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Publicado em: 01/02/2007
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Pesquisa da Uerj pode evitar obras na lagoa Rodrigo de Freitas

Vilma Homero

A pesquisa a ser realizada por Friedrich herms poderá até evitar a execução de obras na lagoa Rodrigo de FreitasUma pesquisa a ser realizada pelo Departamento de Oceanografia e Hidrologia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) poderá trazer enorme economia ao estado na luta pela qualidade ambiental da Lagoa Rodrigo de Freitas. Pelo monitoramento contínuo das condições de suas águas será possível prever variações anormais da temperatura, do nível de poluição e outras alterações importantes na lagoa, permitindo prever a ocorrência de problemas como a mortandade dos peixes ou a proliferação excessiva de algas. Iniciativa que poderia até mesmo evitar a realização de obras dispendiosas como as que estão sendo consideradas para o canal do Jardim de Alah, visando melhorar a oxigenação daquelas águas.

Este estudo é parte de um amplo projeto – uma versão menor voltada para o caso específico da lagoa Rodrigo de Freitas e do canal do Jardim de Alah –, apoiado pela FAPERJ em sua primeira fase, que trata da implantação de um Centro de Monitoração Ambiental Remota das Águas Oceânicas Costeiras, Fluviais e Lacustres no Estado do Rio de Janeiro. Em sua fase inicial, a proposta é de realização de uma oficina de trabalho para a definição das características, necessidades e parcerias do projeto. Nele, o professor Friedrich Wilhelm Herms, do Departamento de Oceanografia e Hidrologia da Uerj, propõe o acompanhamento em tempo real de dados físicos, químicos, biológicos, hidrológicos e meteorológicos de determinados ambientes, sejam eles uma área costeira, um trecho de rio ou uma lagoa, como a Rodrigo de Freitas. Estes dados seriam coletados por meio de bóias instaladas nas regiões de interesse, incluindo a área oceânica. Apesar de ser um país com extensa faixa litorânea, o Brasil só conta com pontos de monitoramento terrestres, o que limita bastante a precisão das informações hoje obtidas.

"O Brasil participa de vários programas internacionais como o PIRATA, que, na linha do Equador, colhe dados captados por bóias em alto-mar, no meio do Oceano Atlântico, que ajudam na modelagem das condições climáticas, especialmente para o Nordeste. Outro exemplo da importância deste tipo de monitoramento é a rede de bóias instaladas no Oceano Pacífico, que medem as variações de temperatura da água, visando prever as alterações causadas pelo fenômeno "El Niño", explica o professor. Contar com este tipo de monitoramento na costa fluminense significaria ter dados mais precisos sobre os eventos climáticos que podem afetar o estado e regiões costeiras.

Bóias captam dados que são transmitidos por rádio ao computador da Uerj 

O esquema acima explica como funciona o sistema de monitoração da lagoaNo projeto para a Lagoa Rodrigo de Freitas e canal do Jardim de Alah, elaborado a partir da avaliação do projeto de intervenções para aquela área, por solicitação do Ministério Público Estadual, a idéia do Professor Friedrich é a de montar um pequeno centro de monitoramento que centralizará as informações coletadas em tempo real a partir de cinco bóias instaladas em diferentes áreas da lagoa e de três pontos de monitoramento climatológico. Os dados serão enviados diretamente através de telefonia celular ou por rádio a essa base operacional e de lá transmitidos para o computador na UERJ, onde serão avaliados e comparados para uma análise completa pelos pesquisadores associados ao centro.

"Os dados obtidos refletiriam as condições do ecossistema de toda a área considerada, numa escala de tempo que, acompanhando os fenômenos que ali ocorrem, nos permitiriam repassar essas informações à sociedade civil e aos órgãos ligados direta ou indiretamente à qualidade ambiental", diz o professor. E acrescenta: "Este monitoramento não inclui somente o espelho d’água da Lagoa Rodrigo de Freitas, mas toda a bacia hidrográfica em que ela está compreendida. O que significa monitorar também os rios Macacos, Rainha e Cabeças, que nela deságuam, quer diretamente quer através de canais.

Em outras palavras, seriam feitos levantamentos da quantidade de nutrientes e da temperatura da água, da qualidade biológica - através de medidas da quantidade de clorofila e do nível de oxigênio, pH e salinidade -, além do acompanhamento, pelos métodos clássicos de monitoramento, da presença de metais pesados e outros poluentes entre os sedimentos, da intensidade dos ventos na região e de várias outras informações necessárias ao bom conhecimento desse ecossistema. Também se verificaria o aporte de águas subterrâneas e sua influência nos sedimentos da lagoa.

