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Publicado em: 08/02/2007
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Projeto de pré-iniciação científica ajuda formação cidadã

Vinicius Zepeda

Voltado para incentivar a vocação e o gosto pelas ciências entre e os estudantes de ensino médio/técnico de toda a rede pública de escolas do Estado do Rio de Janeiro, o programa Jovens Talentos (JT) tem contribuído ainda para a formação cidadã dos alunos contemplados e a elevação da auto-estima de jovens de comunidades carentes. Essa é a opinião de Jorge Belizário de Medeiros Maria, que desde 2002 exerce a função de coordenador do programa. Projeto de pré-iniciação científica para estudantes que demonstram afinidade com as ciências, o Jovens Talentos nasceu em 1999 por iniciativa da FAPERJ, em parceria que reúne o Cecierj (Centro de Ciências do Estado do Rio de Janeiro) e a Fiocruz (Fundação Instituto Oswaldo Cruz). Desde julho de 2003 o JT conta com apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), no âmbito de bolsas de Iniciação Científica Júnior.

Em entrevista ao Boletim da FAPERJ, o professor Belizário, como é conhecido pelos alunos, defende a importância social do JT, fala de sua experiência à frente do projeto e de suas expectativas para o ano de 2007. Professor da Secretaria Municipal de Educação desde 1974, esse carioca de 58 anos formado em História Natural pela Universidade Gama Filho acredita que o programa desempenha papel relevante na divulgação científica e serve ainda para aproximar a escola secundária da academia. Antes de Belizário, a coordenação do programa esteve, nos primeiros meses de 1999, sob a responsabilidade do químico Maurício Moutinho, e, em seguida, sob a do físico Altair de Souza Assis. Acompanhe, a seguir, a entrevista de Jorge Belizário:

Boletim da FAPERJ: Qual a importância do programa Jovens Talentos para a divulgação científica entre os estudantes das escolas públicas do Estado do Rio? 

JORGE BELIZÁRIO: O Jovens Talentos (JT) leva para a escola pública, através dos alunos selecionados, o conhecimento de práticas científicas desenvolvidas nas instituições de pesquisa de nosso estado que têm parceria com o programa. Assim, divulga-se a ciência e faz-se a integração entre a academia e a escola secundária.

Quais os critérios utilizados para garantir a inclusão de um estudante no programa e como é feita a seleção de alunos que estudam fora da região metropolitana? Todos os municípios do interior têm direito a apresentar candidatos às vagas oferecidas?

Os critérios para que o jovem participe são o interesse na atividade de pesquisa; o bom desempenho escolar; no ano do início do estágio estar cursando a segunda série do Ensino Médio/Profissional; e estar na faixa etária de 15 a 18 anos. Estes critérios são válidos para todo o Estado do Rio de Janeiro. Hoje o projeto está presente em inúmeros municípios do interior. Para reivindicar sua participação no programa, as cidades candidatas precisam contar com uma instituição de pesquisa sediada nó município ou contar com um projeto em desenvolvimento na região realizado por pesquisadores de uma de nossas instituições parceiras.


A estratégia pedagógica do programa consiste em aproximar os estudantes do cotidiano de pesquisadores em atividade em instituições de ciência e tecnologia. Ao longo dos anos, o senhor teve a chance de acompanhar estudantes cuja passagem pelo programa serviu para ‘despertar’ uma vocação para a pesquisa científica? Algum desses estudantes foi posteriormente beneficiado com outro apoio da Fundação?

Sim, vários estudantes têm sido fortemente influenciados por sua atuação no JT. Há casos de ex-jovens talentos que fizeram a graduação e já concluíram o mestrado na mesma área em que atuaram no programa. O despertar de vocações tem sido uma constante e outro dado muito importante é que vários jovens, após a conclusão do estágio, percebem que aquela não era a sua real vocação a referida área e fazem a graduação em área diferente. Desta forma, o JT também pode servir como norteador na escolha de carreira. Na pesquisa que estamos desenvolvendo com ex-JTs, os números obtidos até agora mostram que, dos jovens que ingressaram na graduação, 65% escolheram a mesma área em que estagiaram. Apenas 35% escolheram áreas diferentes. 

 

Que balanço o senhor faz da presença desse programa junto ao ensino público? Quantos alunos foram beneficiados até o fim do ano letivo de 2006?

O programa é importante já que oferece aos estudantes a oportunidade de demonstrarem sua capacidade e talento, além de trazer valorização para o ensino público e promover uma sensível elevação na auto estima de nossos jovens. Até o final de 2006, tivemos em nossos quadros um total de 2374 jovens.

Houve alguma mudança significativa de orientação do programa ao longo dos anos? Como andam os preparativos para o ano letivo de 2007?

