O seu browser não suporta Javascript!
Você está em: Página Inicial > Comunicação > Arquivo de Notícias > Literatura sem papel é tema do trabalho de pesquisadora da UFRJ
Publicado em: 30/11/2006
ATENÇÃO: Você está acessando o site antigo da FAPERJ, as informações contidas aqui podem estar desatualizadas. Acesse o novo site em www.faperj.br

Literatura sem papel é tema do trabalho de pesquisadora da UFRJ

Mônica Maia
Beatriz Resende e Paulo Roberto Pires debateram os rumos do mercado editorial no seminário Literatura sem papel
Bibliotecas virtuais de Literatura e Artes Cênicas e troca de conhecimento na academia; fórum de debates de literatura e uma revista eletrônica de cultura; romances publicados on line e o status do ficcionista no mercado editorial; o papel do editor na era da internet e a ação dos escritores que circulam na rede. Essas são algumas das vertentes do trabalho de Beatriz Resende no projeto Fórum virtual de debates: "O que é literatura?", apoiado pelo programa Cientistas do Nosso Estado, da FAPERJ. Seu projeto foi concluído com o seminário Literatura sem papel que levou quase 100 pessoas ao auditório do PACC - Programa Avançado de Cultura Contemporânea, da UFRJ, no dia 14 de novembro.

Beatriz Resende é pós-doutora em Antropologia Social, Doutora em Literatura Comparada e Mestre em Teoria Literária, Professora Adjunta da Escola de Teatro da UNI-RIO, pesquisadora do PACC/UFRJ e do CNPQ, professora aposentada de Literatura Comparada e Teoria Literária da Faculdade de Letras da UFRJ, e tem mais de 20 livros publicados como autora ou organizadora. Além do sucesso do evento, ela também comemora outra inclusão entre os pesquisadores contemplados com financiamentos da FAPERJ, no último edital do programa Cientistas do Nosso Estado, divulgado na última terça-feira, 28 de novembro. Isso permitirá a continuidade de seu trabalho, com o novo projeto Fórum virtual de Literatura e Teatro, a partir de 2007.

Com destaque na mídia, o seminário Literatura sem papel foi a parte final do projeto Fórum virtual de debates: "O que é literatura?" e destacou um dilema dos tempos da web: "Dois mil exemplares mofando no estoque de uma editora ou seis mil acessos gratuitos pela Internet?". Para verificar como reagem a isso críticos, acadêmicos, editores, escritores e livreiros, Beatriz reuniu especialistas da área, como o editor e professor da UFRJ Paulo Roberto Pires, Heloísa Buarque de Hollanda, a jornalista Cora Rónai, o professor da PUC-Rio Renato Cordeiro Gomes e novos autores como Antonia Pelegrino e Ana Paula Maia.

Autora de Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos, publicado on-line, Ana Paula Maia é uma típica representante desta nova literatura. Com um livro publicado pela editora Sete Letras, um conto na antologia organizada pelo Luis Ruffato "30 mulheres que estão fazendo a literatura brasileira hoje", da editora Record, e outro inédito prefaciado pelo escritor Santiago Nazarian aguardando edição, ela decidiu publicar o seu terceiro romance exclusivamente on-line. "Ela criou um blog só para o Folhetim Pulp. Optou por isso. O livro só existe on-line. Conversamos com a editora do Prosa & Verso Mànya Millen sobre bons romances on-line que não conseguem editor. Na ocasião do seminário, o suplemento inaugurou no Prosa on-line uma seção de resenhas mensais de contos ou romances que circulam na rede", disse Beatriz, ressaltando que não faltam bons autores.

Renato Cordeiro Gomes, professor de Literatura na pós-gradução em Comunicação Social da PUC-Rio, eleito representante da área de Letras no CNPq, destacou a questão do valor literário com a emergência das novas tecnologias, ressaltando que assim acaba, por exemplo, o apadrinhamento para os estreantes.

Diante do novo cenário, Paulo Roberto Pires, professor e editor do selo Agir, da Ediouro, advertiu que o editor brasileiro precisa se modificar, já que o livro no Brasil só tem um formato e é caro. Nos Estados Unidos um mesmo título tem versões para públicos distintos em capa dura, com orelha, sem orelha, pocket e uma edição mais barata ainda e descartável para ler só uma vez e jogar fora.