A qualquer sinal de anormalidade, os alarmes alertariam a equipe para a tomada das medidas necessárias de prevenção e controle. As informações coletadas formariam séries históricas para se poder prever situações que poderiam surgir no futuro. "Como algumas iniciativas para solucionar os problemas da lagoa já foram tomadas, e há cerca de dois anos não tem havido mortandade de peixes, com o monitoramento sistemático, poderíamos até prescindir de obras. A cada sinal de alterações importantes bastaria fazer a correção mais adequada, como abrir ou fechar comportas", diz.

Segundo o pesquisador, a concepção original do projeto de intervenções para a melhoria e recuperação da lagoa data de 1992. Desde então, o conhecimento acerca de questões ambientais aumentou de forma significativa. Além disso, nesse meio tempo, algumas medidas minimizaram os problemas existentes, como maior controle sobre as ligações de esgoto clandestinas na rede de águas pluviais; as obras realizadas em trechos dos rios dos Macacos, Rainha e Cabeças; a coleta de esgotos de comunidades de baixa renda, que eram levados pela enxurrada desses rios até a lagoa; o fechamento de comportas para evitar que a sujeira dos rios seja despejada nas águas da lagoa; e a inversão do canal do Jóquei, que agora tem como destino final o mar.

A coleta de dados para o monitoramento pode ser programada para os intervalos de tempo que forem considerados necessários, como a cada 15 minutos, por exemplo. E, mais tarde, o sistema pode ser ampliado para incluir a orla costeira delimitada pelas praias do Leblon e Ipanema. "Como nosso objetivo é compreender os processos que ali se desenvolvem, de acordo com a variação das condições ambientais reinantes, foi proposto um monitoramento mínimo de cinco anos contínuos", diz o pesquisador. Ele afirma, também, que na lagoa, o sistema pode ser implantado em cerca de seis meses.

Mesmo no caso da lagoa Rodrigo de Freitas, seriam necessários estudos na parte oceânica. "No Rio de Janeiro, faltam dados sistemáticos de longo prazo de águas marinhas", diz o pesquisador. Por isso, seu projeto apresentado à FAPERJ visa, particularmente, a instalação de um ponto de monitoramento em mar aberto. "Uma base com este tipo de dados serviria enormemente a vários propósitos. Além de acompanhar as alterações físicas, químicas e biológicas em águas costeiras do estado, com sistema de alarme para as mudanças importantes, poderíamos fornecer informações para o controle ambiental e serviços meteorológicos fluminenses, e ainda dar apoio à governança costeira e aos portos do Rio de Janeiro.

Solução barata a longo prazo

As bóias possuem sistema monitorado por controle remoto e são de fácil manutençãoSe a implantação de todo o sistema tem um custo inicial de pouco mais de R$ 4 milhões por bóia, a longo prazo será uma solução barata, por vários motivos: as bóias são de baixo consumo de energia (18 VA), contam com painel solar para captação de energia e seus mecanismos são monitorados por controle remoto; sensores de qualidade garantem longos períodos de captação de dados e a disponibilidade dessas informações é praticamente imediata; o sistema inclui ainda a possibilidade de limpeza remota e é de fácil manutenção.

"Se o Rio de Janeiro tomar a iniciativa de implantar aqui um Centro de Monitoração Ambiental de Águas Oceânicas Costeiras estará criando um centro de excelência para os setores oceanográfico, ambiental e meteorológico, segundo modelos de países desenvolvidos, como os existentes na França e nos Estados Unidos. Tudo isso terá evidentes conseqüências para o desenvolvimento sustentável fluminense", explica Friedrich. O projeto já conta com o apoio de diversos segmentos, como a Fundação para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e da Marinha do Brasil, através de diversos setores como o IEAPM e a DHN.

Um Centro de Monitoração desses traria vantagens para a pesca e atividades de maricultura, no apoio a possíveis acidentes no mar, no alerta para fenômenos climáticos e oceanográficos imprevistos, para o controle de derrames acidentais de efluentes resultantes de atividades industriais, de esgotos urbanos ou transporte marítimo, e ainda no alerta para a proliferação excessiva de algas.

"Por ser o primeiro no país, poderia tornar-se, no futuro, um Instituto Nacional de Observação Oceânica," anima-se o pesquisador. Com as informações colhidas e analisadas disponíveis na Internet, além de pesquisadores e centros universitários, os beneficiários imediatos seriam o próprio governo do estado, a Marinha, os vários ministérios e empresas portuárias e de navegação, entre vários outros.

"A universidade é um centro de excelência de ciência e tecnologia. Aqui temos a obrigação de desenvolver técnicas, de acoplar a teoria acadêmica à pratica industrial e criar soluções para as questões da cidade e do estado, colocando os resultados à disposição do governo e da sociedade. Queremos gerar e socializar a informação. A crítica que fazemos é que sucessivos governantes deixaram de buscar este apoio nas universidades do estado, entre elas a Uerj", resume.

 

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