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Publicado em: 21/09/2006
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Reitor da Uenf isola alcalóide não descrito na literatura científica

Vilma Homero

O profesor Raimundo Braz já isolou várias substâncias, que estudos posteriores revelaram possuir atividade biológicaDarcyriberina é um alcalóide indólico pentacíclico inédito. Da espécie vegetal Rauvolfia grandiflora, família Apocynaceae, ele foi isolado recentemente pelo professor Raimundo Braz Filho e seus colaboradores durante a pesquisa Estudo de composição química de plantas brasileiras. Batizado como homenagem ao antropólogo Darcy Ribeiro, suas características estruturais o diferenciam de outras substâncias naturais já descritas na literatura científica. O novo alcalóide parece promissor. E pode assumir importância maior com a descoberta de possíveis aplicações práticas. Para isso, pesquisadores de outras áreas de conhecimento podem começar a desenvolver seus estudos.

É provável que a pesquisa do professor Raimundo Braz, apoiado pelo programa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ - que também é pesquisador do CNPq, membro da Academia Brasileira de Ciência e professor honoris causa da Universidade Federal do Ceará e emérito da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro -, ainda descubra outras substâncias inéditas, tal como a Darcyriberina e tantas outras já publicadas por sua equipe. Dois outros alcalóides indólicos, os diméricos vincristina e vimblastina, isolados da espécie Catharanthus roseus, alvo de pesquisas de farmacologistas estrangeiros para confirmar atividade biológica, estão entre os mais importantes agentes quimioterapêuticos de uso clínico corrente contra o câncer. Atualmente, sua comercialização chega a cerca de 200 milhões de dólares anuais.

As atividades do professor Braz e sua equipe constituem a primeira fase de um trabalho que muito contribui para se conhecer um pouco mais sobre a riqueza da flora brasileira, na busca de oportunidades adicionais para a exploração racional sustentável desses organismos vegetais: o isolamento e a determinação estrutural de substâncias orgânicas, produzidas pelo metabolismo secundário de 15 plantas nativas. Trabalho que pôde ser agilizado com uso de equipamento moderno, adquirido com recursos da FAPERJ. 

"Já isolamos diversas substâncias com atividade biológica, revelada através de pesquisas posteriores. Algumas pertencentes a categorias já conhecidas e outras registradas como inéditas. Vários artigos comprovaram estes resultados favoráveis", fala o pesquisador. É o caso de pelo menos onze trabalhos publicados em periódicos científicos entre 2002 e 2006.


Os resultados das investigações de Estudo de composição química de plantas brasileiras realmente têm estimulado equipes de pesquisadores de áreas afins a estudar e testar as substâncias isoladas quanto a sua atividade biológica e seus possíveis usos, especialmente na produção de novos fármacos. "Nem sempre isso acontece. Mesmo com a confirmação de atividade biológica de algumas de suas substâncias, várias plantas ficaram anos nas prateleiras. Um exemplo marcante foi o caso do ácido betulínico, um triterpeno pentacíclico isolado de diversas plantas, que só mais tarde foi submetido a investigações farmacológicas, que revelaram importante atividade biológica no combate ao vírus da Aids", cita o professor.


"Em nossa pesquisa, as plantas foram escolhidas pelo interesse científico, tecnológico ou prático, como possibilidade para a descoberta de substâncias úteis à preservação da saúde e ao tratamento de doenças", fala Braz, que divide seu tempo entre a pesquisa e as atividades como reitor da Universidade do Norte Fluminense Darcy Ribeiro. Embora muitas delas sejam conhecidas na "medicina popular", para as necessárias investigações científicas que avaliem seu uso sem riscos, é indispensável sua classificação botânica com base nos aspectos morfológicos, já que, dependendo da região, um mesmo nome popular pode corresponder a espécies vegetais distintas.

Esse primeiro passo - de isolamento e elucidação estrutural das substâncias orgânicas geradas pelo metabolismo secundário de plantas - é de particular importância. E seus resultados podem ser importantes para outras áreas de conhecimento, como botânicos, ecologistas e ainda farmacêuticos, biotecnólogos e químicos orgânicos. Mas a pesquisa do reitor da Uenf não se limita ao laboratório de Ciências Químicas da universidade. Envolve colaboradores da mesma área de outras instituições acadêmicas brasileiras, como a Universidade Rural do Rio de Janeiro, as universidades federais da Paraíba, do Ceará, de Roraima, Sergipe e de Santa Catarina, e as universidades estaduais de Londrina e do Ceará.

O estudo do professor Braz tem ainda outros objetivos: tem servido também para uma ampla atividade de formação de recursos humanos, o que ele considera fundamental. "Essa forma de transmissão e geração de conhecimentos é essencial para a qualificação de profissionais, capazes de contribuir não só para o desenvolvimento autônomo do Norte Fluminense, do Estado do Rio de Janeiro, mas também do país", diz o reitor.

Nesse campo, o professor Braz se mostra animado com o interesse dos estudantes, da graduação e da pós-graduação. Durante sua vida acadêmica seus trabalhos possibilitaram a orientação de 53 teses de mestrado e 17 de doutorado.

"De uma forma geral, a Uenf tem tido uma crescente procura pela participação em pesquisas: 1.062 teses de mestrado e doutorado foram concluídas na instituição, que em agosto deste ano completou apenas 13 anos. Trata-se, inegavelmente, de uma expressiva contribuição para a formação de recursos humanos qualificados, já que tais profissionais desenvolverão atividades como multiplicadores, em pesquisas e ensino em vários pontos do país", fala.

Na sua opinião, prefeituras e governos estaduais e federal devem estabelecer uma programação que facilite e amplie de forma significativa a capacidade de absorção desses profissionais para ajudar a resolver problemas de interesse social e econômico. Para Braz, nessa área, a parceria simétrica e sinérgica entre instituições de pesquisa e empresas inicia uma trajetória promissora, com estímulos (inclusive financeiro) e orientação profissional através de ações políticas de órgãos governamentais.

"Diversas empresas especializadas instaladas no Brasil necessitam da participação de profissionais qualificados para o desenvolvimento das atividades adicionais de pesquisa, como ocorre em outros países, principalmente nos mais desenvolvidos, que absorvem profissionais com doutorado. Mas o quadro atual precisa evoluir com certa urgência", diz. Segundo Braz, a pesquisa no Brasil cresceu cerca de 19% em um ano e ainda não revela um crescimento correspondente significativo em inovação tecnológica.

"O Brasil ainda tem dificuldade na aplicação do conhecimento gerado nas instituições de pesquisa para o desenvolvimento do processo de transformação tecnológica e de inovação, ocupando o 27 lugar na relação dos países que mais patentes depositaram em 2005. Dos vintes maiores depositários no Brasil, cinco (cerca de 25%) originaram-se em universidades, o que se mostra insatisfatório numa análise comparativa com outras nações. Nos Estados Unidos, por exemplo, apenas 4% de patentes foram originárias de universidades. Mas este é um quadro que a lei de inovação e a política industrial estão mudando", conclui.

 

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