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Publicado em: 20/04/2010
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Uma arma para defender a preservação da vida

Vinicius Zepeda

        
         À esquerda, protótipo de arma elétrica incapacitante,pronta para utilização
          À direita,demonstração de funcionamentodos circuitos elétricos internos

Há muitos anos o Brasil convive com altos índices de letalidade decorrente da ação policial e da utilização de armas de fogo. O índice de letalidade reflete a morte de policiais, de infratores da lei e de vítimas inocentes das chamadas “balas perdidas”. Entre as muitas causas da letalidade está a escassez de armas não-letais que permitam a aplicação gradual da força, pelos órgãos encarregados da segurança, de acordo com cada situação específica. Com auxílio da FAPERJ e da Finep, por meio dos editais Apoio à Inovação Tecnológica no Estado do Rio e Pappe Subvenção/Rio, algumas armas não letais vêm sendo desenvolvidas pela empresa Condor S.A. Indústria Química.

Localizada no bairro de Adrianópolis, município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a Condor é empresa de capital 100% nacional e a única do País voltada exclusivamente para o desenvolvimento de tecnologias para fabricação de armas e munição não letais com padrão de qualidade internacional. "Este tipo de armamento representa uma importante alternativa ao uso de armas de fogo. Em 1990, durante o Oitavo Congresso da Organização das Nações Unidas (ONU), nos Princípios Básicos sobre Uso da Força pelos Agentes da Lei, ficou estabelecido que governos e entidades devem equipar os responsáveis pela aplicação da lei com uma variedade de tipos de armas e munições que permitam o uso diferenciado da força, incluindo as não letais, para limitar, cada vez mais, a aplicação de meios capazes de causar a morte ou ferimentos de pessoas", explica o diretor de Tecnologia da Condor, Pedro Luiz Schneider.   

Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) usarão armas não letais

Atualmente, a defesa do uso desse tipo de armamento tem ganhado destaque na grande imprensa. Manchete do jornal O Dia, de 4 de abril deste ano, destacou entrevista do coordenador das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel José Vieira de Carvalho Júnior, afirmando que o governo do estado está comprando armas não letais para uso dos policiais lotados nessas unidades. Ele explica que apesar de os policiais continuarem a portar armas de fogo, também estarão equipados com pistolas taser (que dispara eletrodos capazes de dar choque e imobilizar a pessoa) e balas de borracha. O coronel Carvalho destaca a necessidade desse tipo de armamento na mediação de conflitos comuns nas comunidades, como brigas de bar, por exemplo. Em fevereiro deste ano, um tumulto entre policiais e moradores foi criado devido à prisão de um comerciante local que se recusava a abaixar o som em seu bar. A população se revoltou contra os policiais que, para dispersar a multidão, tiveram que dar tiros para o alto. Felizmente as balas perdidas não atingiram ninguém. "A arma não letal inibe o agressor sem colocar a vida das demais pessoas em risco", complementou o coronel durante a entrevista.

Divulgação
     
Pistola de balas de borracha fabricada pela empresa
 será utilizada por Unidades de Polícia Pacificadora   
 
Também o jornal O Globo havia publicado, em 28 de março, artigo escrito pelo ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio (Bope) e co-autor do roteiro do filme Tropa de Elite, Rodrigo Pimentel em que também defende o uso de armas não letais nas UPPs. Ele afirma que até o momento os policiais dessas unidades tiveram sorte, já que os tiros disparados para conter tumultos não atingiram ninguém, o que poderia comprometer todo um projeto de segurança, que conta com 94% de aprovação dos moradores locais.

Segundo Pedro Luiz Schneider, a Condor fabrica diversos tipos de projéteis de borracha, que poderão ser utilizadas nas UPPs. Uma delas, a munição calibre 12 chamada Precision, se destaca mundialmente pela precisão, contando inclusive com patente no Brasil e nos Estados Unidos. Já a arma elétrica incapacitante que será usada nas UPPs, por enquanto, ainda será importada. Isso porque, apesar da Condor estar concluindo o desenvolvimento de uma arma desse tipo, o produto só estará disponível no mercado no começo de 2011. Ela serve para atingir alvos a até dez metros de distância. Dotada de quatro baterias recarregáveis de três volts cada, ela tem autonomia para até cento e cinquenta disparos. "São dois dardos presos por fios elétricos que, ao ser disparados, energizam-se e prendem-se na roupa ou na pele do trangressor. O choque emitido dura cinco segundos e causa a perda do controle motor e consequente queda desse transgressor", descreve Schneider. "Se for necessário, o policial pode apertar novamente o gatilho e aplicar mais cinco segundos de choque", complementa. Schneider explica que a participação do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ) no projeto foi essencial para o desenvolvimento dessa arma. "Com o apoio da FAPERJ, foi possível criar no Cefet/RJ um laboratório bem equipado para desenvolver a tecnologia necessária para fabricação do armamento."

Novos projetos: matéria prima de CS e automoção na fabricação de pastilhas de gás lacrimogêneo
 

Também com apoio do edital de Inovação Tecnológica, da FAPERJ, mas ainda em fase inicial, a Condor desenvolve mais dois projetos: uma planta piloto para  produção de CS (ortoclorobenzalmalonitrilo), matéria-prima para a fabricação de granadas lacrimogêneas e uma máquina que permitirá a substituição do processo manual de prensagem de pastilhas lacrimogêneas pela automação de todas as suas etapas. "O apoio da Fundação tem sido fundamental para o crescimento de nossa empresa e consequentemente para a modernização da política de segurança em nosso estado e em todo o País", explica Schneider.

Vinicius Zepeda 

         
       Campo de testes da Condor, na Reserva Biológica do
        Tinguá: preocupação também com o meio ambiente


Apesar disso, o diretor de tecnologia da Condor faz um alerta a respeito de algumas notícias veiculadas recentemente sobre o uso de gás pimenta por civis, em especial por
senhoras da alta classe média da Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, para se defender de assaltantes. "Essas armas são compradas lá fora ou mesmo vendidas clandestinamente, sem nenhuma garantia de qualidade. Além disso, seu uso no Brasil é proibido para civis, sua aquisição é restrita a órgãos de segurança e governos por meio de licitações, e regulamentado por uma portaria apenas para segurança privada." Schneider acrescenta ainda: "Os profissionais são treinados e orientados para usar adequadamente essas armas, que são extremamente eficazes em controle de tumultos, como brigas de torcidas organizadas em estádios de futebol, rebeliões em presídios, entre outros." Até mesmo em situações graves, quando bandidos fortemente armados enfrentam a polícia, o uso de armas não-letais, pode contribuir para desalojar os bandidos e facilitar a ação policial. Dessa forma, as armas não-letais dão suporte ao uso da arma de fogo e evitam-se disparos que podem atingir a população inocente.  Schneider recorda que as forças de paz da ONU, lideradas pelo Brasil na Missão das Nações Unidas para a estabilização no Haiti (Minustah) já vêm utilizando esses equipamentos.

Em um milhão de metros quadrados, nas proximidades da Reserva Biológica do Tinguá, a Condor, uma empresa familiar, é composta de cinquenta e seis prédios espalhados numa área totalmente arborizada e cercada de verde por todos os lados. Conta até com espaços de lazer para seus cerca de quatrocentos funcionários, a maioria moradores da região. Com autorização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), possui viveiros onde são criadas araras e pavões. Aves encontradas feridas nas proximidades são tratadas ali por especialistas e devolvidas a seu habitat natural. Também com autorização da Sociedade União Internacional Protetora dos Animais (Suipa), são criados mais de uma dúzia de cães no espaço da empresa.

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