Uma pesquisa pioneira sobre o consumo de drogas no Estado do Rio de Janeiro acaba de lançar novas luzes sobre as principais razões que levariam jovens ao vício. O resultado da pesquisa aponta a família próxima como a principal influência entre os dependentes de drogas. Sob a coordenação da psiquiatra da UFRJ Ana Cristina Saad, pesquisadores da universidade e da Fundação Oswaldo Cruz passaram cerca de 12 meses estudando dados relacionados a atendimentos realizados pelo Conselho Estadual Antidrogas do Rio (Cead) entre os anos de 1999 e 2004. A pesquisa foi conduzida com o apoio da FAPERJ.
Ao longo dos cinco anos, o Cead atendeu 13.352 pessoas. Com a ajuda de psicólogos e assistentes sociais do conselho, os pesquisadores estudaram o prontuário de 3.672 dependentes. Dos 1.971 casos envolvendo dependentes do sexo masculino, 73% confirmaram ter sofrido influência de algum integrante da família. Entre as mulheres (1.701), a presença de consumidores de drogas no seio da família influiu ainda mais na decisão de experimentar e, conseqüentemente, criar uma dependência. Foi o que disseram 83% delas ao procurar o Cead.
Tanto para os homens como para as mulheres, a figura do pai aparece como a principal influência no caminho em direção ao vício. Para os homens, o exemplo paterno teria influenciado 48,7% deles; entre as mulheres, esse percentual caiu para cerca de 45%.
O relatório final, a ser apresentado nos próximos dias, poderá reorientar as políticas públicas voltadas para o tratamento de drogados no Estado do Rio. Doravante, a família deverá receber maior atenção no momento em que o dependente procurar por auxílio, devendo participar de forma mais efetiva de reuniões e palestras sobre o assunto.
A pesquisadora da Fiocruz Márcia Carvalho, que também participou da coordenação da pesquisa, acredita que a família, da mesma forma em que influencia negativamente seus integrantes na questão da dependência das drogas, tem papel fundamental para ajudá-los a deixar o vício. “Os familiares têm de participar desse processo. Grande parte desses jovens ainda vive com os pais e pode receber ajuda deles”, acredita.
A pesquisa revelou que 79,5% dos dependentes vivem sob o mesmo teto que os pais. Entre as mulheres, 83% afirmaram ter histórico familiar de dependência química. Entre os homens, 73%. Daqueles que procuraram o Cead no referida período, pouco menos de 63% estavam desempregados, e apenas 62% haviam concluído o ensino fundamental.
Dados recolhidos pelos pesquisadores mostraram ainda que entre os dependentes, as preferências ficam, pela ordem, com o álcool, a cocaína e a maconha. O álcool aparece como a droga preferida de 55% dos homens e de 47,8% das mulheres.
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