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Publicado em: 24/05/2007
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Museu Nacional promove a ciência e a cultura brasileiras

Paul Jürgens



Divulgação/UFRJ   

     
   Azevedo: projeto de interação com
     o público no parque da Quinta
   
O mais importante acervo de História Natural da América Latina está sob a guarda do Museu Nacional, no Parque da Quinta da Boa Vista. O atual diretor da instituição – que caminha para completar dois séculos de existência – é o biólogo e geólogo Sérgio Alex Kugland de Azevedo, que assumiu o posto em 2003 e para o qual já foi reconduzido uma vez. Em entrevista ao Boletim da FAPERJ, esse gaúcho que obteve o título de Doutor em Geociências pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) afirma que o museu está entre os poucos disponíveis à população de baixa renda que procura ter acesso à ciência e à cultura de alta qualidade.

Para o pesquisador e administrador, não é justo comparar a evolução, ao longo das últimas décadas, do museu que dirige com a de seus congêneres nos países ricos. Ele lembra que enquanto a reforma de uma única exposição do American Museum of Natural History (AMNH), de Nova York pode custar 8 milhões de dólares, no museu que comanda esses valores alcançam, no máximo, 150 mil reais. A FAPERJ, ao longo dos últimos anos, apoiou diversos projetos realizados pelo Museu.

Criado por dom João VI em 6 de junho de 1818, sua fundação atendeu à necessidade de promover o progresso econômico e social do país. Chamado inicialmente de Museu Real, foi incorporado à Universidade do Brasil em 1946, e hoje integra a estrutura acadêmica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além de reunir o maior acervo científico da América Latina, o museu dispõe ainda de laboratórios de pesquisa e de uma ampla estrutura de ensino voltada para a pós-graduação. Sua exposição permanente, aberta de terça a domingo, reúne cerca de 3 mil peças, algumas delas de inestimável valor, como a coleção de múmias egípcias. O Museu dispõe ainda de um horto botânico e de uma biblioteca central (aberta ao público), situados na parte sul da Quinta da Boa Vista. Leia, a seguir, a íntegra da entrevista.

Boletim da FAPERJ – A exposição sobre Darwin (Charles Darwin, naturalista britânico, 1809-1882), vinda do Museu de História Natural de Nova York e atualmente em cartaz no Masp (Museu de Arte de São Paulo), tem atraído grande número de visitantes, além de haver contribuído para fomentar o interesse da mídia pela ciência, e, em particular, pela História Natural. De que forma a passagem dessa exposição pelo país pode ajudar na divulgação da ciência de um modo geral?
Sérgio Azevedo – Darwin, suas idéias e teorias sempre tiveram destaque no meio acadêmico. Uma exposição sobre ele, direcionada ao público em geral, não só informa como envolve a população em temas que acabam tendo relação com nosso cotidiano. É de nossa natureza buscar respostas para algumas questões fundamentais sobre nossas origens e evolução. O sucesso de mostras desse tipo demonstra que o interesse transcende o meio acadêmico e pode despertar interesses por temas semelhantes.

Boletim da FAPERJ – Nas últimas décadas, os principais museus de História Natural em todo o mundo foram ‘reinventados’ com grande sucesso e hoje estão entre os mais visitados. Se observarmos a evolução dos números relativos à visitação do Museu Nacional, no entanto, veremos que a instituição não acompanhou essa tendência. O que falta ao museu para fazer parte desse “clube”?
Sérgio Azevedo – Nas últimas décadas, os museus de História Natural sofreram diversas modificações para acompanhar os avanços em distintas áreas da ciência e, com isso, mantiveram o interesse popular, pois sempre estiveram entre os mais visitados. O Museu Nacional passa pelo mesmo processo, com a recuperação de áreas físicas e a reformulação de antigas exposições. No entanto, essas modificações são proporcionais aos investimentos realizados. A reformulação de uma única exposição no AMNH, de Nova York, pode custar cerca de 8 milhões de dólares enquanto as exposições do Museu Nacional, à custa de muito sacrifício, são realizadas com no máximo 1% desse valor, 100 a 150 mil reais. É justo comparar? Apesar disso, o Museu Nacional, localizado no parque mais popular da cidade do Rio de Janeiro, é um dos poucos locais onde uma significativa parcela de nossa população menos favorecida pode ter acesso à ciência e cultura de alta qualidade. É aqui, e só aqui, que nosso visitante pode ter contato com autênticas múmias egípcias, esqueletos de grandes dinossauros, resquícios de homens primitivos – nossos antepassados mais antigos, peças raras das culturas brasileira e sul-americana e, inclusive, afrescos reais das paredes de Pompéia, entre diversas outras atrações –, tudo isso a custo muito baixo já que o museu oferece diversas gratuidades e seu ingresso custa R$ 3. Disponibilizar esse tipo de informação para nossa população é uma de nossas mais nobres tarefas.

