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Publicado em: 23/03/2005
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Cientistas do Nosso Estado pesquisam possíveis aplicações das esponjas do mar

Esponja de Arraial do CaboAs esponjas do mar – as filo porifera - são muito mais do que seres coloridos e bizarros que atiçam a nossa curiosidade. Elas são uma fonte de novas descobertas em diversas áreas da ciência, da farmacologia às pesquisas sobre células-tronco e ao desenvolvimento de novos materiais. Substâncias produzidas pelas esponjas podem levar a medicamentos e sua estrutura inspira, por exemplo, a produção de fibras óticas para telecomunicações.

A FAPERJ vem apostando no estudo das poríferas através da concessão de bolsas e de auxílios-pesquisa. Agraciado com uma bolsa Cientista do Nosso Estado no edital de 2004, o pesquisador Eduardo Hajdu, do Laboratório de Poríferos (Labpor) do Museu Nacional da UFRJ, tem uma longa lista de objetivos no seu projeto.

 

O Labpor integra uma rede de colaboração no Brasil para o estudo de esponjas. “Fornecemos subsídios à coleta, identificação e interpretação de resultados a grupos do Ceará, Bahia, Rio Grande do Sul e São Paulo, entre outros”, diz Hajdu. A colaboração também se estende a países da América do Sul, como o Chile.

 

Ao longo dos 24 meses de vigência da bolsa, ele pretende descrever ao menos 50 espécies de esponjas marinhas brasileiras e publicar as descrições em revistas “Qualis-A” (critério máximo da Capes), junto com imagens coloridas para facilitar seu posterior reconhecimento no campo.

 

“Espécies de esponjas estão sendo descritas ininterruptamente por nossa equipe. Estas são ora de mar profundo, ora de ilhas oceânicas, ora de regiões costeiras. Vamos priorizar a publicação de descrições de espécies que sejam alvo de estudos químicos e farmacológicos”, afirma.

 

Outro objetivo é coletar ao menos 200 espécies de novas amostras de poríferos para bioprospecção de compostos bioativos. “É possível que busquemos montar uma mega-coleta, como nunca antes empreendida no Brasil com vistas à bioprospecção marinha”, revela.

 

O projeto é audacioso. Nos novos extratos e/ou compostos gerados, Hajdu e seu grupo vão efetuar bioensaios contra câncer, tuberculose e cepas de bactérias resistentes a antibióticos, entre outros. “A meta é testarmos ao menos 300 extratos”, diz.

Os pesquisadores vão buscar quantificar a abundância de poríferos em pelo menos três localidades do litoral brasileiro. “A dúvida é se conseguiremos trabalhar imagens digitais obtidas diretamente (embaixo dágua) ou se precisamos fazer contagens visuais nos locais de estudo”, explica. “Estou avaliando qual o melhor método para obtenção de tais quantificações no Atol das Rocas.”

 

Hajdu pretende ainda organizar o VII Simpósio Internacional de Porifera, na Costa do Sol ou na Costa Verde do Rio de Janeiro, para cerca de 250 participantes, em abril ou maio de 2006.

 

Esponjas das Cagarras são destaque de O Globo

 

Colega de Hajdu no Laboratório de Poríferas do Museu Nacional, Guilherme Muricy recebe da FAPERJ um auxílio à sua pesquisa intitulada “Produtos Bioativos de Esponjas Marinhas – Probem”. O trabalho de Muricy, que foi “Cientista do Nosso Estado” de 2000 a 2002, foi tema da reportagem de capa da Revista de O Globo do último domingo, 20 de março. Ricamente ilustrada com fotos de esponjas feitas pelos próprios pesquisadores, a reportagem aborda os estudos do pesquisador e sua equipe no mar próximo às Ilhas Cagarras (Comprida, Palmas e Cagarra), Rasa (a do farol) e Redonda, em Ipanema, Rio de Janeiro.

 

Muricy listou cerca de 40 espécies de esponjas nas Cagarras, das quais ao menos cinco são novas para a ciência. Uma delas já foi cientificamente descrita, e as demais estão em estudo.

 

“É impressionante encontrar tamanha diversidade nas Cagarras, se levarmos em conta o grau de degradação das águas costeiras do Rio. Calculamos que existam até 70 espécies de esponjas por lá. Há muito o que descobrir”, disse Muricy ao jornal O Globo.

 

O grupo de Poríferos do Museu Nacional também estuda as esponjas como forma de medir a poluição do litoral. Como elas filtram a água do mar, funcionam como indicadoras do impacto da poluição. Para se ter uma idéia, na Baía de Guanabara quase não há mais esponjas ou os ecossistemas associados a elas, como algas, ouriços, anêmonas, estrelas-do-mar.

 

A reportagem de O Globo aborda ainda a contribuição das esponjas no estudo das células-tronco. O chefe do Laboratório de Proliferação e Diferenciação Celular da UFRJ, Radovan Borojevic, também Cientista do Nosso Estado, estudou os poríferos na sua tese de doutorado. Ele explicou ao jornal que as esponjas podem se regenerar por toda a vida porque dispõem de um estoque considerável de células equivalentes às células-tronco humanas. “Seu estudo é importante para a compreensão de mecanismos básicos da diferenciação celular”, completou.

 

Os poríferos surgiram na Terra há mais de 500 milhões de anos, e vêm sobrevivendo desde então. Como não se movem, para evitar predadores elas dependem de armas biológicas naturais. Estas substâncias são extremamente úteis para a farmacologia. “O primeiro agente antiviral contra herpes foi isolado de uma esponja. Estão em testes remédios contra câncer, malária e antibióticos baseados nesses animais. Seu esqueleto de sílica inspirou novas estratégias para design de fibra ótica e semicondutores. Borojevic frisa que se investiga a chance de produzir um chip de sílica de esponja”, diz a reportagem.

 

As esponjas são os animais multicelulares mais simples do mundo. Por serem tão antigas, puderam se diferenciar em pelo menos 10 mil espécies, com diferentes combinações de cor, forma, textura e tamanho, de poucos centímetros a alguns metros.

 

Para conhecer melhor o trabalho o Laboratório de Poríferos acesse o site Porífera Brasil, em http://acd.ufrj.br/labpor.

 

 

 

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