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Publicado em: 01/03/2007
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Pesquisa determina alimentação ideal para larvas de caranguejos

Mario Nicoll

Divulgação UFRRJ

 
  As larvas são o objeto principal do estudo

Com apoio da FAPERJ, cientistas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) descobriram que as larvas de caranguejo se desenvolvem com mais rapidez e resistência quando submetidas a uma alimentação específica em cada fase de seu desenvolvimento.  A descoberta possibilitará a larvicultura – criação de larvas em cativeiro – e a reposição de caranguejos jovens em seu habitat natural. O estudo é coordenado pela bióloga Lídia Miyako Yoshii Oshiro, na Estação de Biologia Marinha (EBM) de Itacuruçá, na Costa Verde, litoral do Rio de Janeiro.

Contemplada pelo programa Cientistas do Nosso Estado, a pesquisa Manejo e conservação dos caranguejos de importância econômica do Estado do Rio de Janeiro investiga não só a alimentação, mas também a densidade de estocagem, salinidade e temperatura da água ideais para a larvicultura. “Queremos viabilizar a técnica para possibilitar a reposição dos jovens para o uso sustentável do recurso explorado pelos caranguejeiros e contribuir com a biodiversidade do ecossistema manguezal”, planeja Oshiro, doutora em Ciências pela Universidade de São Paulo.

Divulgação UFRRJ 

Caranguejos fluminenses são ameaçados   
pela exploração e degradação ambiental


Degustados com freqüência em bares e restaurantes à beira-mar ou oferecidos vivos a turistas nas cidades litorâneas, os caranguejos da costa fluminense vêm sendo ameaçados não só pela sobre-exploração como pela degradação ambiental. Para garantir a sua existência no estoque natural, a pesquisadora estuda as três espécies mais consumidas: guaiamum, uçá e guaiá.

A equipe coordenada por Oshiro conseguiu resultados inéditos com a produção de megalopas – fase intermediária entre a larva e o caranguejo jovem – num tempo bastante reduzido em relação aos conhecidos até então pela ciência. “É nesse momento da vida que o animal começa a procurar substrato para se alimentar e se prepara para sair da água”, explica a pesquisadora.  “Depois de eclodido o ovo, a larva criada em laboratório levava até cerca de 40 dias para se transformar numa megalopa. Nosso estudo conseguiu obter megalopas em até 25 dias”, compara.

O resultado animador foi possível graças a experimentos com a alimentação. Devido à facilidade no manejo, a maioria dos trabalhos de desenvolvimento larval utilizava exclusivamente a Artemia na alimentação. “Esse é o alimento utilizado na criação de larvas de camarão. Havia a necessidade de testar alimentos de tamanhos menores porque, nos primeiros estágios, as larvas de caranguejo e as de Artemia têm praticamente o mesmo tamanho”, observou.

Os experimentos consistiram em verificar principalmente a aceitação da alimentação por meio de microalgas, rotíferos – animais invertebrados – e ração. “Chegamos à conclusão de que existe um alimento ideal para cada fase do desenvolvimento larval”, disse. A utilização de rotíferos para as larvas de guaiamum foi realizada pela primeira vez e foi a que apresentou melhor resultado em termos de sobrevivência e tempo de desenvolvimento larval até o estágio de megalopa. Também numa iniciativa inédita, os experimentos com ração úmida para larvas de caranguejo tiveram êxito. Já utilizada na criação de camarões, esse tipo de alimentação demonstrou ótimos resultados tanto nos guaiamuns como nos uçás.

Quando comparada às informações da literatura, a obtenção de caranguejos juvenis também ocorreu em tempo reduzido. “Chegamos à fase jovem até em 35 dias, enquanto o que acontecia até então era chegar a esse estágio em mais de 50 dias”, anima-se.  “Pretendemos agora pesquisar os motivos da baixa sobrevivência dos caranguejos jovens criados em laboratório”, planeja a pesquisadora, admitindo que o índice de sobrevivência nessa fase ainda não é satisfatório.

Divulgação UFRRJ 

 
 Os guaiamuns aceitaram bem a ração úmida


Nos caranguejos uçá e guaiamum, foi identificada a necessidade da administração de rotíferos e microalgas vivos numa fase inicial. Posteriormente, a alimentação é por meio de larvas de Artemia. Os experimentos visam determinar agora o tempo ideal para cada alimento. É preciso especificar o tempo em que as larvas podem ser alimentadas exclusivamente com algas e rotíferos sem haver comprometimento na sobrevivência e de- senvolvimento.

 

 

Os experimentos em laboratório

 

Com infra-estrutura adequada para os trabalhos experimentais, a EBM de Itacuruçá está localizada numa região privilegiada, onde as populações naturais dessas espécies são capturadas em manguezais, praias e costões. As alternativas alimentares como microalgas e rotíferos são produzidas no laboratório de algologia da Fiperj (Fundação Instituto de Pesca do Rio de Janeiro), Estação de Guaratiba.

O trabalho se inicia com a captura de fêmeas ovígeras que são separadas individualmente quando estão nos estágios finais do desenvolvimento embrionário. Ao eclodirem, as larvas são separadas para os experimentos em frascos individualizados com capacidade de 30 ml para testar aceitação dos alimentos e, numa segunda etapa, em frascos de 10 a 15 litros.

São realizados, então, os experimentos para determinar a aceitação de alimentos básicos pelas três espécies pesquisadas.  Após a determinação do período de aceitação dos alimentos vivos numa primeira etapa, é testado o alimento inerte – uma ração semelhante à utilizada em larvicultura de camarões de água doce, numa segunda etapa.

A pesquisa agora começa a testar a salinidade, temperatura e densidade de estocagem de larvas ideais para determinar as condições mais adequadas à larvicultura de caranguejos. Conhecer a biologia e a ecologia dessas espécies é fundamental para a utilização das técnicas de manejo e conservação e conseqüentemente para o repovoamento em seu habitat natural.

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