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Publicado em: 08/04/2021
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Empresas juniores criadas por alunos do IFF levam tecnologia a cafeicultores fluminenses

Paula Guatimosim

Pequenos produtores em 13 municípios da região Noroeste Fluminense
 
respondem por 71% do café produzido no estado (Fonte: CCCRJ)

Responsável por 71% da produção de café do estado do Rio de Janeiro, segundo o Sebrae-RJ – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –, a região Noroeste Fluminense reúne 1.200 famílias de pequenos produtores que se dedicam à cafeicultura. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Centro do Comércio do Café do Rio de Janeiro (CCCRJ) indicam que as propriedades têm área média de 50 hectares, dos quais os cafeicultores destinam cerca de 10 ha para o cultivo do café, predominantemente da variedade arábica. Apesar de ser reconhecida pela qualidade do café que produz, a região enfrenta uma dificuldade, comum aos pequenos produtores: a falta de padrão no processo de torrefação do café.

A fim de solucionar esse problema e melhorar a renda dos cafeicultores fluminenses, três empresas juniores de alunos do Instituto Federal Fluminense (IFF) estão desenvolvendo um projeto de inovação que pretende padronizar o processo da torra de café. Conduzido pelas empresas AlQualis, Aurea e Lignum, que receberam recursos do programa Apoio às Empresas Juniores no Estado do Rio de Janeiro, da FAPERJ, o projeto foi batizado de InovaGrão. Para desenvolverem um dispositivo de torrefação mais eficaz e menos poluente a partir da utilização de tecnologia e de estudos práticos, as empresas contarão com o apoio da Unidade EMBRAPII em Tecnologias para Produção Mais Limpa e do Polo de Inovação Campos dos Goytacazes. O projeto deverá impactar toda a cadeia produtiva do segmento do café por meio da gestão de inovação, beneficiando as famílias que trabalham nesse setor, seja na produção ou na comercialização.

Professores do IFF, orientadores das três empresas juniores, foram os responsáveis pela apresentação do projeto: desenvolver uma tecnologia que permita a reprodutibilidade da torra do café, ou seja, possibilitar a torra num padrão que possa ser reproduzido. Cada uma das empresas levará sua expertise à execução do projeto: a AlQualis atuará na capacitação técnica dos parceiros, oferecerá aos produtores resultados de análises física e sensorial de cafés, orientará os processos de torra em busca de um produto de alto padrão de qualidade, e desenvolverá projetos de acompanhamento de produtores rurais que estejam em busca de melhorias em sua produtividade e na qualidade do produto. Além de adquirir os equipamentos para prestar os serviços à cadeia produtiva do café, a AlQualis irá montar um laboratório para análises e realização de oficinas, minicursos e workshops, que serão abertos à população, difundindo o consumo de cafés de qualidade na comunidade.

O projeto InovaGrão pretende difundir informações
que ajudem a melhorar a produção e a  
qualidade de vida dos cafeicultores
(Fotos: IFF)

Fundada por estudantes do curso de Ciência e Tecnologia de Alimentos do campus Bom Jesus do Itabapoana do IFF, a AlQualis possui um diferencial: desde sua criação é presidida exclusivamente por mulheres. Atualmente a empresa é composta por 14 membros, dos quais 12 são mulheres, todos formados em Ciência e Tecnologia de Alimentos, a maioria com curso técnico na área. A empresa oferece consultoria na área de alimentos, como na elaboração de processos padronizados, manual de boas práticas de fabricação, análise de mercado, layout de fábrica, testes de aceitação, entre outros serviços. Segundo a atual presidente da AlQualis, Maria Barbatho, em Bom Jesus do Itabapoana e municípios vizinhos existe uma grande demanda de empresas que querem melhorar seus processos produtivos, mas não sabem como. “Por mais que a gente tente difundir as tecnologias, nem sempre as pequenas torrefações têm acesso a essas informações”, justifica Maria. Segundo ela, apesar de o mercado de café não ser muito exigente, quando o produtor oferece um padrão de qualidade, atrai um público consumidor ou até mesmo uma empresa empacotadora que garanta a compra daquele café. “Pretendemos auxiliar na difusão de informações e tecnologias que ajudem a melhorar a produção e a qualidade de vida desses produtores”, diz Maria. Ela conta que o projeto do café foi iniciado em 2020, num momento de muitas dificuldades devido à pandemia do novo coronavírus, mas que este ano a empresa já vem conseguindo abordar mais produtores e empresas e acompanhar o desenvolvimento da região.

Responsável pela redução do impacto ambiental no InovaGrão, a Lignum irá garantir a sustentabilidade do projeto de torrefação do café com os menores impactos ambientais. A empresa júnior começou a dar seus primeiros passos em 2016, quando concentrou esforços para se filiar à Federação de Empresas Juniores do Estado do Rio de Janeiro (Rio Junior). Hoje, oferece serviços na área de consultoria ambiental, como licenciamento ambiental, plano de recuperação de áreas degradadas, plano de gerenciamento de resíduos sólidos e plano de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde, cadastro ambiental rural, educação ambiental e relatórios técnicos ambientais, entre outros. De acordo com José Arthur Dutra, diretor-presidente da empresa, em tempos de pandemia, os produtos mais procurados foram os planos de gerenciamento de resíduos sólidos e de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. A empresa também oferece um “combo” composto por horta vertical contendo 12 mudas de hortaliças escolhidas pelo cliente e uma composteira com substrato, minhocas e terra. Composta por 16 integrantes, todos cursando bacharelado em Engenharia Ambiental, e alguns, assim como Arthur, com curso técnico em meio ambiente, a Lignum está com processo seletivo em andamento e até maio deverá expandir seu quadro de colaboradores.

Maria Barbatho, da AlQualis, à frente do torrefador de
café que ajudará os produtores a obterem um padrão 

Também concebida há cinco anos como empresa júnior do IFF, a Aurea Soluções e Projetos atua no segmento da Engenharia e atualmente oferece quatro cursos na área: Engenharia Elétrica, Engenharia de Automação, Engenharia de Computação e Arquitetura. No projeto InovaGrão, a empresa utilizará recursos da Engenharia Elétrica para desenvolver dispositivos e sensores para o controle de dados e o ponto ideal da torra do café, e aplicará as tecnologias das engenharias de computação, de automação e mecânica.

Focada no trabalho em rede com empresas da Rio Junior, desde 2019 a Aurea vem alcançando suas metas e apresentando crescimento exponencial, mesmo após o atípico ano de 2020, que testou a capacidade de adaptação das empresas. Esse desempenho rendeu à empresa júnior prêmios estaduais e o reconhecimento como empresa "Bi Impacto", ou seja, uma empresa júnior capaz de bater todas as suas metas anuais em dois anos consecutivos. Apesar disso, Daniel Fonseca, diretor da empresa, considera que a Aurea ainda não trabalha com inovação em larga escala, mas está em pleno processo de aprendizagem. “Fazer parte da rede Rio Junior vem sendo muito interessante porque estamos tendo contato com outras importantes áreas interdisciplinares que enriquecem nosso conhecimento”, afirma Daniel. 

Com um quadro de 32 colaboradores, a empresa tem uma oferta de serviços variada, devido aos quatro cursos que oferece. São soluções na área da arquitetura, como projetos arquitetônicos e design de interiores; no setor de engenharia de automação, como controle de acesso e business intelligence; e na engenharia da computação, com o desenvolvimento de sistemas de e-commerce, websites e aplicativos. Além da elaboração de projetos elétricos, na área de engenharia elétrica, a Aurea vem oferecendo serviços inovadores como a análise tarifária e a avaliação da eficiência energética.

Daniel Fonseca (E), da Aurea, e José Arthur Dutra, da Lignum, cuidarão
das áreas de Engenharia e Meio Ambiente do projeto, respectivamente

Coordenador da mentoria da AlQualis, o professor do IFF em Bom Jesus do Itabapoana Daniel Coelho explica que o pequeno produtor fluminense enfrenta várias dificuldades, como escassez de mão de obra, aumento no preço dos insumos e dificuldade de gestão da propriedade. “Muitas vezes o cafeicultor pode perder toda uma safra se a torra do café não for bem feita”, esclarece. Segundo Coelho, o mercado quer essa garantia de qualidade e padrão. O objetivo é orientar o produtor e apresentar o sistema de automação para buscar um padrão, dificuldade que a maioria das torrefações enfrentam. “Se você torra um café pela manhã, e à tarde, quando vai torrar uma segunda quantidade, estiver chovendo e mais frio, o resultado será diferente do primeiro. Eliminar esse gargalo decorrente dessas variações ambientais pode mudar a vida dessas famílias”, explica.

As três empresas envolvidas no projeto foram destaque em 10 categorias no Prêmio RioJunior, organizado pela Federação de Empresas Juniores do Estado do Rio de Janeiro. A AlQualis, a Aurea e a Lignum conquistaram, respectivamente, os prêmios de Alto Crescimento, EJ Conectada e EJ Impacto. A fim de complementar o orçamento do projeto InovaGrão e viabilizar a aquisição de equipamentos, as empresas lançaram uma campanha colaborativa na plataforma abacashi.com, onde pretendem arrecadar recursos. Para colaborar, acesse https://abacashi.com/p/projeto-inovagrao.

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