Elena Mandarim
Fernando Moraes/Museu Nacional |
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Aspeças são expostas numa altura ideal para a visualização de cadeirantes |
Criado por D. João VI, em 1818, o Museu Nacional – incorporado à Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1946 – vem exercendo seu papel de difusão e popularização das ciências ao longo dos seus quase dois séculos de existência. Recentemente, a instituição científica mais antiga do País inovou ao criar o Espaço Ciência Acessível que traz a mostra "O mar brasileiro na ponta dos dedos". Voltada ao grande público, em especial às pessoas com algum tipo de deficiência, sua estrutura foi toda montada seguindo os padrões internacionais de acessibilidade. Ou seja, as peças expostas estão numa altura ideal para a visualização de cadeirantes, há etiquetas descritivasem braile, informações passadas por guias treinados, entre outros detalhes. Além disso, foram usados materiais sustentáveis, como bambu e cordas. De acordo com o coordenador do espaço, o biólogoFernando Moraes, que é pesquisador associado do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e do Museu Nacional, trata-se de uma iniciativa-piloto, que vem sendo desenvolvida há um ano, com o objetivo de ampliar e democratizar o acesso ao conhecimento científico.Contemplado no edital de Apoio à Difusão e Popularização da Ciência e Tecnologia, da FAPERJ, oprojeto conta com o apoio do Instituto Benjamin Constant, da Rede Abrolhos e do Instituto Mar Adentro.
Na exposição, os visitantes têm a oportunidade de conhecer alguns dos principais grupos zoológicos marinhos das águas brasileiras, expostos em ordem evolutiva, desde uma esponja do mar até um golfinho, passando por corais endêmicos da região de Abrolhos, estrelas-do-mar e tartarugas ameaçadas de extinção, conchas gigantes e um pinguim-de-magalhães. Moraes ressalta que todo o material apresentado é verdadeiro e foi preparado de modo que o público pudesse tocar nas peças. "Temos percebido que os animais expostos, acessíveis ao toque dos visitantes, estimulam sentidos e sentimentos, tanto das pessoas com algum tipo de deficiência quanto do público em geral", anima-se o biólogo. Ele conta que, para complementar o ambiente, foram dispostas ainda em torno de 15 fotos raras do Monumento Natural das Ilhas Cagarras, cedidas pelo Projeto Ilhas do Rio.
Fernando Moraes/Museu Nacional |
A possibilidade detocar nas peçasestimula os sentidos eos sentimentos dos visitantes |
Segundo Moraes, a criação do Espaço Ciência Acessível faz parte de um projeto maior que visa à revitalização da Seção de Assistência ao Ensino (SAE), do Museu Nacional. Este setor foi criado em 1927 com a proposta de criar uma coleção multimídia que pudesse servir como instrumento de ensino. Um dos objetivos foi montar um acervo biológico, composto por fósseis de plantas e rochas, que pudesse ser emprestado às escolas. O pesquisador explica que, embora a SAE tenha permanecido viva durante todo o tempo, grande parte do seu acervo se encontravadeteriorado e defasado. "Por isso, em 2012, iniciamos um processo de recuperação. Estamos trocando os frascos, desenvolvendo novas etiquetas, identificando as espécies de modo a difundir noções de sistemática, taxonomia e ecologia."
Fernando Moraes/Museu Nacional |
Roupade mergulhadorexposta ao alcance das mãos curiosas dos estudantes |
Hoje em dia, muito se fala em difusão e popularização da ciência como forma de impulsionar o desenvolvimento social e econômico de um país. Para o pesquisador, o que fortalece essa tendência é uma formação menos restrita ao espaço escolar. "Ou seja, devem-se ampliar as ações educativas complementares, como as visitas a museus, centros de ciência, exposições, publicações, oque efetivamente contribui para despertar uma cultura científica e aumentar o conhecimento sobre a importância da conservação do patrimônio científico, histórico e cultural de um povo", conclui.
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