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Publicado em: 23/02/2006
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FAPERJ e ICCA lançam Mapa Alegórico e Guia das Escolas de Samba

Ilustrações: Lan

 

Capa do mapaEnquanto, nos barracões, os carnavalescos dão os últimos retoques em seus preparativos para o desfile, nesta sexta-feira, 24 de fevereiro, na Fundação Casa França Brasil também acontece um evento importante para o Carnaval. Será o lançamento, às 17 horas, do Mapa Alegórico e Guia das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, 2006. Nele, se poderá acompanhar, escola por escola, o desfile dos grupos especial, A e B, saber as normas e critérios que os jurados precisam seguir para a escolha das campeãs do Sambódromo e, principalmente, conhecer um pouco da história da festa de Momo.

 

Com tiragem de 3 mil exeplares, o livro foi iniciativa da FAPERJ, desenvolvido e coordenado pelo Instituto Cultural Cravo Albin. Será o primeiro de uma série e vai bem além de um mero roteiro do desfile deste ano. Belamente ilustrado pelo caricaturista Lan, além de resumo sobre cada uma das escolas, ele traz também um mapa para localizar cada uma das quadras e dados diversos, como endereço da sede e do barracão, número de alas e de componentes, carnavalesco, autores do samba-enredo e seus intérpretes.

 

Há ainda os campeonatos que cada agremiação conquistou ao longo dos inúmeros Carnavais, os enredos que fizeram história e os grandes nomes da escola. E até o endereço eletrônico de praticamente todas elas, porque, afinal de contas, o samba também acompanha as modernas tecnologias.

 

Mais do que isso, aqui e ali, aparece um pouco daquelas informações que só os conhecedores do samba e do Carnaval costumam ter. Coisas como lembrar o surgimento, em 1959, da famosa “paradinha” que o diretor de bateria Mestre André inventou, com seus ritmistas à frente da comisão julgadora, apenas sob a marcação do tarol. Ou contar como a Unidos do Viradouro, cujas cores originais eram o azul e rosa do manto da padroeira da escola, Nossa Senhora Auxiliadora, terminaram mudando para o vermelho e branco pelas dificuldades em encontrar tecido suficiente naquelas tonalidades. 

 

Essa abrangência é apenas um dos fatores que o diretor-presidente da FAPERJ, Pedricto Rocha Filho, destaca no apoio da instituição à publicação. “Apoiar o Instituto Cultural Cravo Albin na edição deste abrangente trabalho de mapeamento do nosso carnaval é uma excelente oportunidade de dedicar à cultura especial atenção para que ela impulsione, cada vez mais, a geração de riquezas e a inclusão social”. Rocha Filho acredita que “mais do que um apelo à tradição e à beleza, os desfiles das escolas de samba e toda a riqueza do carnaval carioca são um exemplo da vinculação entre ciência, tecnologia e cultura”.

 

O próprio Cravo Albin fala da importância da iniciativa. “Com este mapa das escolas de samba, a FAPERJ faz ingressar a austeridade da pesquisa e da cultura no campo do lazer popular do Rio. Ao abraçar o maior espetáculo do mundo, legítimo orgulho dos cariocas, a instituição ingressa no lado mais fraterno e sensível da pesquisa cultural”, diz.

 

A idéia do projeto é extensa. “A princípio pensamos para este volume uma ampla pesquisa sobre todo o Carnaval. Mas dada a grandeza do tema, optamos em começar com um assunto de grande sedução no Carnaval, que seriam as escolas de samba”, fala Cravo Albin. Para o próximo ano, a publicação estará voltada para os blocos, grande sensação do Carnaval de rua carioca. “Apoiados pelo governo do estado do Rio, eles serão alvo de uma ampla pesquisa para o livro que será lançado em 2007, quando tudo estará voltado para os Jogos Pan-Americanos”, prossegue. 

 

Um estudioso da música e suas manifestações populares, Ricardo Cravo Albin traça, na apresentação do livro, uma deliciosa história do Carnaval, contando desde suas origens na antiguidade aos dias atuais. Como ele vai narrando, são muitas as curiosidades sobre esta festa em que, como observava o romano Suetônio há cerca de dois mil anos, “tudo é permitido, onde a transgressão se instala, embora fugaz e com hora para terminar”.

 

Não é por acaso que alguns estudiosos atribuem a origem da palavra Carnaval aos tempos da Roma e Grécia antigas, em que carros alegóricos puxados por cavalos enfeitados, traziam mulheres nuas e homens entoando músicas de fundo pornográfico. Pois esse carro era chamado justamente de carrum novalis. Outros, como o etnógrafo Câmara Cascudo, preferem dizer que a palavra vem de expressão do latim que significava “adeus à carne”, ou seja, o início do jejum da quarta-feira de Cinzas.

   

Do entrudo ao desfile da primeira sociedade carnavalesca, em finais do século XIX, os festejos de Momo passaram por significativa mudança. Saíam as bolas de cera e esguichos dágua atirados nos foliões, e entrava o espetáculo. Segundo os cronistas da época, a passagem do préstito dos Tenentes do Diabo, uma das primeiras agremiações do gênero, em 1867, foi delirantemente aplaudida pelo público que se aglomerava na Rua do Ouvidor. Pode-se dizer, que seria um começo da era dos desfiles carnavalescos. E as grandes sociedade seriam as antecessoras das escolas de samba de hoje.

  

Mas dos primórdios do desfile na Praça XI, nos anos 30, em que as mulheres se vestiam de baianas e os homens, de pijamas de listras ou camisetas de malandro, ao mega-espetáculo que agora encanta os gringos no Sambódromo criado por Niemeyer, muita coisa mudou. Ou, como diz o próprio Cravo Albim em sua apresentação: “Hoje, o que se vê? Um superespetáculo carioca de quatro costados, como nunca ninguém podia imaginar e que a cada ano surpreende e encanta o mundo, via tevê... E com a responsabilidade de representar, quer queira-se ou não, o mais emocionante espetáculo de arte popular produzido no Rio, que seduz os mais distantes países do planeta.”    

 

E reflete ainda: “Uma sociedade tão desigual como a nossa é capaz do milagre de se encontrar fraternalmente no desfile, dentro ou fora dele. Que outro espetáculo pode se dar ao luxo de exibir uma ópera carnavalesca em que desfilantes pobres e ricos pagam suas próprias fantasias e são capazes de se organizar em alas, qual um exército muito bem treinado e sedutoramente harmônico?”

 

O que também intrigou sociólogos da Universidade da Sorbonne, a quem Cravo Albin levou ao desfile, anos atrás, a pedido do amigo Darcy Ribeiro. Um deles, espantado, não deixaria de fazer o comentário: “Um povo capaz de se organizar nesse radioso desfile de escolas de samba, pelo puro exercício de dar-se apenas o prazer, será sempre um povo capaz de outros grandes feitos civilizatórios.” O que levou Cravo Albin a concluir: “Puro exercício de futurologia, mas que todos esperamos que se realize.”

 

Veja algumas ilustrações do guia no site do Instituto Cultural Cravo Albin:

 http://www.iccacultural.com.br/home.asp

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