O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Pesquisa transforma cinzas do bagaço de cana e de arroz em concreto
Publicado em: 16/10/2008
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Pesquisa transforma cinzas do bagaço de cana e de arroz em concreto


Débora Motta

                                                                          Divulgação

         
      Cinzas dos bagaços da cana-de-açúcar e da casca
      de arroz são processadas durante moagem mecânica
Em tempos de desenvolvimento sustentável, reaproveitar materiais que antes eram descartados tornou-se palavra de ordem. Pensando em uma alternativa para reduzir o impacto da poluição atmosférica gerada pela construção civil, o pesquisador Guilherme Chagas Cordeiro, da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), desenvolveu, com o apoio da FAPERJ, um método para transformar o bagaço da cana-de-açúcar e da casca do arroz em matéria-prima para a fabricação do concreto na construção civil. "A proposta é usar as cinzas desse bagaço para substituir até 20% do cimento utilizado no preparo do concreto. Esses resíduos, produzidos durante o processo de fabricação do álcool, do açúcar e do arroz sem casca para a alimentação, normalmente não possuem uma aplicação específica", explica.

As vantagens de substituir parte do cimento por cinzas de bagaço da biomassa durante o preparo do concreto – mistura de diversos materiais, entre areia, cimento, brita e água – são muitas. De acordo com Cordeiro, essa é uma forma inteligente de reduzir o impacto ambiental. "A indústria de cimento é poluidora. Para se ter uma idéia, apenas ela é responsável pela emissão de 5% a 7% de todo o dióxido de carbono (CO2) antrópico emitido no planeta", destaca.

O uso do novo material poderia representar uma queda representativa no percentual de  (CO2) emitido anualmente pelo país na atmosfera. "De uma média de 45 milhões de toneladas de cimento produzidas por ano no Brasil, poderíamos deixar de emitir cerca de três milhões de toneladas por ano de CO2 se substituíssemos por cinzas de bagaço 15% do cimento presente no concreto, base da construção civil", diz o pesquisador, alertando ainda que para cada tonelada de cimento produzida pela indústria, a média mundial de poluição gerada para a atmosfera é de cerca de uma tonelada de CO2.

Além de ser uma opção ecologicamente correta, o produto seria uma maneira de tornar a construção civil mais acessível à população. "O preço final deve ser dez vezes mais barato do que o valor oficial do cimento. Como o processamento do bagaço é muito simples, os únicos custos  seriam transporte e moagem, que o cimento também tem. Sairia bem mais em conta do que o processo produtivo do cimento", estima Cordeiro. E prossegue: "O produto ainda está em laboratório, mas uma parceria com a indústria poderia viabilizar uma aplicação em grande escala."

O método envolve processos mecânicos simples e rápidos para a fabricação das cinzas a partir do bagaço, com baixa demanda energética. "O bagaço da cana e a casca do arroz são queimados em caldeiras dentro das próprias usinas para a produção de vapor e, por vezes, cogeração de energia. Dessa etapa, surgem as cinzas, que passam depois por um processamento no laboratório, a moagem mecânica, que é a quebra das partículas em condições especiais para redução do tamanho dos grãos. Com isso, a cinza fica pronta para substituir o cimento no preparo do concreto", resume.

                                                                      Divulgação

        
   Produto final do experimento é um concreto mais
   compacto, com baixo custo e ecologicamente correto
O professor da Uenf destaca que o resultado do concreto feito com os bagaços da agroindústria apresenta benefícios em relação ao tradicional. "O aspecto fica absolutamente igual, dependendo da coloração das cinzas. A resistência e as propriedades de manuseio do concreto também não são alteradas. Já a durabilidade tende a aumentar, porque as cinzas são mais finas e preenchem melhor os poros do concreto. O resultado final é um material ainda mais compacto", observa Cordeiro.

A pesquisa, tema da tese de doutorado de Guilherme na Coppe/UFRJ, recebeu o Prêmio do Instituto Brasileiro do Concreto, durante o 50 Congresso Brasileiro do Concreto, realizado entre os dias 5 e 9 de setembro, em Salvador. "É a primeira vez que um projeto dedicado ao emprego da cinza do bagaço de biomassa é premiado na categoria Melhor Tese de Doutorado na Área de Materiais no Biênio", comemora o pesquisador, que teve na Coppe/UFRJ a orientação dos professores Romildo Toledo Filho e Eduardo Fairbairn.

Guilherme Cordeiro reconhece também o apoio da FAPERJ. "Fui bolsista Nota 10 da Fundação durante o meu doutorado. Depois que assumi o magistério na Uenf, recebi um Auxílio Instalação este ano, o que possibilitou a compra de materiais básicos para a pesquisa, como computadores", avalia o pesquisador, que estabeleceu uma importante parceria com seus ex-professores da Coppe e mantém a mesma linha de pesquisa na Uenf. "A indústria do açúcar e do arroz pode obter créditos de carbono e transformar o que é um problema em um produto de valor agregado."

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes