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Publicado em: 10/06/2021
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Museu Nacional comemora 203 anos com chegada de novo acervo e obras de reconstrução

Débora Motta

Algumas das 27 peças do acervo greco-romano doado ao Museu
Nacional pelo diplomata e escritor Cacciatore. No Centro,
estatueta 
do deus Baco (Imagens: Caio Caldara/UFRJ)  

O Museu Nacional, a mais antiga instituição científica do Brasil, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN/UFRJ), completou no último domingo, dia 6 de junho, 203 anos. Como parte das atividades comemorativas, a direção do Museu anunciou em entrevista coletiva nesta quarta-feira, dia 9 de junho, a chegada de um novo acervo: uma coleção de 27 peças greco-romanas, datadas entre os séculos 550 a.C. e 550 d.C, que foram doadas pelo diplomata e escritor gaúcho Fernando Cacciatore de Garcia. O aniversário do Museu também será celebrado ao longo de 2021 com a inauguração de parte das obras de reconstrução, necessárias após o incêndio ocorrido em setembro de 2018, como os serviços nos bens integrados do Paço e Jardim das Princesas e a reforma da Biblioteca Central. 

O diretor do Museu Nacional, Alexander Kellner, destacou que a chegada da coleção greco-romana e o avanço das obras reafirmam o comprometimento institucional no projeto Museu Nacional Vive!. “Não só comemoramos o aniversário do Museu, como vemos a união entre diversos segmentos da sociedade em prol de um projeto maior, que é o de recuperar, reconstruir e adequar a nossa instituição para devolvê-la o quanto antes à sociedade brasileira”, disse Kellner, que vem realizando seus projetos de pesquisa por meio do programa Cientista do Nosso Estado, da FAPERJ.  

O projeto de reconstrução do Museu envolve diversas parcerias, incluindo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o Instituto Cultural Vale, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Bradesco, o Ministério da Educação (MEC), a Bancada Federal do Rio de Janeiro, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e o Governo Federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, além do Governo Federal da Alemanha e do Instituto Goethe. Pouco após o incêndio de 2018, a FAPERJ lançou a chamada Apoio Emergencial ao Museu Nacional, visando garantir que importantes estudos realizados pelos diversos departamentos de pesquisa do Museu e que eram realizadas à época, não fossem interrompidas. “A doação do acervo greco-romano pelo ministro Cacciatore é um exemplo de como pessoas físicas também podem ajudar no processo de reconstrução do Museu”, completou o paleontólogo. Doações individuais podem ser realizadas pelo site do Projeto Museu Nacional Vive.

A reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, destacou a importância desse esforço de reconstrução coletivo. “Celebramos esta data com muita alegria, pois são 203 anos de vida e compromisso com a produção científica e a formação cultural do povo brasileiro. Em conjunto com toda a comunidade da UFRJ e os parceiros nacionais e internacionais, temos a certeza de que vamos reconstruir essa joia e devolver à sociedade o nosso mais antigo museu de história natural", apontou. Ela ressaltou a força da comunidade acadêmica em meio à pandemia causada pelo novo coronavírus. “No ano passado, a UFRJ completou cem anos se reinventando, trabalhando remotamente, diante dos desafios impostos pela pandemia. A união nos traz muita força e determinação porque acreditamos que o Brasil, um país em construção, pode ser muito melhor e mais independente no futuro”, ponderou.

O acervo greco-romano: tesouro da Antiguidade

A coleção greco-romana, estimada em cerca de R$ 1 milhão, reúne peças em mármore, cerâmica, vidro, bronze, prata e terracota, com relevante valor histórico e científico. A peça mais antiga (550 a.C.) é um tijolo arquitetônico que ornamentava um templo na Grécia Oriental, território que, atualmente, pertence à Turquia. A mais recente é um copo de vidro ainda transparente e com design absolutamente contemporâneo que data de 550 d.C. “A coleção cobre mil anos da história da Antiguidade Clássica. Conscientemente, escolhemos exemplos dos três estilos da arte no período: o Arcaico, o Clássico e o Helenístico”, contextualizou o doador da coleção, Fernando Cacciatore de Garcia.

Kellner destaca a importância do esforço coletivo para a
reconstrução do Museu Nacional (Foto: Divulgação/UFRJ)

Ele contou a história da coleção. “Sou de uma família em Porto Alegre profundamente ligada à cultura. Quando era criança e me mudei para o Rio de Janeiro, fiquei impressionado com o Museu Imperial, porque ali havia vivido o Rei. É isso que um Palácio deve fazer: impressionar. Daí surgiu minha ligação afetiva com o Museu Nacional”, lembrou. Apaixonado por Artes e Cultura Clássica, ele reuniu ao longo de sua carreira como diplomata diversas peças garimpadas em acervos de Paris, Amsterdã, Nova York, Londres e outras cidades ao redor do mundo. “Um museu é composto principalmente pelo seu acervo, e o Museu merece essa doação, que é um elo da identidade do Brasil com a Antiguidade Clássica”, afirmou Cacciatore.     

O arqueólogo Pedro Von Seenhausen, membro da equipe de Resgate de Acervos do Museu Nacional e doutorando em Arqueologia pelo Programa de Pós-Graduação em Arqueologia do Museu Nacional/UFRJ com financiamento da FAPERJ, elogiou a pluralidade da coleção. “A coleção ministro Cacciatore de Garcia é magnífica, apesar de pequena, porque tem o mérito de apresentar uma diversidade geográfica e cronológica, com diferentes peças desde o período Arcaico, que é o período da consolidação das cidades-Estados na Grécia, a exemplo do tijolo ornamental de um templo que mostra um cavaleiro na Turquia Oriental (550 a.C), ou ainda peças do período romano, como o busto de um Patrício (III d.C.), a estatueta em mármore representando o deus Baco jovem (entre I a.C. a I d.C.) e a estatueta em bronze do deus Lares (entre I e III d.C.), associado ao culto doméstico”, citou.

Por sua vez, o professor Marcos André Torres de Souza, curador da Arqueologia do Museu Nacional, agradeceu a doação. “As peças têm um valor cultural inestimável e muito irão acrescentar ao nosso acervo. A obtenção de novas coleções, no processo de reconstrução do Museu, é um desafio”, disse. Ele lembrou que a Arqueologia do Museu Nacional está relacionada à formação de recursos humanos em nível de graduação e pós-graduação e ao incentivo à pesquisa e à Divulgação Científica. “Nossos alunos vão poder estudar essa coleção, aprofundar o conhecimento sobre a Antiguidade, e ela vai se integrar à nossa exposição, que será anunciada ao público assim que possível, respeitando as condições sanitárias exigidas pela pandemia”, explicou. 

As obras de reconstrução do Museu prosseguem e a previsão é que, no mês de julho, sejam finalizados os trabalhos de higienização e proteção dos bens integrados do Paço de São Cristóvão e do Jardim das Princesas. Já em agosto, terão início as obras nas fachadas e coberturas do Bloco 1 (histórico) do Paço. Ainda no segundo semestre deste ano, começarão as obras nos jardins históricos e o desenvolvimento do projeto de Museografia. Em novembro, a expectativa é que termine a reforma da Biblioteca Central do Museu Nacional/UFRJ, uma das mais importantes do Brasil, com um acervo de 500 mil livros, sendo 1.500 peças raras. 

Participaram da coletiva ainda a diretora e representante da Unesco no Brasil, Marlova Noleto; o vice-presidente executivo de Relações Institucionais e Comunicação da Vale e presidente do Painel de Especialistas do Instituto Cultural Vale, Luiz Eduardo Osorio; o superintendente de Gestão Pública e Socioambiental do BNDES, Júlio Costa Leite; e a superintendente executiva de Marketing do Bradesco, Natália Garcia.

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