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Publicado em: 30/06/2005
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Pesquisadora retoma estudo sobre mamífero raro achado em Itaboraí

Paul Jürgens

Um mamífero raro que viveu há 65 milhões de anos em território fluminense deverá ganhar notoriedade no segundo semestre deste ano. Os fósseis do animal – cujo nome científico ainda é segredo –, descobertos na década de 50 e que se encontravam dispersos em várias instituições de ensino e pesquisa, foram reunidos pela pesquisadora Lílian Paglarelli Bergqvist no laboratório de macrofósseis do Departamento de Geologia da UFRJ. O laboratório, no qual o grupo de pesquisa chefiado por Bergqvist conduz o estudo, ganhou recentemente novos equipamentos que ajudam o trabalho de investigação sobre as origens desse mamífero que viveu no Paleoceno – o período mais antigo da Era Cenozóica. Os equipamentos foram adquiridos com recursos repassados pela FAPERJ à pesquisadora - contemplada em 2004 no edital Primeiros Projetos da Fundação.

A pesquisadora ainda não determinou a data do anúncio oficial de sua mais recente descoberta. Enquanto não chega o momento de divulgar o achado, o esqueleto do mamífero vem sendo montado com o apoio da decania do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza da UFRJ. No laboratório, o trabalho ganhou agilidade com a aquisição de novos equipamentos e a redivisão do espaço anteriormente destinado à preparação dos fósseis. “Os recursos da FAPERJ permitiram, além da consolidação do grupo de pesquisa, separar as áreas de preparação química e mecânica”, explica a pesquisadora.

Com os novos investimentos, o espaço utilizado para a pesquisa no laboratório pôde ser adequado a modernas normas de segurança, ganhando ainda um sistema de ar-comprimido para motores de alta rotação, ferramenta indispensável para a preparação mecânica dos fósseis.

Desde 1996, ano em que defendeu sua tese de doutorado em Geociências na UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), que a pesquisadora se dedica ao estudo de mamíferos fósseis encontrados em território nacional e, em particular, na Bacia de Itaboraí, região próxima à cidade de Niterói (RJ). O interesse da Bergqvist por essa área de pesquisa veio preencher uma lacuna deixada com a morte de Carlos de Paula Couto, autor da mais famosa obra sul-americana sobre mamíferos fósseis, Tratado de Paleomastozoologia, publicado na década de 1970. “Com o falecimento de Paula Couto, os estudos relativos à fauna de mamíferos pré-históricos no Rio de Janeiro praticamente parou”, conta Bergqvist.

Interessada em retomar os estudos sobre a fauna do período Paleoceno, que compreende um intervalo de tempo entre 65 e 55 milhões de anos atrás, a paleontóloga passou a pesquisar as descobertas já realizadas naquele período em visitas a acervos de instituições estaduais que se dedicam ao assunto. “Descobrimos fósseis de um mamífero raro espalhados por várias instituições e decidi reunir tudo que encontramos em nosso laboratório”, conta Bergqvist. “A partir daí, foi possível montar boa parte do esqueleto deste mamífero que iremos apresentar ao público dentro de mais alguns meses”, adianta.

Pesquisadora participa ativamente do movimento em defesa da Bacia de Itaboraí


Uma das primeiras colaboradoras do Instituto Virtual de Paleontologia da FAPERJ, Bergqvist, professora-adjunta da UFRJ desde 1998, tem participado ativamente das campanhas em prol da revitalização do Parque Paleontológico de Itaboraí. Atualmente, ela é responsável pela coordenação de um grupo de bolsistas Jovens Talentos, da FAPERJ, que desenvolve atividades na área de paleontologia junto ao parque. “É fundamental lutar pela preservação da bacia de Itaboraí. Ali está o mais antigo registro brasileiro que pode nos ajudar a compreender o que se passou no período de transição entre a extinção dos dinossauros e a grande irradiação dos mamíferos”, diz.

Nascida no Rio há 43 anos, Bergqvist já publicou mais de 30 artigos em revistas científicas nacionais e internacionais. Ela, que é autora do capítulo reservado aos mamíferos fósseis da publicação Paleontologia, do pesquisador Ismar de Souza Carvalho – volume que teve o apoio da FAPERJ em sua edição –, passou uma temporada na Universidade de Oklahoma (EUA) à época em que preparava sua tese de doutorado.

 

A pesquisadora, que atualmente orienta quatro doutorandos e dois mestrandos em seu departamento, acredita que a entrada de organismos como a Petrobras na área da pesquisa nacional têm contribuído para desafogar as demandas na área de geociências, da qual a paleontologia faz parte. “Houve um expressivo crescimento do interesse dos jovens pela paleontologia na última década. Os congressos estão mais cheios e contam com uma maior presença de brasileiros”, diz.

Para Bergqvist, no entanto, ainda há deficiências e uma carência de bolsas, sobretudo de iniciação científica e de apoio técnico às tarefas realizadas em laboratório. “Em nossa especialidade, a presença de técnicos traz grande contribuição em tarefas como a triagem do material e a sua preparação mecânica e química”, detalha.

Sobre o trabalho de divulgação científica realizado pela FAPERJ, Bergqvist apóia a iniciativa da Fundação: “É um fato muito positivo que ajuda a despertar o interesse do público em geral pela ciência como um todo, e, em particular, pela paleontologia”, diz a pesquisadora.

O interesse pela paleontologia, ciência que frequentemente envolve, por meios diversos, outras áreas do conhecimento, tais como a geologia, biologia, geografia, arqueologia, medicina e a química, atravessa período de franca expansão no país. Nos últimos meses, pesquisadores de diferentes regiões do país anunciaram descobertas de impacto, divulgadas em publicações científicas de renome. Até o final do ano, Bergqvist e seus pares que se dedicam à paleontologia já têm agendados vários encontros. No mais importante deles, se reunirão no 2 Congresso Latino-Americano de Paleontologia de Vertebrados, de 10 a 12 de agosto próximo, no Rio de Janeiro.

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