Boletim da FAPERJ – Em agosto de 2006, o acervo do museu ganhou a réplica de um dinossauro, antiga reivindicação do público, principalmente de crianças e adolescentes. Foi a primeira vez que o esqueleto de um dinossauro de grande porte – medindo 13 metros de comprimento – foi montado no país. Passados dez meses, que balanço o senhor faz dessa aquisição para a exposição permanente do museu? Há outros projetos como esse em estudo no museu?
Sérgio Azevedo – A apresentação do Maxakalisaurus veio atender um antigo interesse popular manifestado ao longo de muitos anos. Hoje, a sala em que se encontra o esqueleto do dinossauro é uma das que mais interesse desperta em nossa exposição, principalmente entre os visitantes mais jovens. Possuir um grande dinossauro montado é tão fundamental e habitual para qualquer grande museu que durante anos nossos visitantes confundiram uma preguiça gigante – montada em nossa sala de entrada – com um dinossauro. O museu possui hoje outros projetos similares em planejamento e/ou execução, sempre visando proporcionar maior conhecimento dos avanços das pesquisas desenvolvidas em nossa instituição e das ciências naturais em geral.

Boletim da FAPERJ – Criado em 1818, o Museu Nacional reúne cerca de 20 milhões de peças, conservadas e estudadas pelos Departamentos de Antropologia, Botânica, Entomologia, Invertebrados, Vertebrados, Geologia e Paleontologia. Seu acervo é o maior do gênero na América Latina, embora poucos saibam disso. Qual a importância para a pesquisa nacional desse acervo e dos estudos ali realizados? E como se poderia explorar e aproveitar melhor todo esse material?
Sérgio Azevedo – Para a pesquisa nacional e internacional, o acervo do Museu Nacional é muito bem aproveitado e no meio científico não há quem não saiba disso. Qualidade e número de publicações comprovam esse fato. São milhares de trabalhos e livros publicados e o museu já rompeu a barreira das 1.400 teses e dissertações apresentadas por seus programas de pós-graduação, alguns deles entre os melhores do país e de referência internacional. Fora do meio acadêmico é que a desinformação é maior e a solução passa pelo incremento das exposições e por uma aproximação maior com o público. A esse respeito, o museu planeja para junho próximo, com apoio da Petrobras, uma grande atividade externa, levando para fora do palácio que o abriga oficinas, mostras e experimentos por meio da montagem de um grande espaço de interação no parque da Quinta da Boa Vista.

Boletim da FAPERJ – De acordo com alguns pesquisadores, o desconhecimento dos temas científicos e de sua significação para tantos aspectos de nossas vidas prejudicaria a consolidação de uma cidadania plena. O senhor concorda com essa avaliação?
Sérgio Azevedo – De forma genérica sim. Porém, a consolidação de uma cidadania plena em nosso país está muito mais vinculada a diversos outros fatores socioeconômicos.

Boletim da FAPERJ – Recente pesquisa divulgada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia sobre como o brasileiro vê a ciência e tecnologia revelou que o setor sofre de falta de visibilidade e presença no cotidiano nacional. Apesar disso, foi constatada uma evolução nas duas últimas décadas. O que está faltando para garantir uma ampla difusão desses temas?
Sérgio Azevedo – Investimento socioeconômico compatível com as dimensões do problema. Muito se tem feito na melhoria desse tema e o resultado pode ser constatado através da citada evolução nos últimos anos. Mas sejamos realistas: ainda estamos muito aquém de nossas necessidades mais básicas. A falta de visibilidade da ciência e tecnologia e de sua presença no cotidiano nacional, assim como a desinformação científico-cultural, extrapola a esfera popular e adentra com força total nas esferas políticas e administrativas.
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