Workshop sobre biocalorimetria reúne cientistas do Brasil e exterior

Foi encerrado hoje, quinta-feira, dia 4 de maio, o Workshop em Biocalorimetria e Termodinâmica Biológica (Workshop on Biocalorimetry and Biological Thermodynamics), que reuniu durante cinco dias cerca de 120 estudantes e pesquisadores nacionais e internacionais para troca de experiências no Royal Rio Palace Hotel, em Copacabana. Entre os palestrantes do evento, que contou com apoio da FAPERJ, esteve Jerson Lima Silva, professor do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ e diretor científico da Fundação.

O objetivo principal da série de conferências foi estimular a interação de estudantes e jovens cientistas brasileiros com pesquisadores da comunidade científica internacional, para proporcionar um debate em torno da biocalorimetria. Atualmente, o campo de estudo é bastante difundido no exterior, mas ainda é incipiente no Brasil.

“O uso dos calorímetros é cada vez mais adotado no mundo. Esses equipamentos permitem estudar mecanismos de transição, interação e reação de macromoléculas como proteínas, lipídios, membranas e ácidos nucléicos, o que é fundamental para compreendermos fenômenos de importância biológica, como o surgimento de doenças”, esclarece Maria Lucia Bianconi, professora da UFRJ e integrante do comitê de organização do evento.

De acordo com a pesquisadora, vários laboratórios brasileiros receberam, recentemente, novos calorímetros. É o caso, por exemplo, do Laboratório de Biocalorimetria do Instituto de Bioquímica Médica da UFRJ, que, a partir de setembro de 2005, passou a contar com dois dos mais modernos equipamentos existentes. “Outros laboratórios também pretendem expandir suas atividades na área, o que reforça a importância da troca de idéias e experiências dos brasileiros com cientistas internacionais”, ressalta Bianconi.

Em sua palestra, na terça-feira, dia 2 de maio, o diretor científico da FAPERJ, Jerson Lima Silva, tratou do tema Dobramento e Desdobramento Protéico: dois lados da mesma moeda na condensação de proteínas, quando abordou o estudo de proteínas envolvidas em doenças de alta incidência na população, como Alzheimer, Parkinson e câncer. De acordo com o professor, quando dobradas de forma errada, as proteínas perdem sua função ou adquirem efeito tóxico para a célula, levando ao desencadeamento de doenças. Desta forma, torna-se altamente importante entender os aspectos estruturais e termodinâmicos dessas alterações na conformação da proteína.

Entre as aplicações que estes estudos podem proporcionar está a definição de fármacos para tratamento dessas enfermidades no futuro. “Ao entendermos os mecanismos dessas mudanças na estrutura da proteínas, poderemos buscar compostos que consigam restaurar a forma original dessas moléculas”, explica Lima Silva.