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Publicado em: 26/04/2007

Prêmio L'Oreal amplia número de contempladas este ano

UFRJ/ Olhar Virtual

Yraima Lopes Cordeiro: entre     as cinco ganhadoras em 2006

A atuação e o destaque das mulheres na pesquisa científica no Brasil já é tão significativa quanto a das suas colegas na França, onde vale lembrar que uma candidata disputa com reais chances de vitória a presidência do país. Um bom exemplo de nosso avanço foi a premiação da recém-doutora em farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Yraima Lopes Cordeiro – uma das cinco brasileiras contempladas na primeira edição do Programa de Bolsas L’Oréal/Unesco/ABC (Academia Brasileira de Ciências) para Mulheres Brasileiras na Ciência. Yraima venceu com uma pesquisa apoiada pela FAPERJ, em 2006. Este ano, devido ao surpreendente número de inscrições da primeira versão, que chegou a 438, o número de premiadas do concurso, promovido pela empresa francesa, será ampliado para sete. As inscrições vão até 15 de junho.

Em 2006, além de Yraima, premiada com o trabalho Estudos biofísicos e funcionais da interação da proteína do príon com ácido nucléico e glicosaminoglicanos, foram contempladas mais três pesquisadoras do Rio Grande do Sul e uma de São Paulo. Cada uma recebeu um prêmio no valor de 20 mil dólares para serem usados em infra-estrutura e equipamentos relacionados ao projeto de acordo com a necessidade de cada pesquisador. Segundo a pesquisadora, a liberdade de gastos do total do valor da premiação é o grande diferencial do prêmio. “Com a verba comprei um computador mais moderno, materiais e reagentes. Mas o principal ganho foi a possibilidade de gastar em obras de infra-estrutura do meu laboratório, financiamento difícil de ser obtido hoje em dia em nosso país”, afirma.

Yraima Lopes Cordeiro também chama atenção para a parceria da ABC com a L’Oréal e Unesco. “Isto mostra que apesar da diretoria da ABC ser formada por apenas por homens, este apoio ao prêmio mostra que eles estão atentos à importância do papel da mulher no desenvolvimento das ciências no Brasil”, lembra a pesquisadora. Outro ponto que Yraima destaca é o incentivo que a premiação concede às jovens pesquisadoras. “Este prêmio é destinado àquelas que tenham concluído o doutorado há no máximo quatro anos. Eu havia concluído meu doutorado em 2005, e no ano seguinte já obtive uma premiação de nível nacional, concorrendo com mais de 400 candidatas em todo o país. Esta foi, sem dúvida, a premiação mais importante que já obtive”, afirma orgulhosa. 

Criação do prêmio é resultado do sucesso de brasileiras em prêmio internacional

Segundo a pesquisadora e integrante do júri do concurso Lucia Mendonça Previato, a criação do Prêmio L’Oréal/Unesco/ABC para Mulheres na Ciência, foi resultado do recente sucesso das cientistas brasileiras na versão internacional do mesmo prêmio para pesquisadoras do mundo inteiro. Nos anos de 2001, 2004 e 2005, três pesquisadoras brasileiras foram laureadas: Mayana Zatz, geneticista da USP (Universidade de São Paulo), por suas pesquisas em distrofia muscular; a própria Previato por sua contribuição ao conhecimento do mecanismo de interação do protozoário Tripanossoma Cruzi (transmissor do mal de Chagas) e as células hospedeiras; e Belita Koiller, professora de Física da UFRJ, por seus estudos sobre elétrons em ambientes desordenados.

André Durão/L'Oréal

O presidente da ABC, o matemático Jacob Palis, com as vencedoras do prêmio l'Oreal de 2006

Na época, foram selecionadas cinco ganhadoras, cada uma de um dos cinco continentes do planeta, por um júri internacional. Elas receberam um prêmio de US$ 100 mil cada uma, numa cerimônia realizada em Paris. Tanto Belita Koiller quanto Lucia Previato contaram com o apoio da FAPERJ para o desenvolvimento de seus trabalhos. Segundo Previato, a repercussão do sucesso dela e das outras duas pesquisadoras brasileiras no começo do século 21 permitiu que a comunidade científica nacional e a ABC reivindicassem a criação de um prêmio para jovens pesquisadoras voltado exclusivamente para o Brasil. “A criação da versão brasileira do prêmio é uma grande conquista para a comunidade científica nacional como um todo. Além de tudo, o mérito do nascimento deste concurso ano passado é resultado do sucesso não só meu, mas também da Belita e da Mayana. Tanto a Unesco quanto a L’Oréal foram extremamente sensíveis às nossas reivindicações”, lembra Lucia Previato.

Segundo François-Xavier Fenart, Presidente da L’Oréal Brasil, a instituição do concurso reivindicado pela comunidade científica brasileira serviu para reforçar os laços com a comunidade científica nacional: “Instituir este programa de bolsas locais tornou-se uma prioridade para nossa empresa. Temos a total convicção que impulsionando a ciência ajudando jovens pesquisadoras brasileiras, estaremos colaborando com o futuro do país”, conclui Fenart.

As inscrições para a segunda edição do Programa de Bolsas L’Oréal/Unesco/ABC para Mulheres Brasileiras na Ciência começaram no dia 20 de abril e vão até 15 de junho de 2007. A divulgação dos resultados será no dia 10 de agosto de 2007, e a premiação deverá acontecer no final do mês de setembro, com data e local a confirmar. O júri do concurso é presidido por Jacob Palis, presidente da ABC e integrante do programa Cientistas do Nosso Estado da FAPERJ. Além dele, Bellita Koiller, Mayana Zatz e Lucia Mendonça Previato também integram o júri, que conta ainda com a presença de mais sete pesquisadores, entre homens e mulheres, vindos de várias regiões do Brasil.