Jardim Botânico adquire microscópio eletrônico de varredura

Detalhes até então despercebidos de folhas, flores e sementes a partir de agora poderão ser observados sob as lentes do novo microscópio eletrônico de varredura do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Fabricado na Inglaterra e adquirido, através de recursos da FAPERJ, a um custo de R$ 350 mil, o novo aparelho pesa 750 kg e é capaz de ampliar imagens em até um milhão de vezes. Ele será instalado numa sala especialmente adaptada do Laboratório de Botânica Estrutural da instituição, e inaugurado em cerimônia a ser realizada no dia 14 de dezembro. Com isso, o Jardim Botânico carioca será a primeira instituição no país a possuir um equipamento no gênero, voltado exclusivamente para a pesquisa botânica.

Com o equipamento, os pesquisadores terão maior precisão no trabalho de identificação da diversidade biológica de espécies da Mata Atlântica. "Ele proporciona um detalhamento bastante superior ao obtido com os aparelhos óticos, que aumentam as imagens em no máximo 500 vezes", explica Cláudia Franca Barros, coordenadora da equipe de nove pesquisadores de diferentes universidades, que propôs a aquisição do microscópio. O grupo, formado por especialistas de Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf), desenvolve diversas parcerias e trabalhos de colaboração.

"Desde 2003 temos aqui no Jardim Botânico um laboratório pronto e montado, só esperando este equipamento. Para adquiri-lo, vimos tentando desde 1996 sensibilizar os órgãos de fomento e, ao mesmo tempo, nos capacitando para ter o aparelho", explica Cláudia. A partir de 15 de janeiro, o Jardim Botânico promoverá um curso de capacitação para alunos do programa de pós-graduação, mas aberto a pesquisadores interessados, para treinamento no uso do novo microscópio.

"Em breve, formaremos os primeiros habilitados. Os biólogos do Jardim Botânico começarão a desenvolver estudos dos grupos taxonômicos complexos da Mata Atlântica com o novo equipamento, que, através de agendamento, também estará à disposição de pesquisadores de outras instituições", diz Cláudia.

Com ele, será possível pesquisar a diversidade biológica fluminense, abordando as famílias mais freqüentes nos remanescentes de mata atlântica (na fisionomia) da região, especialmente as que atualmente se tem dificuldade em identificar. "Em geral, são as leguminosas (jacarandás, ingás), as lauráceas (canelas) e melastomatáceas (quaresmeiras)", exemplifica a coordenadora.

Além dos pesquisadores do Jardim Botânico, vários grupos de outras universidades (Uenf, Uerj, Rural e UFRJ) voltam seus estudos para os remanescentes de Mata Atlântica no estado, seja em Tinguá, Itatiaia, Poço das Antas ou Cabo Frio. "Juntando especialistas de várias áreas na botânica, poderemos agilizar pesquisas sobre estratégias de sobrevivência, taxonomia, células vegetais e ontogenia, que é o estudo do desenvolvimento de determinado órgão, como folha ou flores, observando entre outros aspectos como ele reage às influências do ambiente. Com este microscópio vamos acelerar o processo de trabalho", anima-se a pesquisadora.

"Todos esses estudos permitirão não só um maior conhecimento da biodiversidade da Mata Atlântica como o planejamento de ações mais efetivas de conservação de áreas de preservação", resume.