Vinicius Zepeda |
À esquerda, protótipo de arma elétrica incapacitante,pronta para utilização À direita,demonstração de funcionamentodos circuitos elétricos internos |
Há muitos anos o Brasil convive com altos índices de letalidade decorrente da ação policial e da utilização de armas de fogo. O índice de letalidade reflete a morte de policiais, de infratores da lei e de vítimas inocentes das chamadas “balas perdidas”. Entre as muitas causas da letalidade está a escassez de armas não-letais que permitam a aplicação gradual da força, pelos órgãos encarregados da segurança, de acordo com cada situação específica. Com auxílio da FAPERJ e da Finep, por meio dos editais Apoio à Inovação Tecnológica no Estado do Rio e Pappe Subvenção/Rio, algumas armas não letais vêm sendo desenvolvidas pela empresa Condor S.A. Indústria Química.
Localizada no bairro de Adrianópolis, município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, a Condor é empresa de capital 100% nacional e a única do País voltada exclusivamente para o desenvolvimento de tecnologias para fabricação de armas e munição não letais com padrão de qualidade internacional. "Este tipo de armamento representa uma importante alternativa ao uso de armas de fogo. Em 1990, durante o Oitavo Congresso da Organização das Nações Unidas (ONU), nos Princípios Básicos sobre Uso da Força pelos Agentes da Lei, ficou estabelecido que governos e entidades devem equipar os responsáveis pela aplicação da lei com uma variedade de tipos de armas e munições que permitam o uso diferenciado da força, incluindo as não letais, para limitar, cada vez mais, a aplicação de meios capazes de causar a morte ou ferimentos de pessoas", explica o diretor de Tecnologia da Condor, Pedro Luiz Schneider.
Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) usarão armas não letais
Atualmente, a defesa do uso desse tipo de armamento tem ganhado destaque na grande imprensa. Manchete do jornal O Dia, de 4 de abril deste ano, destacou entrevista do coordenador das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), coronel José Vieira de Carvalho Júnior, afirmando que o governo do estado está comprando armas não letais para uso dos policiais lotados nessas unidades. Ele explica que apesar de os policiais continuarem a portar armas de fogo, também estarão equipados com pistolas taser (que dispara eletrodos capazes de dar choque e imobilizar a pessoa) e balas de borracha. O coronel Carvalho destaca a necessidade desse tipo de armamento na mediação de conflitos comuns nas comunidades, como brigas de bar, por exemplo. Em fevereiro deste ano, um tumulto entre policiais e moradores foi criado devido à prisão de um comerciante local que se recusava a abaixar o som em seu bar. A população se revoltou contra os policiais que, para dispersar a multidão, tiveram que dar tiros para o alto. Felizmente as balas perdidas não atingiram ninguém. "A arma não letal inibe o agressor sem colocar a vida das demais pessoas em risco", complementou o coronel durante a entrevista.
Divulgação |
Pistola de balas de borracha fabricada pela empresa será utilizada por Unidades de Polícia Pacificadora |
Segundo Pedro Luiz Schneider, a Condor fabrica diversos tipos de projéteis de borracha, que poderão ser utilizadas nas UPPs. Uma delas, a munição calibre 12 chamada Precision, se destaca mundialmente pela precisão, contando inclusive com patente no Brasil e nos Estados Unidos. Já a arma elétrica incapacitante que será usada nas UPPs, por enquanto, ainda será importada. Isso porque, apesar da Condor estar concluindo o desenvolvimento de uma arma desse tipo, o produto só estará disponível no mercado no começo de 2011. Ela serve para atingir alvos a até dez metros de distância. Dotada de quatro baterias recarregáveis de três volts cada, ela tem autonomia para até cento e cinquenta disparos. "São dois dardos presos por fios elétricos que, ao ser disparados, energizam-se e prendem-se na roupa ou na pele do trangressor. O choque emitido dura cinco segundos e causa a perda do controle motor e consequente queda desse transgressor", descreve Schneider. "Se for necessário, o policial pode apertar novamente o gatilho e aplicar mais cinco segundos de choque", complementa. Schneider explica que a participação do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet/RJ) no projeto foi essencial para o desenvolvimento dessa arma. "Com o apoio da FAPERJ, foi possível criar no Cefet/RJ um laboratório bem equipado para desenvolver a tecnologia necessária para fabricação do armamento."
Novos projetos: matéria prima de CS e automoção na fabricação de pastilhas de gás lacrimogêneo
Também com apoio do edital de Inovação Tecnológica, da FAPERJ, mas ainda em fase inicial, a Condor desenvolve mais dois projetos: uma planta piloto para produção de CS (ortoclorobenzalmalonitrilo), matéria-prima para a fabricação de granadas lacrimogêneas e uma máquina que permitirá a substituição do processo manual de prensagem de pastilhas lacrimogêneas pela automação de todas as suas etapas. "O apoio da Fundação tem sido fundamental para o crescimento de nossa empresa e consequentemente para a modernização da política de segurança em nosso estado e em todo o País", explica Schneider.
Vinicius Zepeda |
Campo de testes da Condor, na Reserva Biológica do Tinguá: preocupação também com o meio ambiente |
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