"A intenção do Paulo Roberto é contemplar outras formas de suporte. Vender conto pela internet. Vender ensaio na web. O desafio é viabilizar isso. Encaminhar-se para modificar o sistema de direitos autorais, que nessa nova condição seriam pagos antes do autor escrever os livro, e não com os usuiais pagamentos de 10% depois das vendas nas livrarias", informou Beatriz Resende.

Augusto Salles, escritor e editor da revista eletrônica Paralelos, que começou a publicar novos autores como João Freire e Raimundo Carrero em 2000, também integrou os debates que contaram ainda com Denise Schittinne, autora de Blog, comunicação e escrita íntima na Internet (uma tese de mestrado da Escola de Comunicação da UFRJ, publicada pela Civilização Brasileira em 2004, e do jornalista Miguel Conde do Prosa & Verso.

Pioneirismo na rede

O Fórum Virtual de debates: O que é literatura foi resultado do projeto apresentado à FAPERJ em 2001, que começou a funcionar em 2002. "Achava que era uma forma de sacudir o pessoal de Letras. Na academia a literatura brasileira parou com Clarice Lispector. Tanto que a parte principal do Fórum Virtual é a seção do site intitulada ‘polêmica’. Temos um artigo inédito do Luiz Costa Lima para a o Seminário Literatura sem papel", disse Beatriz, que estreou na rede em 1996 com a Revista Z ."Na época os sites de busca ainda estavam começando a aparecer, então fazíamos uma ‘revista de pescaria’ na Internet. Entrei num site de uma publicação de Barcelona, republiquei um artigo, e recebi um agradecimento por isso. Quase morri de vergonha, mas tratava-se de uma nova cultura onde as trocas são parte do processo", lembra. A pesquisadora também criou as Bibliotecas Virtuais de Literatura e Artes Cênicas, fomentadas inicialmente pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, que tiveram continuidade com o projeto financiado pela FAPERJ.

A Revista Z foi remodelada como parte do projeto financiado pelo programa Cientistas do Nosso Estado. "Agora as páginas vêm em formato PDF e o plus da Z é poder imprimir. Deixou de ser uma ‘revista de pescaria’ e agora temos uma demanda de artigos", explica a pesquisadora, mostrando como viabiliza a troca de conhecimento e experiências na universidade.

"Em vez de irmos a um congresso nos Estados Unidos para ler um paper para 20 pessoas numa viagem em que gastamos de R$ 4 a 5 mil, e publicar só daqui a um ano em uma revista de papel, temos tudo logo publicado on-line em nossos sites. Recentemente, recebemos em um seminário em homenagem a Silviano Santiago, realizado na Casa Rui Barbosa, o professor Raul Antero, de História de Literatura Brasileira da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina). Ele fez uma belíssima apresentação em Power Point utilizando fotos de uma viagem ao México. Vamos publicar na próxima Z o que antes se limitaria a uma palestra. Não dá mais para ter um só instrumento de divulgação", adverte Beatriz, provando que assim se pode democratizar e compartilhar a produção acadêmica, e divulgá-la fora do país com mais rapidez e eficiência.

Coordenadora de uma equipe de bolsistas de graduação e iniciação científica no prédio da PAAC/UFRJ, onde são gerados esses produtos virtuais, Beatriz Resende comenta: "A FAPERJ pagou tudo isso aqui. São R$ 2 mil mensais para material, viagem. Precisaria hoje de mais bolsistas. A bolsa de apoio tecnológico está acabando". Contemplada com uma nova bolsa da Fundação, ela não precisará mais se preocupar e poderá dar continuidade ao seu trabalho, já que vai permanecer como Cientista do Nosso Estado.

Compartilhar: Compartilhar no FaceBook Tweetar Email
  FAPERJ - Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro
Av. Erasmo Braga 118 - 6º andar - Centro - Rio de Janeiro - RJ - Cep: 20.020-000 - Tel: (21) 2333-2000 - Fax: (21) 2332-6611

Página Inicial | Mapa do site | Central de Atendimento | Créditos | Dúvidas frequentes