Sim. Mudamos a forma do processo seletivo. Começamos a solicitar que as escolas participantes passassem, através de um miniconselho de classe, a realizar uma seleção preliminar dos estudantes, a partir das opções de área de pesquisa que dispomos a cada período. A partir daí, realizamos a seleção final dos estudantes. Abrimos oportunidades de escolha em áreas de pesquisa que antes não eram contempladas. Atualmente, entre áreas e subáreas, são oferecidas 37 opções aos jovens. Conseguimos implantar novas parcerias para atender novos municípios como Bom Jesus de Itabapoana, Saquarema, Barra Mansa, Pinheiral, Seropédica, Vassouras, Angra dos Reis e Itaboraí. Conseguimos também novas parcerias para a Região Metropolitana com a Pesagro Rio e Niterói, e os Institutos Virtuais de Paleontologia e de Esportes. Para o ano que está começando, os meses de janeiro e fevereiro são destinados à adesão de orientadores e à renovação de bolsas. Em março e abril serão realizadas as reuniões de seleção de novos estudantes em todos os municípios envolvidos. Em maio, então, começa nova etapa Estágio Inicial. A Jornada Científica deste ano está programada para 21 de novembro e será realizada em Angra dos Reis.


O que significa o Estágio Avançado e que resultados foram obtidos após a sua implementação?

Estágio Avançado é a segunda fase do programa Jovens Talentos. Os alunos que mostram interesse e têm bom desempenho na primeira fase, chamada de Estágio Inicial e que vai de maio a dezembro, pode ter o estágio renovado para o ano seguinte a pedido do orientador. Nesta segunda etapa, o jovem tem a chance de aprofundar o trabalho de pesquisa que realizava no estágio inicial.


Todos os anos, ao término do programa, é organizada uma Jornada Científica na qual os alunos apresentam os trabalhos realizados. Qual a importância desse evento para os estudantes?

Ele é muito importante pois permite que os estudantes mostrem o trabalho que produziram ao longo do estágio. Em 2006, a Jornada foi realizada em dois momentos. O primeiro, no final de novembro, constou do I Encontro de JTs em que realizamos uma prestação de contas da nossa gestão e abrimos espaço para discussão sobre o projeto com JTs, ex-JTs convidados e orientadores presentes. Esta etapa foi realizada na Uerj. O segundo momento foi a exposição dos trabalhos, realizada no Departamento de Geociências da UFF. Para 2007 pretendemos realizar um simpósio, inserindo as apresentações orais dos alunos. Para os estudantes é um momento único, de suma importância acadêmica e pessoal, além de servir para criar laços de amizade com os outros alunos, orientadores e demais envolvidos nos municípios e nas diferentes instituições.

 

O senhor poderia citar pesquisas desenvolvidas ou em desenvolvimento por alunos que ganharam o reconhecimento de pesquisadores?

Citar algumas pesquisas seria inadequado uma vez que o volume de excelentes trabalhos é muito grande. Poderíamos citar três casos que extrapolaram o âmbito do JT e tornaram-se conhecidos e aclamados no Brasil. Em 2001, na Reunião Anual do SBPC, o estudante Vinícius Souza da Conceição ganhou a primeira colocação no Prêmio Cientistas do Amanhã, com o trabalho O status imunológico da mucosa intestinal influencia a resposta à antígenos presentes no lumen intestinal?, sob a orientação de Gerlinde Teixeira, da UFF. Dois anos depois, em 2003, dois de nossos alunos ficaram entre os dez finalistas do mesmo prêmio. Foram eles Moacyr Starich Guerra Barreto, com a pesquisa Diferenciação espontânea de neurônios  dopaminérgicos em cultura de células de retina de aves em desenvolvimento , sob a orientação de Jan Nora, da UFRJ; e Ana Cristina de Albuquerque Xavier, com Estudo da biogênese de autofagossomos em células de adenocarcinoma de colon humano HCP-116 em resposta à radiação, sob a orientação de José Andrés, Inca.
 

Diversos autores defendem que algum conhecimento científico é essencial para garantir o exercício de uma cidadania plena e instrumentalizar o cidadão, permitindo que ele possa participar plenamente do debate numa sociedade democrática. O programa Jovens Talentos contribui de alguma forma para a formação da cidadania?

Além da finalidade de despertar o interesse pela atividade científica em nossos jovens estudantes e revelar talentos para a pesquisa, o Jovens Talentos também tem promovido a inclusão da camada social representada pela clientela de nossas escolas públicas estaduais, permitindo a elevação da auto estima destes jovens, valorizando o ensino público e contribuindo para a formação cidadã de nossos alunos. Em 2007, estaremos num Projeto de Arqueologia Histórica que será desenvolvido em Angra dos Reis e Paraty pela professora Nanci Vieira, da Uerj, em parceria com a Eletronuclear. Ele visa inserir jovens das comunidades indígena e quilombola da região no programa, aumentando sobremaneira nosso objetivo de inclusão.

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