agentes é não permitir que os componentes do filme sirvam como alimento para o crescimento de micróbios nos frutos. Caso isso ocorresse, os benefícios da contenção do amadurecimento e melhora na apresentação do produto seriam anulados”, afirma o pesquisador. “Nosso estudo comprovou que não houve formação de fungos nem de colônias de micróbios na superfície do caqui inteiro nem na do pré-cortado”, complementa.
Outro ponto investigado foi a permeabilidade dos filmes. “Observamos que a troca de gases entre esses materiais e o meio ambiente foi suficiente para não permitir a falta de oxigênio e retardar o amadurecimento dos frutos. Além disso, houve redução da perda de massa pela redução da perda de umidade do caqui”, recorda o agrônomo. Carlos Piler ressalta que testes até o momento foram todos feitos no espaço da Embrapa Agroindústria de Alimentos. ”A expectativa é que encerrado o projeto, os filmes com as características desejáveis possam ser utilizados em larga escala pelos produtores, obedecendo os critérios de tecnologia adotados por nossos parceiros”, acrescenta.
Carlos Piler chama a atenção para o aspecto mais importante dos dois editais: a formação de recursos humanos. “Até o momento, já foram defendidas duas teses de mestrado na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ): uma sobre o uso de revestimento em caqui pré-cortado e outra com filmes comestíveis à base de amido. Outras duas teses de doutorado estão sendo desenvolvidas no Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e na UFRRJ, sobre maracujá e acerola, respectivamente”, explica o agrônomo. Ele ainda destaca a realização de estágios supervisionados por estudantes de graduação, treinamento de alunos de pós-graduação, a contratação de uma pesquisadora especializada para participar da equipe e a realização do II Simpósio Internacional de Extrusão de Alimentos, em junho deste ano. Por último, o pesquisador enfatiza o apoio da Fundação para a consolidação de seu grupo de pesquisa. “Graças a ele, podemos consolidar nossa linha de pesquisa em filmes comestíveis biodegradáveis para aplicação em embalagens de frutos, iniciado na Embrapa Agroindústria de Alimentos”, conclui.
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