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Publicado em: 25/11/2021
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Pesquisadores descobrem efeitos de planta da Amazônia contra o novo coronavírus

Débora Motta

A partir da esq.: Gilda, Carla e Suzana, no IPPN/UFRJ, junto
ao equipamento de cromatografia contracorrente, onde
foram feitas as separações e purificados os flavonoides da 
planta com ação contra a Covid-19 (Foto: Divulgação)

Uma planta encontrada na Amazônia pode se tornar uma aliada no combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2). Com o nome científico Siparuna cristata, a espécie (da mesma família daquela popularmente conhecida como limão-bravo) começou a ser investigada inicialmente por ter propriedades contra a gripe, em estudo coordenado pela pesquisadora Gilda Guimarães Leitão, do Instituto de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IPPN/UFRJ), e por Suzana Guimarães Leitão, docente da Faculdade de Farmácia da UFRJ. Na instituição, Suzana coordena o Laboratório de Fitoquímica e Farmacognosia, voltado ao estudo de plantas da biodiversidade brasileira. “Em estudo anterior do nosso grupo de pesquisa, confirmamos que o extrato em diclorometano da Siparuna cristata, uma planta medicinal reconhecida pela sabedoria popular no tratamento de gripes e resfriados, apresenta atividade anti-Influenza. Assim, passamos a investigar também os efeitos da planta contra o novo coronavírus. Devido à situação emergencial da Covid-19, a busca por substâncias anti-SARS-CoV-2 é fundamental para a saúde pública”, justificou Suzana, que vem realizando seus projetos com apoio da FAPERJ, por meio do programa Cientista do Nosso Estado.

O estudo teve como resultado a recente publicação de um artigo na revista científica Brazilian Journal of Pharmacognosy, intitulado "Flavonoids from Siparuna cristata as Potential Inhibitors of SARS‑CoV‑2 Replication" (https://link.springer.com/article/10.1007%2Fs43450-021-00162-5). Em colaboração com as pesquisadoras Milene Miranda e Marilda Siqueira —  ambas do Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) e coautoras do artigo —, elas investigam as propriedades de flavonoides (compostos bioativos com propriedades antioxidantes, antivirais, antibacterianas e anti-inflamatórias) presentes nos extratos da planta amazônica. Dois flavonoides (kumatakenina e a retusina) demonstraram uma promissora capacidade de inibir a replicação in vitro do coronavírus (SARS-CoV-2).

No Laboratório de Vírus Respiratórios e Sarampo do IOC, foram realizados os ensaios antivirais, usando dois modelos de células diferentes, a Vero (célula de rim de macaco) e a Calu-3 (modelo celular de pneumócito humano). Os flavonoides retusina e a kumatakenina foram capazes de inibir a replicação do vírus SARS-CoV-2 nos modelos celulares, com resultados mais expressivos que aqueles obtidos nos ensaios comparativos realizados com os medicamentos que vêm sendo testados por grupos de pesquisa internacionais em casos de infecções por coronavírus (a combinação de lopinavir e ritonavir).

"A retusina foi a molécula com melhor desempenho em nosso ensaio antiviral in vitro. Comparando esta molécula com a combinação Lopinavir/ritonavir, inibidores da protease viral, o resultado foi superior nas células Vero em mais de 1200 vezes e na Calu-3 em mais de 400 vezes", disse Milene. “Esses resultados mostram a relevância dos estudos de bioprospecção da nossa biodiversidade para a busca de potenciais novos fármacos", completou Suzana.

Detalhe da retusina em pó: o
flavonoide se destacou pela sua
capacidade de inibir, in vitro, a
replicação 
do novo coronavírus 

Os flavonoides foram isolados pela doutoranda Carla Monteiro Leal, do Programa de Biotecnologia Vegetal da UFRJ, no Laboratório de Fitoquímica e Cromatografia Contracorrente, coordenado por Gilda Guimarães Leitão, no Instituto de Pesquisas de Produtos Naturais Walter Mors (IPPN/UFRJ). “Usamos a cromatografia contracorrente, técnica muito empregada para separação e purificação na indústria farmacêutica. Por cromatografia líquida e análise de espectrometria de massas, descobrimos a composição química detalhada dos extratos da planta”, contou Gilda.

O grupo contou, ainda, com a colaboração da química Manuela Leal da Silva, do Instituto de Biodiversidade e Sustentabilidade Nupem/UFRJ, em Macaé, e seus alunos de pós-graduação do PPGMCF/UFRJ e do PGBCS/IOC/Fiocruz, para a realização de estudos in sílico, que revelaram os flavonoides como possíveis inibidores das proteases de SARS-CoV-2, e da farmacêutica Rosineide Costa Simas, especialista em espectrometria de massas e professora visitante na Faculdade de Farmácia entre 2017 e 2019.

Trata-se de um resultado promissor, que precisa de continuidade para chegar à etapa de ensaios clínicos. “Precisamos de mais estudos, incluindo testes toxicológicos, para avançar para a realização de ensaios clínicos, com pessoas. Sabemos do potencial da biodiversidade brasileira. O Brasil é detentor de uma das mais importantes biodiversidades do mundo e queremos dar continuidade a esse projeto. O estudo coloca em nosso horizonte a possibilidade de aplicação de flavonoides metilados, como a retusina, para o desenvolvimento de uma terapia antiviral no tratamento de Covid-19”, concluiu Suzana.

Assinam o artigo: Carla Monteiro Leal, Suzana Guimarães Leitão, Romain Sausset, Simony C. Mendonça, Pedro H. A. Nascimento, Caio Felipe de Araujo R. Cheohen, Maria Eduarda A. Esteves, Manuela Leal da Silva, Tayssa Santos Gondim, Maria Eduarda S. Monteiro, Amanda Resende Tucci, Natália Fintelman‑Rodrigues, Marilda M. Siqueira, Milene Dias Miranda, Fernanda N. Costa, Rosineide C. Simas e Gilda Guimarães Leitão.

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